A professora de sociologia do Instituto Federal de Goiás (IFG) Camila Marques foi presa na manhã desta segunda-feira (15) ao questionar uma ação da Polícia Civil no campus de Águas Lindas, onde leciona. Ela também é coordenadora-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).
Segundo a professora, seis policiais chegaram à instituição no início da manhã e começaram a abordar os alunos, sob a justificativa de que estavam investigando uma denúncia de atentado e haviam sido chamados pela própria diretoria do campus. Camila Marques deixou a sala de aula e criticou, junto com outros professores, a abordagem dos policiais, que estavam, segundo ela, agindo com truculência. Por ter filmado parte da operação, os policiais disseram que ela teria de acompanhá-los até a delegacia.
“Quando cheguei no estacionamento, a viatura estava descaracterizada. Eu disse que queria ligar para o advogado e que não era obrigada a entrar naquele carro”, conta a professora em vídeo divulgado no Facebook. “Tomaram meu celular, apertaram minha mão para pegar o celular e me algemaram na frente dos alunos. Fui agredida”, diz mostrando a mão inchada.
Camila ficou detida na delegacia das 9h30 às 13h40. Nesse período, chegou a ser levada para ao hospital para fazer exames. Os três estudantes que foram levados para depor também já foram liberados.
Em nota, a reitoria do IFG disse que a “presença de policiais da Delegacia de Proteção de Crianças e Adolescentes no Câmpus Águas Lindas, está relacionada a uma investigação em andamento. Tal investigação trata de suposta articulação de pessoas para realização de grave atentado contra o Campus Águas Lindas, o que colocaria em risco a vida de estudantes e de servidores no decorrer desta semana, durante as comemorações do aniversário do Campus.”
Na mesma nota, a reitoria informou que está apurando “fatos relacionados à condução de integrantes da comunidade acadêmica à delegacia, seguida de liberação, e tomará as providências cabíveis no âmbito da administração pública”.
O Andes-SN divulgou uma nota em seu site prestando solidariedade à professora. “O ANDES-SN considera injustificada a prisão de professore(a)s em seu ambiente de trabalho e compreende que essa é uma forma de tentar intimidar educadore(a)s e lutadore(a)s que buscam em sua prática cotidiana construir a educação pública, gratuita, laica, democrática e socialmente referenciada.”
N.O.