Em resposta \u00e0 associa\u00e7\u00e3o de funcion\u00e1rios, comit\u00ea diz que ex-ministro ainda n\u00e3o foi eleito e somente funcion\u00e1rios devem seguir regras do banco<\/h4>\n\n\n\n

O Conselho de \u00c9tica do Banco Mundial afirmou que n\u00e3o pode influenciar na nomea\u00e7\u00e3o ou elei\u00e7\u00e3o de um diretor executivo e que o c\u00f3digo de conduta da institui\u00e7\u00e3o s\u00f3 pode ser aplicado para funcion\u00e1rios j\u00e1 empossados, o que n\u00e3o \u00e9 o caso do ex-ministro Abraham Weintraub.<\/p>\n\n\n\n

O presidente do conselho de \u00e9tica, Guenther Schoenleitner, respondeu na \u00faltima quarta-feira, 24, \u00e0 Associa\u00e7\u00e3o de Funcion\u00e1rios do Banco Mundial, que pediu para suspender a nomea\u00e7\u00e3o de Weintraub at\u00e9 que fossem investigadas suas declara\u00e7\u00f5es de car\u00e1ter racista em rela\u00e7\u00e3o a minorias e \u00e0 China, al\u00e9m de seu discurso que pregava a pris\u00e3o de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).<\/p>\n\n\n\n

“A partir do momento em que ele se torna um funcion\u00e1rio do conselho, um diretor executivo est\u00e1 sujeito ao C\u00f3digo de Conduta para Funcion\u00e1rios do Conselho (o C\u00f3digo), que se aplica prospectivamente”, diz a resposta do conselho, em documento obtido pela Folha.<\/p>\n\n\n\n

“Espera-se que os funcion\u00e1rios do conselho mantenham os mais altos padr\u00f5es de integridade e \u00e9tica em sua conduta pessoal e profissional. Como todos os outros funcion\u00e1rios entrantes do conselho, um DE [diretor executivo] eleito ser\u00e1 informado sobre suas obriga\u00e7\u00f5es nos termos do c\u00f3digo de conduta, inclusive no que diz respeito a declara\u00e7\u00f5es p\u00fablicas e n\u00e3o interfer\u00eancia nos assuntos pol\u00edticos dos membros.”<\/p>\n\n\n\n

Schoenleitner afirma ainda que Weintraub deve ser eleito em breve pelo grupo composto por Brasil e outros oito pa\u00edses (Col\u00f4mbia, Equador, Haiti, Panam\u00e1, Suriname, Rep\u00fablica Dominicana, Filipinas e Trinidad & Tobago) visto que o governo brasileiro tem maioria no cons\u00f3rcio e nenhum influ\u00eancia externa pode ser feita nesse caso.<\/p>\n\n\n\n

“[…] Nem a administra\u00e7\u00e3o nem o Comit\u00ea de \u00c9tica do Conselho influenciam a nomea\u00e7\u00e3o ou elei\u00e7\u00e3o de um DE [diretor executivo]. Os diretores executivos s\u00e3o nomeados ou eleitos pelos acionistas, ou seja, pa\u00edses membros”, diz a carta. E segue: “A maioria dos votos expressos [do grupo de 9 pa\u00edses] ser\u00e1 necess\u00e1ria para a elei\u00e7\u00e3o. Tal como est\u00e1, o Brasil possui a maior parte do poder de voto. Isso significa que, mesmo que os outros membros n\u00e3o indiquem ou votem no candidato indicado, ele poder\u00e1 ser eleito e servir\u00e1 como Diretor Executivo at\u00e9 o final do mandato atual em 31 de outubro de 2020”.<\/p>\n\n\n\n

Depois disso, Weintraub precisaria ser indicado novamente para o posto pelo governo brasileiro. A associa\u00e7\u00e3o de funcion\u00e1rios pedia que o ex-ministro fosse notificado por seu comportamento “totalmente inaceit\u00e1vel” na institui\u00e7\u00e3o e que sua nomea\u00e7\u00e3o fosse suspensa at\u00e9 o fim das investiga\u00e7\u00f5es que, se fossem acatadas, seriam conduzidas internamente.\u200b<\/p>\n\n\n\n

Em car\u00e1ter reservado, l\u00edderes da associa\u00e7\u00e3o disseram \u00e0 Folha que a carta contra Weintraub era um “movimento pol\u00edtico” para externar a posi\u00e7\u00e3o de desconforto dos funcion\u00e1rios com sua nomea\u00e7\u00e3o. Admitiam, por\u00e9m, que o comit\u00ea de \u00e9tica n\u00e3o poderia agir sobre pessoas que ainda n\u00e3o fossem integrantes do banco e que nenhuma medida concreta deveria ser tomada, como ficou comprovado com a resposta do colegiado horas depois.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a associa\u00e7\u00e3o, “o Banco Mundial acaba de assumir uma posi\u00e7\u00e3o moral clara para eliminar o racismo em nossa institui\u00e7\u00e3o” e, portanto, o comportamento do ex-ministro \u00e9 inaceit\u00e1vel. “Isso significa um compromisso de todos os funcion\u00e1rios e membros do conselho de expor o racismo onde quer que o vejamos. Confiamos que o conselho de \u00e9tica compartilhe dessa vis\u00e3o e faremos tudo ao alcance para aplic\u00e1-l\u00e1”, finalizava o texto dos funcion\u00e1rios.<\/p>\n\n\n\n

O presidente do comit\u00ea de \u00e9tica, por sua vez, afirmou que o colegiado “compartilha do compromisso do Banco Mundial de eliminar o racismo da institui\u00e7\u00e3o e leva a s\u00e9rio sua responsabilidade de garantir que os princ\u00edpios estabelecidos no C\u00f3digo de Conduta da Diretoria, incluindo os Valores Essenciais da institui\u00e7\u00e3o, sejam praticados por todos os funcion\u00e1rios da Diretoria”.<\/p>\n\n\n\n

Os coment\u00e1rios racistas, no entanto, esclareceu Schoenleitner, ser\u00e3o considerados somente entre o quadro de funcion\u00e1rios j\u00e1 empossados. “Coment\u00e1rios racistas de qualquer pessoa que sirva ao Grupo Banco Mundial, incluindo diretores executivos, n\u00e3o ser\u00e3o tolerados”, diz a resposta do conselho de \u00e9tica.<\/p>\n\n\n\n

Weintraub ainda n\u00e3o tem v\u00ednculo formal com o Banco Mundial. Ele foi nomeado para a vaga de diretor executivo no conselho administrativo, na cadeira do grupo do Brasil, mas o processo de sua elei\u00e7\u00e3o ainda n\u00e3o aconteceu e pode levar at\u00e9 um m\u00eas.<\/p>\n\n\n\n

\u200bO ex-ministro viajou \u00e0s pressas e chegou a Miami no s\u00e1bado (20), dois dias depois de ter sido demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, mas sua exonera\u00e7\u00e3o foi publicada em edi\u00e7\u00e3o extra do Di\u00e1rio Oficial da Uni\u00e3o somente depois que ele havia entrado em territ\u00f3rio americano.<\/p>\n\n\n\n

Nesta ter\u00e7a-feira (23), o Planalto ratificou a data de demiss\u00e3o, passando-a para sexta (19). Especialistas afirmam que pode haver irregularidades se Weintraub se utilizou da condi\u00e7\u00e3o de ministro para driblar as barreiras sanit\u00e1rias e entrar nos EUA, mas o ex-ministro pode tamb\u00e9m j\u00e1 estar de posse do visto G1, necess\u00e1rio para trabalhar em organismos multinacionais.<\/p>\n\n\n\n

Leia na \u00edntegra: Folha de S. Paulo<\/a><\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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