Contratado pela UFSC em julho de 1989, perdi por alguns meses a famosa urp, concedida a quem ingressou at\u00e9 o in\u00edcio do mesmo ano. As previs\u00f5es eram de que em breve todos ganhar\u00edamos aquele aumento, pois realizando o mesmo trabalho que nossos colegas felizardos, faz\u00edamos jus \u00e0 mesma retribui\u00e7\u00e3o. Tudo era quest\u00e3o de tempo, de mobiliza\u00e7\u00e3o e de paci\u00eancia. Cabe lembrar que na mobiliza\u00e7\u00e3o participaram tamb\u00e9m alguns dos colegas aquinhoados com o aumento.\u00a0<\/p>\n
Nas reuni\u00f5es dos \u201cdesurpados\u201d, sob a lideran\u00e7a da Apufsc, surgiram v\u00e1rias propostas. Uma delas foi: se recebemos 26% a menos, vamos reduzir nosso trabalho na mesma propor\u00e7\u00e3o. Essa e outras sugest\u00f5es foram descartadas por invi\u00e1veis ou at\u00e9 ilegais. Por\u00e9m, trabalhar igual aos outros colegas e receber menos, \u00e9 legal? \u00c9 justo?…\u00a0<\/p>\n
Conforme o tempo passava, a esperan\u00e7a diminu\u00edad+ at\u00e9 que acabamos tirando o cavalo da chuva. No calor do debate e ante o insucesso das tentativas, me ocorreu uma proposta que muitos achariam, e talvez achem, maluca. Os professores beneficiados com o aumento n\u00e3o iriam se conformar. Assim, para remediar de alguma maneira a injusti\u00e7a, eles abririam m\u00e3o do que recebiam a mais. O montante iria para um fundo comum, a ser distribu\u00eddo em partes iguais a todos. \u00c9 verdade que conforme ingressassem novos professores a fatia de cada um diminuiria, mas n\u00e3o o gesto dos docentes da UFSC, exemplo de solidariedade para o Brasil e para o mundo.\u00a0<\/p>\n
Sei que sonhar em tamanha generosidade, numa \u00e9poca em que prima a lei de salve-se quem puder, \u00e9 apenas isso: um sonho (\u201c… y los sue\u00f1os, sue\u00f1os son\u201d). No entanto, h\u00e1 colegas que justificam a injusti\u00e7a com argumentos parecidos aos que usam os ricos em rela\u00e7\u00e3o aos pobres: eles j\u00e1 se acostumaram…\u00a0<\/p>\n
Gostaria de salientar, por outro lado, que nem por isso fico contente com a perda sofrida recentemente pelos colegas. Nivelar por baixo n\u00e3o \u00e9 a solu\u00e7\u00e3o. Considero-me vacinado contra o pecado capital da inveja, definida como: \u201ctristeza do bem de outrem\u201d. Tripudiar sobre a perda de um bem que n\u00e3o redunda em proveito meu, seria sintoma de doen\u00e7a mental. Tor\u00e7o para que os \u201cnovos desurpados\u201d sequer tenham que tirar o cavalo da chuva…\u00a0<\/p>\n
Enquanto isso, a redu\u00e7\u00e3o nos vencimentos, mesmo por pouco tempo, ajudar\u00e1 para compreenderem o que significa acostumar-se.<\/p>\n
Celebrarei o restabelecimento da URP a quem j\u00e1 recebia. Mas, a minha alegria s\u00f3 ser\u00e1 completa quando todos sairmos desse saco em que agora estamos e entremos noutro: URP para todos! J\u00e1 que o milagre da partilha nem sequer foi cogitado, talvez o da isonomia salarial d\u00ea certo. Invoquemos o novo santo brasileiro, Frei Galv\u00e3od+ pode ser que desta vez santo de casa fa\u00e7a o milagre.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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