O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou nova troca de cargos do MEC. O secretário executivo, tenente brigadeiro Ricardo Machado Vieira, foi demitido nesta quinta-feira (18). Segundo informações do Estadão, o novo ministro está trazendo de volta os olavistas para cargos importantes. Os militares sempre defenderam uma gestão mais técnica e por isso rivalizavam com os ligados ao escritor Olavo de Carvalho. A disputa entre grupos de perfis diferentes foi uma das razões da crise que se instalou no MEC durante meses e que levou à queda de Vélez.
Com a substituição de Ricardo Vélez Rodriguez por Abraham Weintraub, o brigadeiro Ricardo Vieira ficaria como assessor especial mas hoje, no entanto, ele foi avisado que não mais teria função no MEC. Sua exoneração já foi publicada no Diário Oficial. Machado havia sido nomeado ao cargo, tido como número dois dos ministérios, no dia 29 de março.
Weintraub vem enfraquecendo os militares do MEC e fortalecendo os “olavistas” na pasta. O grupo havia perdido espaço quando o ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez tentou tirar o viés ideológico do MEC. Os seguidores de Olavo de Carvalho haviam sido realocados para cargos menos importantes estão sendo chamados de volta, especialmente para cuidar da educação básica.
Segundo apuração do Estado, o ex-professor de História do Instituto Federal de Brasília, Eduardo Sallenavi, deve ser o novo Diretor de Acompanhamento das Políticas da Educação Básica, um cargo estratégico. Crítico de Paulo Freire, Sallenavi havia sido direcionado para função menos relevante quando Vélez realizou o chamado expurgo dos olavistas.
Quem ocupava a diretoria de educação básica até terça-feira (16) era Tânia Mara de Moraes. Ela tem perfil técnico e fazia parte do grupo que trabalhava anteriormente no Centro Paula Souza, autarquia do governo paulistas que administra as escolas técnicas e faculdades de tecnologia. Tânia era diretora da Escola Técnica (Etec) de Jacareí, no interior de São Paulo. Outros diretores e assessores não atrelados a Olavo de Carvalho e que fazem parte do mesmo grupo técnico estão em compasso de espera. Aguardam apenas o momento que serão chamados para serem dispensados.
A intenção, segundo fontes, é a de que os cargos da alta gestão sejam ocupados pelos economistas e administradores alinhados ideologicamente com Jair Bolsonaro, enquanto os cargos mais técnicos, que precisam tocar as políticas de educação, estão indo para olavistas.
O secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, também do grupo olavista, tem sido uma espécie de conselheiro do ministro e principalmente do novo secretário de Educação Básica, Janio Endo Macedo, que não tem experiência na área de educação. Macedo é formado em Direito e tem especializações em Administração. Ele atuou por mais de dez anos em bancos e, em 2016, durante a gestão Michel Temer, foi nomeado secretário executivo do então Ministério do Trabalho.
Nadalim foi o responsável por pedir que o MEC não mais avaliasse a alfabetização dos alunos no País, medida revelada pelo Estado. O então ministro Vélez disse que não foi consultado e voltou atrás. Ele também redigiu um decreto sobre alfabetização, que foi criticado por especialistas por dar preferência para o método fônico de aprendizagem.
Outro seguidor de Olavo de Carvalho que ganhou poder foi Daniel Emer. Ele foi nomeado hoje como assessor especial do ministro.
Fábio de Barros Gomes Filho, diretor de Administração do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao MEC, também estaria sendo chamado para integrar a área da educação básica. Gomes Filho é ligado a Nadalim.
M.B. / N.O.