Warning: fopen(): https:// wrapper is disabled in the server configuration by allow_url_fopen=0 in /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php on line 441

Warning: fopen(https://noc4.wordfence.com/v1.11/?action=get_waf_rules&k=7f4b42f6d0f2b34d919e22d30c42172bc799e18d8610c07eaa96026e9d42919f4ae88e6526f38bd11a5387551dafedf337f258d0cf17c1ad9794a68628ea15e6&s=https%3A%2F%2Fwww.apufsc.org.br&h=https%3A%2F%2Fwww.apufsc.org.br&openssl=1&lang=pt_BR&waf_version=1.1.0&disabled=): failed to open stream: no suitable wrapper could be found in /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php on line 441

Warning: fopen(): https:// wrapper is disabled in the server configuration by allow_url_fopen=0 in /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php on line 441

Warning: fopen(https://noc4.wordfence.com/v1.11/?action=get_malware_signatures&k=7f4b42f6d0f2b34d919e22d30c42172bc799e18d8610c07eaa96026e9d42919f4ae88e6526f38bd11a5387551dafedf337f258d0cf17c1ad9794a68628ea15e6&s=https%3A%2F%2Fwww.apufsc.org.br&h=https%3A%2F%2Fwww.apufsc.org.br&openssl=1&lang=pt_BR): failed to open stream: no suitable wrapper could be found in /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php on line 441

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php:441) in /home/wwapuf/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1831

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php:441) in /home/wwapuf/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1831

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php:441) in /home/wwapuf/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1831

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php:441) in /home/wwapuf/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1831

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php:441) in /home/wwapuf/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1831

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php:441) in /home/wwapuf/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1831

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php:441) in /home/wwapuf/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1831

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/wwapuf/public_html/wp-content/plugins/wordfence/vendor/wordfence/wf-waf/src/lib/http.php:441) in /home/wwapuf/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1831
{"id":26773,"date":"2020-12-11T09:27:32","date_gmt":"2020-12-11T12:27:32","guid":{"rendered":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/?p=26773"},"modified":"2020-12-13T14:54:58","modified_gmt":"2020-12-13T17:54:58","slug":"professores-da-ufsc-relatam-as-dificuldades-do-ensino-remoto","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/2020\/12\/11\/professores-da-ufsc-relatam-as-dificuldades-do-ensino-remoto\/","title":{"rendered":"Professores da UFSC relatam as dificuldades do ensino remoto"},"content":{"rendered":"\n

Passados mais de tr\u00eas meses de ensino remoto na UFSC, a avalia\u00e7\u00e3o de muitos professores \u00e9 parecida: a experi\u00eancia foi mais positiva do que se imaginava. Foi um per\u00edodo de aprendizado e colabora\u00e7\u00e3o. Isso n\u00e3o significa que tenha sido f\u00e1cil. Pelo contr\u00e1rio. A sobrecarga de trabalho somada ao contexto de isolamento social e ao medo da pandemia fizeram professores e alunos chegarem ao fim de 2020 esgotados.<\/p>\n\n\n\n

A equipe de imprensa da Apufsc ouviu nas \u00faltimas semanas os relatos de 18 professores e professoras, de 13 centros diferentes. Os dados foram apresentados pelo sindicato, no dia 9 de dezembro, em um f\u00f3rum realizado pela reitoria para discutir as atividades n\u00e3o presenciais. Em geral, a maioria dos docentes reclama do desgaste emocional gerado pela nova rotina, do trabalho que se estende pela noite e aos fins de semana, do aumento da carga administrativa, da estrutura f\u00edsica inadequada e da falta que faz a intera\u00e7\u00e3o presencial com os alunos e colegas na UFSC. Professores e professoras com filhos menores t\u00eam uma dificuldade adicional para conciliar as demandas de casa com as da universidade. <\/p>\n\n\n\n

“Estamos o tempo inteiro dentro do trabalho, porque o ambiente de trabalho agora \u00e9 a sala, a cozinha, o quarto\u201d, diz Luana Renostro Heinen<\/strong>, do Departamento de Direito (CCJ)<\/strong>. <\/p>\n\n\n\n

Para Edgard Matiello J\u00fanior, do Departamento de Educa\u00e7\u00e3o F\u00edsica (CDS)<\/strong>, o semestre remoto foi o mais trabalhoso de todos os seus anos como professor. \u201cEstamos todos exaustos, e muitos n\u00e3o falam sobre isso, o que \u00e9 um perigo\u201d, diz. Ele e a mulher se dividem para cuidar dos filhos de 7 e 11 anos, que tamb\u00e9m fazem suas aulas online. Com a limita\u00e7\u00e3o de espa\u00e7o f\u00edsico, em algumas ocasi\u00f5es, Edgar acaba ministrando suas disciplinas no quarto das crian\u00e7as, na cama e com o notebook no colo. <\/p>\n\n\n\n

O barulho das intermin\u00e1veis obras dos vizinhos obrigou a professora Norma Machado da Silva, do Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Gen\u00e9tica (CCB)<\/strong> a mudar sua rotina de trabalho e improvisar um escrit\u00f3rio em casa. Para evitar interfer\u00eancias sonoras, ela grava as aulas no per\u00edodo da noite, depois de uma longa jornada durante o dia, ou aos finais de semana. <\/p>\n\n\n\n

No \u00faltimo m\u00eas, Norma e outros docentes perceberam uma demanda adicional. Depois de toda prepara\u00e7\u00e3o para o ensino remoto e adequa\u00e7\u00e3o das pr\u00e1ticas pedag\u00f3gicas, o que j\u00e1 exigiu muito estudo e criatividade, os professores est\u00e3o tendo que lidar com alunos cansados e sem motiva\u00e7\u00e3o.  \u201cDesde o in\u00edcio, procurei tornar as aulas mais atrativas, ampliar os debates, aumentar o interesse dos alunos, especialmente considerando as dificuldades de intera\u00e7\u00e3o\u201d, disse Carolina Bahia<\/strong>, do Centro de Ci\u00eancias Jur\u00eddicas<\/strong> (CCJ)<\/strong>. \u201cPercebi o cansa\u00e7o deles com os encontros em tempo real, ent\u00e3o, comecei a trabalhar mais videoaulas, para que eles acessem quando quiserem”. Ficou claro, ela diz, que o ensino remoto \u00e9 mais complexo do que parece, porque apenas transpor a disciplina presencial para a plataforma n\u00e3o funciona. <\/p>\n\n\n\n

Mesmo professores com d\u00e9cadas de experi\u00eancia em Ensino a Dist\u00e2ncia precisaram se reinventar.  \u201cA educa\u00e7\u00e3o a dist\u00e2ncia foi pensada para ser assim, j\u00e1 o ensino remoto ningu\u00e9m estava esperando\u201d, diz a professora T\u00e2nia Regina Oliveira Ramos<\/strong>, do Departamento de L\u00edngua e Literatura Vern\u00e1culas (CCE)<\/strong>, que considera a tecnologia uma aliada da educa\u00e7\u00e3o. \u201cTem que ter um esp\u00edrito de adapta\u00e7\u00e3o e esquecer um pouco o presencial, tem que saber que se est\u00e1 em outra rela\u00e7\u00e3o e n\u00e3o se incomodar com os alunos que n\u00e3o ligam a c\u00e2mera, por exemplo\u201d. Para ela, o balan\u00e7o desses primeiros meses \u00e9 positivo. \u201cQuando a gente v\u00ea os alunos elogiando a disciplina, agradecendo, vemos que muita coisa funcionou.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fl\u00e1via Guidotti, do Curso de Jornalismo (CCE)<\/strong>, esperava um ensino remoto com muitos problemas t\u00e9cnicos e alunos participando menos das aulas, mas se surpreendeu. Professora de fotojornalismo, uma disciplina pr\u00e1tica, ela adaptou o plano para que os alunos pudessem continuar fazendo fotos e pautas, agora dentro de casa. As intera\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m foram transformadas e ela, que sempre foi boa em reconhecer rostos, aprendeu a identificar vozes. Ao mesmo tempo, a modalidade on-line tem lhe deixado com as vistas cansadas, pelo excesso de telas, com dores no corpo, pelo tempo sentada, e at\u00e9 a voz tem falhado com mais frequ\u00eancia, j\u00e1 que a participa\u00e7\u00e3o dos alunos diminuiu. <\/p>\n\n\n\n

A professora Andrea Lapa, \u00a0professora do Departamento de Metodologia de Ensino do Centro de Ci\u00eancias da Educa\u00e7\u00e3o (CED),<\/strong> acompanhou de perto n\u00e3o apenas a experi\u00eancia na gradua\u00e7\u00e3o e p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o, mas tamb\u00e9m no Col\u00e9gio de Aplica\u00e7\u00e3o da UFSC. Ao atuar na forma\u00e7\u00e3o de professores, ela tem testemunhado o esfor\u00e7o dos docentes do ensino b\u00e1sico para motivar os estudantes e o grau de estresse que vem junto com essa dedica\u00e7\u00e3o. \u201cEles est\u00e3o a todo momento criando novas atividades pedag\u00f3gicas. Todos falam da quantidade de horas de trabalho. Os professores est\u00e3o dando aula n\u00e3o s\u00f3 para as crian\u00e7as, mas tamb\u00e9m para as fam\u00edlias.\u201d\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Confira abaixo os principais temas abordados pelos professores entrevistados: <\/p>\n\n\n\n

‘Nunca trabalhei tanto na vida’  <\/strong><\/h3>\n\n\n\n

O Ensino Remoto mudou completamente a forma como os professores administram seu tempo. Planos de ensino foram alterados, tarefas flexibilizadas, quebras de pr\u00e9-requisito aceitas, sempre tentando responder \u00e0s demandas, tanto do professor quanto dos estudantes. Mesmo assim, h\u00e1 sobrecarga. \u201cEstou com 220 tarefas para corrigir no Moodle. Eu posso dizer que, em um final de semestre, eu nunca trabalhei tanto na minha vida\u201d, desabafa Rodrigo Mohedano, do <\/strong>Departamento de Engenharia Sanit\u00e1ria e Ambiental (CTC), <\/strong>al\u00e9m de dar aula para 85 alunos, tamb\u00e9m orienta 8 estudantes em trabalhos de conclus\u00e3o de curso e outros dois na disserta\u00e7\u00e3o do mestrado, e divide com a mulher os cuidados com os filhos de 3 e 6 anos. As mensagens no WhatsApp chegam a qualquer hora do dia ou da noite, e ele tenta responder assim que as recebe, porque sabe que os prazos dos estudantes tamb\u00e9m s\u00e3o apertados. <\/p>\n\n\n\n

O trabalho administrativo e no projeto de extens\u00e3o que coordena tamb\u00e9m aumentou, sobretudo pela necessidade de se fazerem mais reuni\u00f5es para decidir todos os detalhes que antes eram resolvidos em conversas di\u00e1rias. Como saldo desse per\u00edodo, o professor diz que est\u00e1 trabalhando muito mais, mas que v\u00ea como um lado positivo nessa situa\u00e7\u00e3o a possibilidade de mudan\u00e7a de m\u00e9todos de ensino em sala de aula. \u201cO jeito de dar aula n\u00e3o mudou nos \u00faltimos 100 anos, e os alunos j\u00e1 estavam desmotivados. A sala de aula n\u00e3o havia incorporado a tecnologia que os mais jovens usam o tempo todo, e isso gerava um anacronismo. Toda mudan\u00e7a \u00e9 dif\u00edcil, mas necess\u00e1ria.\u201d <\/p>\n\n\n\n

Gregorio Jean Varvakis Rados, da Engenharia do Conhecimento (CTC)<\/strong>, afirma que embora veja um aspecto positivo de trabalhar em casa, por conta do espa\u00e7o bem equipado que montou, percebe como ponto negativo o  aumento da carga de trabalho. \u201cEu sinto falta de uma melhor defini\u00e7\u00e3o dos hor\u00e1rios. Por mais que j\u00e1 troux\u00e9ssemos trabalho pra casa normalmente, h\u00e1 uma diferen\u00e7a pois agora o teu trabalho est\u00e1<\/em> em casa, n\u00e3o tem mais s\u00e1bado e domingo, n\u00e3o tem mais hor\u00e1rio definido. Voc\u00ea entra no quarto para resolver um probleminha e fica trancado, n\u00e3o sai mais de l\u00e1. H\u00e1 uma grande mistura do tempo de trabalho com o tempo privado, do p\u00fablico e do privado, tudo se misturou numa intensidade incr\u00edvel\u201d.  <\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 casos como o do professor Douglas Francisco Kovaleski, do Departamento de Sa\u00fade P\u00fablica (CCS), <\/strong> que chegou ao fim do semestre com uma sobrecarga de trabalho tr\u00eas vezes maior do que o normal, obrigando-o a procurar ajuda psicol\u00f3gica. <\/p>\n\n\n\n

Para os professores da \u00e1rea da sa\u00fade, o contexto da pandemia trouxe uma preocupa\u00e7\u00e3o e uma responsabilidade a mais. Os alunos da \u00e1rea da sa\u00fade tiveram o curso acelerado pela portaria do MEC que deliberou pelo adiantamento dos est\u00e1gios. \u201cPrecis\u00e1vamos encaminh\u00e1-los para o est\u00e1gio final do curso. Os alunos tiveram medo de entrar em campo e n\u00f3s tamb\u00e9m tivemos medo de colocar os nossos alunos em risco. Tivemos v\u00e1rias discuss\u00f5es e forma\u00e7\u00f5es. Quando chegaram EPIs no HU, alocamos nossos alunos ali, sempre com supervis\u00e3o\u201d, conta a enfermeira e professora do Departamento de Enfermagem,  Angela Maria Alvarez. <\/p>\n\n\n\n

 Outro desafio foi desenvolver as disciplinas te\u00f3rico-pr\u00e1ticas. \u201cDeu bastante trabalho para n\u00e3o sobrecarregar os alunos com lives, est\u00e1vamos todos saturados, ainda mais na nossa \u00e1rea\u201d, comenta a professora. Sua rotina \u00e9 ficar no computador das 7h da manh\u00e3 at\u00e9 \u00e0s 21h. \u201cAgora eu moro no meu emprego\u201d, diz. \u201cE por mais que as aulas tenham funcionado, nada se compara a olhar nos olhos dos alunos, sentir a rea\u00e7\u00e3o deles e se conectar. Estamos trocando a roda com o carro andando.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O problema fica maior quando n\u00e3o se tem ferramentas nem um ambiente adequado para se trocar a roda do carro. Com dois filhos pequenos em casa e sem espa\u00e7o, o professor Rodrigo Moheano<\/strong> passou a trabalhar duas vezes por semana em sua sala na UFSC, onde d\u00e1 as aulas s\u00edncronas. Mesmo l\u00e1, a internet falhou e por duas vezes as aulas tiveram de ser canceladas. Mas ele ganhou privacidade. \u201cEra barulho de aspirador de p\u00f3, crian\u00e7a querendo aten\u00e7\u00e3o, cachorro pulando no colo\u201d, conta o professor, que ter\u00e1 de adaptar a casa, caso o ensino remoto se estenda por mais tempo.  <\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 um m\u00eas, o professor foi diagnosticado com Covid-19, mesmo usando m\u00e1scara e mantendo o distanciamento. Rodrigo atendeu um orientando presencialmente e come\u00e7ou a sentir os sintomas dias depois de o aluno receber o diagn\u00f3stico. O professor voltou a trabalhar em casa e a fam\u00edlia n\u00e3o se contaminou. <\/p>\n\n\n\n

A professora Luana Renostro Heinen, do Departamento de Direito (CCJ) <\/strong>relata o ac\u00famulo de fun\u00e7\u00f5es dos professores que, al\u00e9m de planejar as aulas e elaborar novas ferramentas e recursos, tornaram-se respons\u00e1veis tamb\u00e9m por disponibilizar todos os materiais para os alunos, j\u00e1 que n\u00e3o h\u00e1 meios de buscar livros f\u00edsicos, por exemplo. E tudo precisa ser feito com os equipamentos dispon\u00edveis em casa. “Muitas vezes a luz n\u00e3o est\u00e1 boa para eu fazer a aula, o computador n\u00e3o d\u00e1 conta de editar o v\u00eddeo. Chega a ser frustrante porque em muitos momentos eu quero fazer o que n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel com as condi\u00e7\u00f5es que tenho”, explica.<\/p>\n\n\n\n

Pandemia e rotina acad\u00eamica com filhos <\/strong><\/h3>\n\n\n\n

A pandemia afeta de forma distinta quem tem filhos e  quem n\u00e3o tem. Quem tem filhos precisou conciliar n\u00e3o apenas a educa\u00e7\u00e3o das crian\u00e7as, mas tamb\u00e9m a estabilidade emocional delas, em um contexto de interrup\u00e7\u00e3o do conv\u00edvio social e de isolamento. Al\u00e9m disso, na pandemia, em fun\u00e7\u00e3o das demandas de fam\u00edlia, das tarefas dom\u00e9sticas e mesmo das solicita\u00e7\u00f5es caracter\u00edsticas do ensino remoto, o trabalho em geral tem mais interrup\u00e7\u00f5es. “Seja pelas quest\u00f5es em casa, pelo excesso de mensagens nos m\u00faltiplos canais, o trabalho ficou mais fragmentado, o que do ponto de vista intelectual tem um efeito problem\u00e1tico, o que pode impactar na qualidade”, diz Jacques Mick, do Departamento de Sociologia (CFH)<\/strong>. <\/p>\n\n\n\n

Carolina Medeiros Bahia<\/strong> est\u00e1 no grupo de professoras com a rotina mais sobrecarregada. A carga da universidade foi dividida com os trabalhos de alfabetiza\u00e7\u00e3o do filho de 5 anos. “\u00c9 um desafio triplo, com atividades acad\u00eamicas, dom\u00e9sticas, administrativas. A sensa\u00e7\u00e3o neste final de semestre \u00e9 de esgotamento f\u00edsico, emocional e psicol\u00f3gico”, desabafa. Com a carga maior de tarefas e as aulas exigindo um tempo de prepara\u00e7\u00e3o maior, as atividades de pesquisa ficaram comprometidas. “A pesquisa ficou prejudicada, porque com essa carga de tarefas ainda maior, tentamos cuidar do que \u00e9 mais urgente, do que n\u00e3o se pode adiar”, exp\u00f5e. Conversando com os colegas, ela percebe que a pandemia evidenciou a divis\u00e3o desigual do trabalho dom\u00e9stico. “Em geral, os homens receberam com mais facilidade a ideia do ensino remoto, de poder trabalhar em casa com caf\u00e9 fresco, com mais conforto. Eles relatam ter ficado ainda mais produtivos, por organizarem melhor o tempo. Enquanto as mulheres na minha situa\u00e7\u00e3o, com fam\u00edlia, ficaram mais sobrecarregadas”.<\/p>\n\n\n\n

Com um beb\u00ea de um ano e sete meses, o professor Douglas Kovaleski, do Departamento de Sa\u00fade P\u00fablica<\/strong>, e sua esposa, que tamb\u00e9m \u00e9 professora, se desdobram para cuidar do filho entre os afazeres dom\u00e9sticos e profissionais, j\u00e1 que as escolas tamb\u00e9m est\u00e3o fechadas. \u201cEssa realidade me fez ver como vivemos em um mundo extremamente machista em que a mulher \u00e9 educada para cuidar dos filhos e de todos os afazeres dom\u00e9sticos, o que \u00e9 um absurdo.\u201d Por mais que seja dif\u00edcil, o casal tenta dividir as obriga\u00e7\u00f5es e conciliar o trabalho com a vida pessoal.<\/p>\n\n\n\n

Uma saudade: a intera\u00e7\u00e3o com os alunos  <\/strong><\/h3>\n\n\n\n

Para muitos professores, um dos grandes desafios do ensino remoto tem sido a mudan\u00e7a na intera\u00e7\u00e3o com os alunos. Agora, fala-se para uma tela e n\u00e3o mais para uma sala cheia de rostos conhecidos. \u201cH\u00e1 uma lacuna devido \u00e0 frieza dessa rela\u00e7\u00e3o professor – aluno. Eu sempre gravei o nome de todos os meu alunos e agora eu n\u00e3o tenho nem ideia, s\u00f3 vejo o nome e nem sei quem \u00e9 se encontrar depois\u201d, diz Lauro Mattei – Departamento de Economia e Rela\u00e7\u00f5es Internacionais (CSE). <\/strong>\u201cIsso \u00e9 negativo, porque n\u00e3o consigo ter, enquanto professor, elementos fundamentais para acompanhar o progresso do aluno\u201d. <\/p>\n\n\n\n

Na entrevista que a Apufsc fez com os 18 docentes, essa foi uma reclama\u00e7\u00e3o recorrente. \u201c\u00c9 dif\u00edcil fazer os alunos participarem. No geral eles n\u00e3o ligam a c\u00e2mera nem o microfone, ent\u00e3o as aulas ficam unidirecionais e \u00e9 ruim dar aula para uma tela\u201d, diz Rodrigo Mohedano, do Departamento de Engenharia Sanit\u00e1ria e Ambiental (CTC). <\/strong>Segundo a professora Luana Renostro Heinen, do Departamento de Direito<\/strong>, embora alguns alunos mais t\u00edmidos se encorajem a escrever pelo chat, de maneira geral, h\u00e1 uma perda de intera\u00e7\u00e3o com os estudantes. “Da metade para o fim do semestre, eles nem ligavam mais as c\u00e2meras”, conta. <\/p>\n\n\n\n

Edgard Matiello J\u00fanior , do Departamento de Educa\u00e7\u00e3o F\u00edsica (CDS), <\/strong>diz que tem tentado ser compreensivo com os alunos, por entender que cada um est\u00e1 lidando com uma situa\u00e7\u00e3o particular e muito complexa. \u201cMuitos estudantes voltaram para a casa dos pais, n\u00e3o encontram mais a mesma realidade que deixaram, outros n\u00e3o conseguem participar por algum constrangimento pelo lugar onde est\u00e3o, pela casa desarrumada ou outras pessoas falando no ambiente, at\u00e9 mesmo em outras aulas ou trabalhando tamb\u00e9m, ent\u00e3o \u00e9 um cen\u00e1rio muito complexo, tento ser compreens\u00edvel\u201d. Para o professor, \u00e9 preciso ficar atento tamb\u00e9m \u00e0s subjetividades dos estudantes e perceber quando eles n\u00e3o est\u00e3o mais dando conta. <\/p>\n\n\n\n

O professor Jacques Mick<\/strong>, que esteve \u00e0 frente do Departamento de Sociologia at\u00e9 dezembro, destaca que todos os professores se empenharam muito para fazer o melhor que podiam, nas condi\u00e7\u00f5es dispon\u00edveis. Para ele, o ensino remoto afeta dramaticamente o regime de aten\u00e7\u00e3o em sala, as din\u00e2micas de motiva\u00e7\u00e3o dos alunos e a percep\u00e7\u00e3o, por parte dos professores, sobre se os alunos est\u00e3o ou n\u00e3o concentrados no que \u00e9 proposto. “Como professores, enfrentamos uma s\u00e9rie de dificuldades que n\u00e3o existem na intera\u00e7\u00e3o presencial, a come\u00e7ar por enxergar a turma, j\u00e1 que muitos est\u00e3o com a c\u00e2mera desligada. N\u00e3o tem como eu saber como est\u00e3o esses corpos em aprendizagem, n\u00e3o tem como ter ideia do grau de concentra\u00e7\u00e3o deles”, explica. <\/p>\n\n\n\n

O professor aponta ainda como dificuldades os entraves tecnol\u00f3gicos, de alunos que est\u00e3o com conex\u00e3o prec\u00e1ria, com problemas nos equipamentos ou mesmo t\u00edmidos para esse tipo de intera\u00e7\u00e3o, al\u00e9m da maior chance de dispers\u00e3o, diante das muitas janelas abertas do computador. Ele tamb\u00e9m percebeu uma maior taxa de evas\u00e3o dos estudantes ao longo do semestre. Por outro lado, a nova modalidade permitiu um maior aproveitamento de ferramentas dispon\u00edveis. “Uma experi\u00eancia boa tem sido compartilhar no Moodle – o sistema da universidade – planos de aula detalhados de cada encontro e propor recursos que permitem uma recupera\u00e7\u00e3o de conte\u00fados a alunos que n\u00e3o puderam acompanhar a aula em tempo real”. <\/p>\n\n\n\n

Nas disciplinas que ministra nos cursos de bacharelado e licenciatura em Biologia, a professora<\/strong> Norma Machado da Silva<\/strong> percebeu que os alunos est\u00e3o com dificuldades de organiza\u00e7\u00e3o e um desgaste emocional cada vez maior. Boa parte concilia as aulas com trabalho, o que prejudica ainda mais o processo de aprendizagem, agravando o adoecimento psicol\u00f3gico. \u201cPor mais que o professor tente ser criativo, jamais vai ser igual ao presencial. A intera\u00e7\u00e3o com outros colegas nas aulas e nos intervalos \u00e9 muito importante, por isso o isolamento afeta muito a qualidade e o rendimento de uma aula\u201d. <\/p>\n\n\n\n

Ao mesmo tempo em que o ensino remoto dificultou a troca durante a aula, tamb\u00e9m aumentou a intera\u00e7\u00e3o virtual em outros hor\u00e1rios do dia, j\u00e1 que os canais de comunica\u00e7\u00e3o com os estudantes aumentaram. H\u00e1 professores que ficam at\u00e9 altas horas da madrugada respondendo e-mails com d\u00favidas de alunos.<\/p>\n\n\n\n

Ferramentas tecnol\u00f3gicas e pedag\u00f3gicas <\/strong><\/h3>\n\n\n\n

O ensino remoto obrigou professores e professoras a inverter o processo metodol\u00f3gico: antes se pensavam as ementas para depois pensar as metodologias. Agora, foi fundamental rever todos os m\u00e9todos de ensino para extrair ao m\u00e1ximo o potencial de aprendizagem. Foi preciso rever toda a bibliografia das disciplinas ministradas para que tudo estivesse dispon\u00edvel na internet, buscar mais conhecimento sobre as ferramentas virtuais e pensar em novos m\u00e9todos de avalia\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Para o professor do Departamento de Engenharia do Conhecimento Gregorio Jean Varvakis Rados<\/strong>, os resultados do semestre foram melhores que o esperado. \u201cN\u00f3s alcan\u00e7amos resultados no processo de ensino-aprendizagem que n\u00e3o ter\u00edamos se n\u00e3o tiv\u00e9ssemos as tecnologias. Fomos obrigados a desenvolver alguns objetos para possibilitar esse processo, e que ser\u00e3o usados e melhorados daqui pra frente\u201d. O mais dif\u00edcil foi fazer a edi\u00e7\u00e3o dos v\u00eddeos. \u201c\u00c9 algo que n\u00e3o se aprende de uma hora para outra\u201d.<\/p>\n\n\n\n

O professor Edgard Matiello J\u00fanior, do Departamento de Educa\u00e7\u00e3o F\u00edsica do CDS,<\/strong> diz que sua casa virou uma central de inform\u00e1tica. Para isso, teve de buscar um computador na universidade, e investiu recursos pr\u00f3prios na atualiza\u00e7\u00e3o de softwares, melhorias na internet e impressora. Ele conta que enfrentou muitos problemas com a plataforma Moodle, como as superlota\u00e7\u00f5es no sistema no in\u00edcio do semestre, e a demora em disponibilizar materiais que haviam sido colocados na plataforma,  o que fez com que ele tivesse que alterar o plano de ensino. Por isso, decidiu utilizar outras ferramentas para continuar o semestre. <\/p>\n\n\n\n

M\u00f4nica dos Santos, professora e chefe do Departamento de Agricultura, Biodiversidade e Florestas<\/strong> do campus de Curitibanos buscou capacita\u00e7\u00e3o por meio de cursos ofertados pela UFSC e adaptou os conte\u00fados de suas disciplinas para a modalidade de ensino de forma n\u00e3o presencial. Em meio a essa nova forma de trabalho, M\u00f4nica adotou outras medidas durante o semestre como a contrata\u00e7\u00e3o de um plano de internet m\u00f3vel mais r\u00e1pido e, ainda, precisou equipar um ambiente na sua casa para trabalhar nas v\u00eddeoaulas gravadas ou online. Al\u00e9m disso, ela ampliou os canais de comunica\u00e7\u00e3o com os alunos e alunas, j\u00e1 que, passou a atender tamb\u00e9m por liga\u00e7\u00e3o e whatsapp. \u201cEstou 24 horas ligada, ficou tudo junto e sinto que estou trabalhando mais.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Aos 70 anos, o professor Antonio Carlos Machado da Rosa, do Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural<\/strong>, diz se sentir \u00e0 vontade com o modelo remoto. \u201cDever\u00edamos manter depois o uso mais frequente do Moodle e a grava\u00e7\u00e3o das aulas.\u201d Mas ele tamb\u00e9m percebeu um aumento na carga de trabalho, justamente porque os professores precisam preparar materiais que captem a aten\u00e7\u00e3o dos alunos e atend\u00ea-los mais individualmente. “Os slides precisam ser inteligentes, atrativos, e precisam ser estudadas din\u00e2micas para tornar as aulas mais interativas e para aumentar a aproxima\u00e7\u00e3o com os alunos”, conta ele, que usa m\u00fasicas e enquetes como estrat\u00e9gias para manter o interesse dos estudantes.<\/p>\n\n\n\n

Para a professora Andrea Lapa, \u00a0do Departamento de Metodologia de Ensino do Centro de Ci\u00eancias da Educa\u00e7\u00e3o (CED),<\/strong> a discuss\u00e3o em torno do ensino remoto nunca \u00e9 sobre tecnologia. “O professor tem que querer inovar pedagogicamente. Se ele j\u00e1 fazia no presencial, busca alternativas de maneira remota. Numa cultura digital, se negar a fazer uma educa\u00e7\u00e3o assim significa dizer que queremos ficar no passado.” \u00a0<\/p>\n\n\n\n

Imprensa Apufsc<\/strong><\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Sobrecarga de trabalho somada ao contexto de isolamento social e ao medo da pandemia fizeram docentes e alunos chegarem ao fim de 2020 esgotados. […]<\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":12,"featured_media":26812,"comment_status":"closed","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[16],"tags":[2084,206,3168,10],"class_list":{"0":"post-26773","1":"post","2":"type-post","3":"status-publish","4":"format-standard","5":"has-post-thumbnail","7":"category-noticias","8":"tag-atividades-nao-presenciais","9":"tag-destaque1","10":"tag-relatos","11":"tag-ufsc"},"featured_image_src":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-content\/uploads\/2020\/12\/Ensino-Remoto-Agencia-Brasil-600x381.jpg","featured_image_src_square":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-content\/uploads\/2020\/12\/Ensino-Remoto-Agencia-Brasil-600x381.jpg","author_info":{"display_name":"Imprensa Apufsc","author_link":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/author\/apufsc\/"},"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26773"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/12"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=26773"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26773\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":26820,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26773\/revisions\/26820"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/26812"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=26773"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=26773"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=26773"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}