No discurso que fez durante o Congresso do PT que oficializou seu nome para a disputa das elei\u00e7\u00f5es presidenciais deste ano, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que a \u201cmiss\u00e3o\u201d de suceder Luiz In\u00e1cio Lula da Silva n\u00e3o lhe foi repassada apenas pelo partido que a adotou como filha. Segundo a candidata, intelectuais, trabalhadores, movimentos sociais, empres\u00e1rios e tantas outras for\u00e7as (vis\u00edveis ou n\u00e3o) a encorajam a subir no palanque. Com uma ret\u00f3rica impec\u00e1vel, Dilma fez quest\u00e3o de incluir nesse grupo tamb\u00e9m os servidores p\u00fablicos.<\/p>\n
N\u00e3o era para menos. O funcionalismo recebeu tratamento pra l\u00e1 de especial ao longo dos dois mandatos petistas. Sob Lula, os burocratas emergiram a uma nova condi\u00e7\u00e3o dentro do complexo mundo do trabalho. De forma sistem\u00e1tica e generalizada todas as \u00e1reas da administra\u00e7\u00e3o acabaram sendo contempladas. Houve pelo menos dois grandes pacotes de reajustes salariais, al\u00e9m de investimentos em infraestrutura e renova\u00e7\u00e3o de processos, mais contrata\u00e7\u00f5es e uma pol\u00edtica de reorganiza\u00e7\u00e3o importante que culminou com o resgate de fun\u00e7\u00f5es de Estado antes esquecidas.<\/p>\n
As reparti\u00e7\u00f5es souberam retribuir \u00e0 altura. Apesar da chiadeira desgastada de setores que acham que poderiam ter conseguido mais, as greves nem de longe incomodaram o Pal\u00e1cio do Planalto. Diferentemente de outras \u00e9pocas, os sindicatos se alinharam de tal modo \u00e0 agenda oficial que, no meio acad\u00eamico, seus dirigentes s\u00e3o ironicamente chamados de neopelegos. A massa, formada, sobretudo, por funcion\u00e1rios do Executivo, est\u00e1 satisfeita. Sem medo de se arrepender, o servidor padr\u00e3o d\u00e1 seu voto de confian\u00e7a \u00e0 escolhida por Lula. Se esse voto ser\u00e1 ou n\u00e3o computado na urna em outubro, essa \u00e9 outra hist\u00f3ria.<\/p>\n
Plano de voo Um ex-ministro que guarda boas recorda\u00e7\u00f5es de Dilma nos anos em que esteve na Esplanada tra\u00e7a um perfil da ministra. \u201cEla \u00e9 objetiva. Diz exatamente o que quer, de que modo quer e em quanto tempo a tarefa deve ser entregue. Tem gente que se assusta com isso\u201d, analisa. Em rela\u00e7\u00e3o ao funcionalismo, o observador \u00e9 claro: \u201cJ\u00e1 deve estar tudo engatilhado\u201d.<\/p>\n Se for eleita, Dilma diz que continuar\u00e1 valorizando o servidor e o servi\u00e7o p\u00fablico. Tudo a seu modo, claro. A \u201creconstitui\u00e7\u00e3o do Estado\u201d preconizada por ela toda vez que compara a\u00e7\u00f5es deste a de outros governos, passa, necessariamente, pela melhoria do gasto com o funcionalismo. Da\u00ed a necessidade de uma reforma administrativa \u2013 grande frustra\u00e7\u00e3o pessoal da ministra. \u201cDever\u00edamos ter feito isso, mas n\u00e3o foi poss\u00edvel\u201d, admitiu ela em um programa de TV no ano passado.<\/p>\n Heran\u00e7as malditas<\/strong><\/p>\n Por falta de proatividade pol\u00edtica e, em outros casos, por pura omiss\u00e3o t\u00e9cnica, muita coisa ainda precisa ser feita. Como mostrou o Correio ontem, equilibrar a Previd\u00eancia do funcionalismo \u00e9 uma delas. Pagar aposentadorias e pens\u00f5es a servidores dos tr\u00eas Poderes, incluindo os militares, tem sido uma tarefa cada vez mais custosa para o Estado. Em 2009, a Uni\u00e3o amargou deficit recorde de R$ 38,1 bilh\u00f5es. Para este ano, o rombo saltar\u00e1 para R$ 43,4 bilh\u00f5es. Gerenciar as despesas com inativos ser\u00e1 um fantasma para o pr\u00f3ximo presidente da Rep\u00fablica.<\/p>\n Isso porque os aumentos concedidos a todos que t\u00eam o governo federal como patr\u00e3o definiram novos patamares para o sistema de previd\u00eancia do servidor: em 2003, por exemplo, o montante destinado a ex-servidores foi de R$ 36,5 bilh\u00f5es. No ano passado, o gasto explodiu, saltando para R$ 67 bilh\u00f5es. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), tamb\u00e9m deficit\u00e1rio, paga 27 milh\u00f5es de benef\u00edcios. O universo de aposentados e pensionistas da m\u00e1quina federal \u00e9 de 985.647.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" No discurso que fez durante o Congresso do PT que oficializou seu nome para a disputa das elei\u00e7\u00f5es presidenciais deste ano, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que a \u201cmiss\u00e3o\u201d de suceder Luiz […]<\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":20,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[16],"tags":[],"class_list":{"0":"post-16185","1":"post","2":"type-post","3":"status-publish","4":"format-standard","6":"category-noticias"},"featured_image_src":null,"featured_image_src_square":null,"author_info":{"display_name":"Migracao","author_link":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/author\/migracao\/"},"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/16185"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/20"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=16185"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/16185\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=16185"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=16185"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.apufsc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=16185"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}
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Na cabe\u00e7a de Dilma, o trabalho pesado j\u00e1 foi feito por Lula. A melhoria dos contracheques e o refor\u00e7o dos quadros tiveram pap\u00e9is fundamentais na reconstru\u00e7\u00e3o da m\u00e1quina. O pr\u00f3ximo desafio \u00e9 dar racionalidade aos sistemas, simplificar e qualificar os servi\u00e7os ao cidad\u00e3o, cobrar produtividade e estabelecer metas para os servidores. Dilma \u00e9 obcecada por efici\u00eancia. \u201cAlguns falam todos os dias de “incha\u00e7o da m\u00e1quina estatal”\u201d. Omitem, no entanto, que estamos contratando basicamente m\u00e9dicos e profissionais de sa\u00fade, professores e pessoal na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o, diplomatas, policiais federais e servidores para as \u00e1reas de seguran\u00e7a, controle e fiscaliza\u00e7\u00e3o\u201d, justificou a ministra-candidata aos correligion\u00e1rios que aben\u00e7oaram sua candidatura.<\/p>\n