Em relação aos reitores das universidades, o presidente disse: “parece que eles têm autonomia total, soberania. Têm que prestar as contas do que está acontecendo”
Após declarar que manifestantes eram “idiotas úteis” no último dia 15, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar, no domingo (19), os manifestantes que foram às ruas contra os cortes no orçamento para a educação em mais de 200 cidades brasileiras.
Desta vez, ele se referiu aos manifestantes como “movimento do pessoalzinho aí que eu cortei verba”. A fala aconteceu durante conversas com alunos de uma escola particular na porta do Palácio da Alvorada, em Brasília. “E este movimento do pessoalzinho aí que eu cortei verba, o que vocês acharam?”, perguntou Bolsonaro e ele mesmo respondeu: “É uma minoria que manda na escola. Pessoal fica aí alguns oferecendo ponto, facilidades e o pessoal nem sabe o que foram fazer nas ruas”.
O presidente também voltou a chamar os manifestantes de “idiotas úteis”, dizendo que o “pessoal” dele esteve na rua e constatou que “a molecada” nem sabia o que estava fazendo nos protestos.
Os reitores de universidades públicas também entraram na mira de Bolsonaro, que repetiu uma crítica reiterada nos últimos dias pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que autonomia universitária não se confunde com “soberania”.
“Hoje em dia, parece que eles (reitores) têm, na verdade, autonomia total, soberania. Têm que prestar as contas do que está acontecendo”, disse.
As manifestações aconteceram no último dia 15 de maio e a estimativa é de que tenham reunido mais de um milhão de pessoas em todo o país. Um segundo ato nacional está marcado para o próximo dia 30.
Análise das manifestações
Para o jornalista Fernando Brito, “quanto mais o presidente transforma o caso numa briga de porta de colégio, mais juntará gente”. Em seu site, Tijolaço, o jornalista defendeu a ideia de que as ofensas dirigidas aos manifestantes elevou a participação popular.
“O “pessoalzinho que cortei verbas aí”, progressivamente, será ampliado com aposentados, trabalhadores na iminência de perderem este direito, gente acossada pelas dificuldades financeiras de uma crise que só se agrava. E que, com a destruição da política, subitamente encontrou um meio de se manifestar”, avalia o jornalista.
C.G./L.L.