Como os professores veem a Apufsc?
Filiados e não filiados apontaram suas satisfações e insatisfações com a atuação do sindicato
Além de traçar o perfil sociodemográfico dos professores e de tentar entender as principais transformações no exercício da docência, a pesquisa feita pelo Laboratório de Sociologia do Trabalho (Lastro) com quase mil docentes da UFSC também procurou saber quão representados os professores da instituição se sentem em relação à atuação da Apufsc-Sindical. Das respostas recebidas, 63% vieram de filiados ao sindicato e 37% de não filiados, entre os docentes que estão na ativa. Entre os aposentados, 93% são filiados à entidade.
Em meio a todas as funções exercidas pelo sindicato, as que são consideradas mais relevantes pelos participantes da pesquisa envolvem a representação jurídica dos associados, a defesa dos interesses trabalhistas e da universidade pública, gratuita e de qualidade, bem como de sua autonomia. Os professores também consideram importante a função de mobilizar e unificar a categoria e informá-la sobre temas de seu interesse. Entre as respostas dos professores aposentados, “defender os interesses trabalhistas da categoria” é a função que aparece como mais relevante. No polo oposto, em relação a aspectos nada ou pouco relevantes para os entrevistados da ativa, está a função de “promover a integração social e atividades de lazer entre filiados”.
Na pesquisa do Lastro, os professores também foram indagados sobre seu grau de satisfação em relação a 12 funções do sindicato. Os maiores graus de satisfação foram apontados na seguinte ordem: “Informar a categoria em temas de seu interesse”, “defender juridicamente os filiados” e “defender os interesses trabalhistas dos docentes da UFSC”. As maiores insatisfações estão nas funções de “mobilizar e unificar a categoria” e “representar politicamente os filiados”.
A pesquisa também demonstrou que a participação no movimento docente é um benefício por si só, uma vez que os professores valorizam o pertencimento a uma comunidade política. Frente aos desafios da educação pública e da carreira, a ação coletiva ainda parece ser vista por muitos docentes, da ativa e aposentados, como uma importante possibilidade de resistência.
Entretanto, metade dos respondentes participa da Apufsc apenas ao votar nas eleições para a diretoria e 16% afirma nunca participar. Entre os que disseram não participar de reuniões e assembleias promovidas pelo sindicato, o maior motivo alegado é a falta de tempo, com 55,3% assinalando essa opção. Mas também há os que não participam por “desmotivação com o sindicato” e por “falta de estímulo”. Há críticas ao caráter “ideológico” de posicionamentos da entidade, com menções a “pautas esquerdistas” e a “posturas conservadoras”.
Entre os não filiados, a pesquisa colheu respostas de 238 docentes sobre seus motivos. Em questão de múltipla escolha, 42% apontaram desconhecimento sobre a Apufsc, tanto de sua atuação (18%), quanto dos benefícios que oferece (24%). Outros 24% não têm interesse e 14% estão vinculados a outra entidade. Entre os docentes que apontaram outros motivos para não serem filiados, a principal razão apresentada é a disputa, entre Apufsc e Andes, pela base sindical. Depois de se desvincular do Andes, em 2009, a Apufsc passou a atuar como sindicato autônomo, reconhecido pela Justiça do Trabalho em Santa Catarina e com Carta Sindical concedida pela Secretaria de Relações do Trabalho, do MTE . Como prevalece no País o princípio da unicidade sindical, que proíbe o estabelecimento de mais de um sindicato representativo de uma categoria na mesma base territorial, a atuação da seção sindical do Andes em Santa Catarina passou a ser ilegal.
Professores da ativa e aposentados também responderam a questões sobre hábitos de informação ligados ao sindicato. No primeiro grupo, a newsletter semanal por e-mail (Notícias da Semana) é o canal de comunicação utilizado com mais frequência: 59,4% afirmam acessá-la com frequência ou com muita frequência. O informativo do sindicato via WhatsApp é o segundo em uso frequente, seguido do site oficial. Os canais com mais baixo uso declarado são a página no Facebook, a lista de discussão da Apufsc por e-mail e o Jornal Mural. Entre os aposentados, os meios mais eficazes são a newsletter semanal Notícias da Semana – 72% responderam que leem com frequência ou com muita frequência – e o informativo diário enviado por WhatsApp.