A rede de intrigas que levou à demissão de sete integrantes no MEC na semana passada tem como seu mais grave desdobramento a paralisação das ações de Educação – área estratégica para qualquer país. Enquanto a crise no Ministério da Educação se arrasta, questões práticas da pasta continuam abandonadas.
O edital de compra de livros didáticos para o ensino médio, por exemplo, que devia ter sido publicado em janeiro, por exemplo, ainda não foi publicado e a expectativa é que não sairá neste ano. Em seu blog no jornal O Estado de São Paulo, a jornalista Renata Cafardo enumera as consequências desse impasse para a Educação. Ela ressalta que “o Brasil tem 40 milhões de estudantes, em milhares de escolas, que sequer sabem o nome de Ricardo Vélez Rodríguez. Mas talvez não recebam os livros didáticos destinados ao ensino médio daqui a algum tempo porque o colombiano se enrolou tanto que o edital para compra sequer existe”.
A Folha de São Paulo também ressalta que os atrasos em programas de Educação, provocado pelas desavenças entre integrantes do ministério, preocupam especialistas da área. Além de não publicar o edital de livros didáticos, o MEC também não definiu como dará prosseguimento às políticas em torno da Base Nacional Comum Curricular, que especifica o conteúdo a ser ensinado, nem como vão funcionar as escolas de tempo integral. A única definição, até agora, é a publicação em breve de uma portaria que vai reorganizar o sistema de alfabetização – meta dos 100 primeiros dias do governo.
Em contrapartida, as redes de ensino ainda não receberam nenhuma orientação sobre como vai funcionar o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) neste ano. Em 2019, as escolas deveriam avaliar pela primeira vez a alfabetização das crianças do 2º ano, mas não foram tomadas as providências para isso de fato ocorra.
Havia sido decidido na gestão passada que, também pela primeira vez, os alunos do 9º ano fariam testes de Ciências da Natureza e de Ciências Humanas, além de Português e Matemática. Nenhuma dessas ações previstas foi devidamente planejada, de forma que ninguém sabe como executá-las. O Estadão observa que em um evento recente sobre o Saeb para secretários municipais, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) do MEC não teve nenhum representante. Enquanto o impasse no MEC se prolonga, a Educação permanece à deriva.
Leia: Folha O Estado de São Paulo Correio Braziliense El País
L.L.