Sonia Fleury, sanitarista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) disse em entrevista que a reforma da previdência contribuirá para uma sociedade mais injusta e excludente, na qual os mais pobres serão prejudicados.
“A capitalização é um modelo oposto ao da seguridade. Não é solidário em nada. Você tem uma conta individual, e vai capitalizá-la durante a vida inteira”, explica Fleury. “Se o empregado não conseguir capitalizar, problema dele.”
A pesquisadora do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz está realizando um estudo sobre o impacto que a reforma da previdência terá na sociedade. Ela e sua equipe já produziram uma análise da proposta apresentada pelo governo, na qual concluem que jovens, mulheres e negros serão os mais atingidos pelas mudanças. Fleury aponta que, em 2016, mais de 60% dos desempregados eram negros. Em um regime de capitalização, isso significaria que essas pessoas dificilmente acumulariam o bastante para se aposentar.
Outro dado destacado é o fato de que 30 milhões de famílias vivem em uma residência onde 50% da renda vem de aposentadoria ou pensão. A ausência desses recursos invariavelmente significaria mais pobreza e menos crescimento econômico. “O que a população precisa saber é que essa reforma é profundamente injusta e o dinheiro economizado vai sair dos mais pobres”, diz Fleury.
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V.L. / N.O.