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{"id":73341,"date":"2024-08-23T14:01:14","date_gmt":"2024-08-23T17:01:14","guid":{"rendered":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/?p=73341"},"modified":"2024-08-26T08:50:42","modified_gmt":"2024-08-26T11:50:42","slug":"pesquisas-da-ufsc-analisam-uso-de-aguas-termais-em-tratamentos-pelo-sus","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/2024\/08\/23\/pesquisas-da-ufsc-analisam-uso-de-aguas-termais-em-tratamentos-pelo-sus\/","title":{"rendered":"Pesquisas da UFSC analisam uso de \u00e1guas termais em tratamentos pelo SUS"},"content":{"rendered":"\n

Terapia alivia dores cr\u00f4nicas, melhora da circula\u00e7\u00e3o sangu\u00ednea, reduz o estresse, trata doen\u00e7as dermatol\u00f3gicas e reumatol\u00f3gicas<\/strong><\/em><\/p>\n\n\n\n

O termalismo ou balneoterapia refere-se ao uso terap\u00eautico de \u00e1guas termais e minerais e seus derivados. Quando o acesso a esses tratamentos ocorre por meio de um servi\u00e7o de sa\u00fade p\u00fablica ou de seguridade social, com o intuito de promover bem-estar e tratar diversas condi\u00e7\u00f5es de sa\u00fade, a atividade recebe o nome de termalismo social. Algumas pesquisas desenvolvidas no Programa de P\u00f3s-Gradua\u00e7\u00e3o em Sa\u00fade Coletiva (PPGSC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) abordam as potencialidades da inser\u00e7\u00e3o dessa pr\u00e1tica no Sistema \u00danico de Sa\u00fade (SUS).<\/p>\n\n\n\n

As \u00e1guas minero-medicinais se diferenciam das \u00e1guas comuns por apresentarem caracter\u00edsticas f\u00edsico-qu\u00edmicas com potencial terap\u00eautico. Entre as modalidades disponibilizadas est\u00e3o os banhos termais, duchas, massagens, inala\u00e7\u00f5es de vapores de \u00e1gua termal, aplica\u00e7\u00e3o de lamas e exerc\u00edcios aqu\u00e1ticos. Os benef\u00edcios associados a esta pr\u00e1tica incluem al\u00edvio de dores cr\u00f4nicas, melhora da circula\u00e7\u00e3o sangu\u00ednea, redu\u00e7\u00e3o do estresse, tratamento de doen\u00e7as dermatol\u00f3gicas e reumatol\u00f3gicas, al\u00e9m de reabilita\u00e7\u00e3o com evolu\u00e7\u00e3o na mobilidade e na qualidade de vida geral dos pacientes.<\/p>\n\n\n\n

Diante de tantos proveitos, a incorpora\u00e7\u00e3o dessa linha de tratamento no SUS tornou-se realidade em algumas locais. No entanto, conforme avalia o professor Fernando Hellmann<\/a>, do Departamento de Sa\u00fade P\u00fablica da UFSC, a integra\u00e7\u00e3o do termalismo social ao sistema de sa\u00fade ainda \u00e9 limitada, contando apenas com poucas iniciativas locais. \u201cN\u00e3o h\u00e1 um financiamento p\u00fablico espec\u00edfico e ainda existe desconhecimento dos benef\u00edcios potenciais desta pr\u00e1tica no sistema p\u00fablico\u201d, afirma Hellmann.<\/p>\n\n\n\n

Em algumas localidades, o servi\u00e7o \u00e9 oferecido pelo SUS como parte de tratamentos. A popula\u00e7\u00e3o pode acess\u00e1-lo por meio de programas espec\u00edficos, oferecidos em est\u00e2ncias termais e geralmente ofertados pelos munic\u00edpios. Nos lugares onde o servi\u00e7o \u00e9 prestado, ele pode ser feito por meio de encaminhamento m\u00e9dico atrav\u00e9s do SUS ou diretamente nas cl\u00ednicas e balne\u00e1rios que oferecem tratamentos termais de forma privada.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Hellmann, o termalismo n\u00e3o depende necessariamente de uma fonte termal, mas sim do potencial terap\u00eautico das \u00e1guas e seus derivados. Assim, o Brasil tem um grande potencial para esta pr\u00e1tica. Embora o termalismo seja uma terapia que pode beneficiar todas as idades, o principal p\u00fablico-alvo s\u00e3o os mais idosos. \u00c9 nesta faixa et\u00e1ria que se encontram a maior parte dos pacientes com condi\u00e7\u00f5es cr\u00f4nicas, doen\u00e7as reum\u00e1ticas, al\u00e9m de pessoas que necessitam de reabilita\u00e7\u00e3o f\u00edsica.<\/p>\n\n\n\n

O termalismo no Brasil<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

No Brasil, o termalismo associado \u00e0 sa\u00fade e \u00e0 medicina remonta ao per\u00edodo colonial, quando as propriedades terap\u00eauticas das \u00e1guas termais come\u00e7aram a ser exploradas. Um marco hist\u00f3rico ocorreu em 1818, ano em que Dom Jo\u00e3o VI, ap\u00f3s transferir a corte portuguesa para o territ\u00f3rio brasileiro, ordenou a constru\u00e7\u00e3o de um hospital termal em Caldas da Imperatriz, no munic\u00edpio de Santo Amaro da Imperatriz, em Santa Catarina. A obra foi inspirada no modelo de Caldas da Rainha em Portugal, fundado em 1485 pela rainha Leonor de Avis.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com o professor Hellmann, a populariza\u00e7\u00e3o desta pr\u00e1tica nacionalmente aconteceu, sobretudo, na primeira metade do s\u00e9culo XX, com o desenvolvimento de est\u00e2ncias hidrominerais e funda\u00e7\u00f5es de cidades nos arredores das termas, em v\u00e1rios estados brasileiros. \u201cPor\u00e9m, com o avan\u00e7o da ci\u00eancia farmac\u00eautica e a proibi\u00e7\u00e3o de cassinos no Brasil, os quais eram numerosos nas termas, o termalismo perdeu sua popularidade. Uma mudan\u00e7a significativa foi com a Pol\u00edtica Nacional de Pr\u00e1ticas Integrativas e Complementares no SUS, quando o conceito de termalismo social ganhou maior for\u00e7a, a partir de 2006\u201d, destaca o docente.<\/p>\n\n\n\n

Atualmente, as principais termas do pa\u00eds, descreve Hellmann, est\u00e3o localizadas nos munic\u00edpios de Santo Amaro da Imperatriz, Irine\u00f3polis, Gravatal e Piratuba, em Santa Catarina; \u00c1guas de Lind\u00f3ia e \u00c1guas de S\u00e3o Pedro, em S\u00e3o Paulo; Caldas Novas, em Goi\u00e1s; Po\u00e7os de Caldas, Arax\u00e1, Caxambu e S\u00e3o Louren\u00e7o, em Minas Gerais; Machadinho e Ira\u00ed, no Rio Grande do Sul; e Itaipul\u00e2ndia, no Paran\u00e1. Outras localidades de Santa Catarina, como Quilombo, Palmitos, Ouro, Tubar\u00e3o, Santa Rosa de Lima e S\u00e3o Jo\u00e3o do Sul, merecem destaque por seu potencial.<\/p>\n\n\n\n

Pesquisas da P\u00f3s em Sa\u00fade Coletiva<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

No momento, o Programa de P\u00f3s-Gradua\u00e7\u00e3o em Sa\u00fade Coletiva da UFSC tem em curso uma parceria com o Cons\u00f3rcio Acad\u00eamico Brasileiro de Sa\u00fade Integrativa e a Universidade de P\u00e1dua, na It\u00e1lia, para a elabora\u00e7\u00e3o do mapa de evid\u00eancias cient\u00edficas em termalismo com objetivo de fomentar pol\u00edticas p\u00fablicas. O professor Fernando Hellmann est\u00e1 orientando uma pesquisa de doutorado da estudante Tatiana Leite M\u00fcller, em um estudo sobre as diretrizes, protocolos e fluxos necess\u00e1rios para a pr\u00e1tica do termalismo social no SUS. Este ano, Tatiana fez est\u00e1gio-sandu\u00edche na C\u00e1tedra de Hidrologia M\u00e9dica da Universidade Complutense de Madrid, na Espanha.<\/p>\n\n\n\n

Outro trabalho orientado por Hellmann foi a disserta\u00e7\u00e3o An\u00e1lise comparada do termalismo social nos sistemas de sa\u00fade europeus: contribui\u00e7\u00f5es para o SUS<\/em>, de autoria de Nat\u00e1lia Nair Soares. A pesquisa buscou comparar a inser\u00e7\u00e3o do termalismo social nos sistemas de sa\u00fade da Espanha, Fran\u00e7a, It\u00e1lia e Portugal, por meio dos componentes como acesso e cobertura, financiamento, for\u00e7a de trabalho, insumos e t\u00e9cnicas, organiza\u00e7\u00e3o, regula\u00e7\u00e3o, rede de servi\u00e7os e presta\u00e7\u00e3o de servi\u00e7os, entre outros.<\/p>\n\n\n\n

No trabalho, Nat\u00e1lia pondera que o termalismo \u00e9 considerado um tratamento menos custoso, sendo uma alternativa economicamente vi\u00e1vel de promo\u00e7\u00e3o de sa\u00fade, que tende a evitar o excesso de consumo de f\u00e1rmacos. Como exemplo, a autora cita um estudo de impacto socioecon\u00f4mico em programas portugueses. \u201cSegundo dados deste estudo, um em cada tr\u00eas participantes reduziu a frequ\u00eancia de consultas m\u00e9dicas; mais de 40% dos participantes indicaram ter ocorrido uma diminui\u00e7\u00e3o da necessidade de terapia para as doen\u00e7as musculoesquel\u00e9ticas; 38% dos participantes diminu\u00edram o consumo de f\u00e1rmacos ap\u00f3s o tratamento termal, sendo que esta redu\u00e7\u00e3o foi maior quando o tratamento termal incidiu sobre idosos de menor idade\u201d, descreve no texto.<\/p>\n\n\n\n

Na disserta\u00e7\u00e3o, Nat\u00e1lia ressalta que o n\u00famero de dias do ciclo de tratamento termal cobertos nos sistemas analisados na Europa varia entre os pa\u00edses: Espanha, 10 a 12 dias; Fran\u00e7a, 18 dias; It\u00e1lia, 12 dias, e Portugal, 12 a 21 dias. \u201cNo Brasil, n\u00e3o h\u00e1 indica\u00e7\u00f5es espec\u00edficas. Assim, \u00e9 conveniente que o ciclo de tratamento tenha certa const\u00e2ncia, com no m\u00ednimo de nove dias, e n\u00e3o apenas dias espa\u00e7ados ou banhos unit\u00e1rios\u201d, sugere.<\/p>\n\n\n\n

Para a autora, para que a pr\u00e1tica avance no pa\u00eds \u00e9 essencial que o termalismo se desenvolva em seus aspectos cient\u00edficos, sociais, culturais e ambientais. O professor Fernando Hellmann corrobora e acredita que os desafios para a integra\u00e7\u00e3o aos servi\u00e7os de sa\u00fade p\u00fablica no Brasil s\u00e3o muitos. Eles compreendem desde a infraestrutura, passando pela necessidade de capacita\u00e7\u00e3o de profissionais de sa\u00fade e a resist\u00eancia a pr\u00e1ticas integrativas, at\u00e9 a falta de pol\u00edticas p\u00fablicas e a escassez de recursos financeiros espec\u00edficos para o termalismo.<\/p>\n\n\n\n

A infraestrutura necess\u00e1ria para o uso terap\u00eautico das termas exige instala\u00e7\u00f5es com piscinas adaptadas, equipamentos para hidroterapia, tais como inaladores termais, banheiras de hidromassagem, cabines de vapor, sauna, al\u00e9m de profissionais qualificados, como fisioterapeutas, m\u00e9dicos, enfermeiros e t\u00e9cnicos especializados. \u201cNa Fran\u00e7a, este tratamento \u00e9 coberto pelo sistema p\u00fablico de sa\u00fade. Em outros pa\u00edses, como na It\u00e1lia, parte do tratamento \u00e9 coberto. No Brasil, existem alguns programas municipais e iniciativas locais que recebem apoio governamental, mas as abrang\u00eancias estadual e nacional s\u00e3o limitadas\u201d, avalia Hellmann.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: <\/strong>Not\u00edcias da UFSC<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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