MEC quer Enem digital, mas 20% das escolas públicas não têm acesso à banda larga

O MEC anunciou hoje (3) que o Enem será totalmente digital até 2026. O projeto do governo é fazer a mudança do meio impresso para o digital progressivamente a partir do ano que vem. Dados do Censo Escolar 2018, porém, indicam que a tarefa não será simples.

Segundo as estatísticas, uma em cada cinco escolas públicas de ensino médio no país, quase 20%, não tem internet banda larga, e 17,9% não têm nem sequer laboratório de informática. Em relação à conexão online, 6,4% das escolas públicas da etapa não têm conexão.

Ainda é preciso considerar o acesso à internet nas diferentes regiões do país. Na região Norte, Nordeste e nas zonas rurais, o índice de acesso à internet e à banda larga é muito baixo e instável. Entre os 5570 municípios do Brasil, cerca de mil não têm acesso nenhum à internet. Em um país continental como o nosso esse é um desafio que precisa ser contornado,  afirmou o diretor presidente da ONG SaferNet Brasil, Thiago Tavares.

Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, diz não ver problemas nem riscos eventuais de uma prova em formato digital. Segundo ele, a empresa contratada para fazer a aplicação será responsável por fornecer estrutura necessária para fazer o Enem nesses moldes. 

Para Thiago Tavares, o MEC precisa estar preparado para garantir que esses computadores não sejam atacados virtualmente. Ele explica que qualquer computador conectado está suscetível a intervenções: “É preciso pensar em uma série de estratégias para contornar, inclusive, o risco de ataques a servidores de internet nos locais de aplicação. Até os servidores da Nasa são suscetíveis a ataques, grandes estruturas de gigantes da internet como o Twitter e o Facebook já foram alvo. São ações conhecidas como “ataques de negação de serviço”, que procuram sobrecarregar o servidor e fazê-lo parar de funcionar. Não há uma maneira de garantir uma proteção 100% contra isso”, disse Tavares.

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M.B.