Ministério não informou como o programa será substituído
Programa que permitiu a mais de 818 mil alunos e professores universitários aprender uma segunda língua, o Idiomas sem Fronteiras (IsF) será encerrado pelo Ministério da Educação. Criado para ser um braço do Ciências sem Fronteiras (CsF), finalizado em 2014, o projeto se tornou nos últimos anos a principal ação do governo federal para promover a aproximação do ensino superior brasileiro ao de outros países.
A gestão do ministro Abraham Weintraub fez duras críticas ao programa. “O Idiomas sem Fronteiras não funcionou, a gente vai substituir. O objetivo não pode ser pagar TOEFL [teste de proficiência em inglês] para as pessoas”, disse Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, secretário da Educação Superior do MEC. A declaração foi dada durante a apresentação do Future-se, na última quarta-feira, dia 17.
Apesar de o secretário resumir o programa ao “pagamento de TOEFL”, o IsF foi desenvolvido com três linhas de atuação: aplicação de testes de proficiência, oferta de cursos de idiomas presenciais e a distância. Entre 2014 e 2018, 454,7 mil pessoas fizeram o TOEFL pelo IsF e 364,5 mil fizeram os cursos. As aulas e os testes eram voltados para alunos da graduação e pós graduação e professores universitários – e contemplou, além das instituições federais, as estaduais e faculdades tecnológicas.
Minutos antes de criticar o programa, Lima Júnior destacou exatamante que uma das principais dificuldades das universidades brasileiras é a internacionalização. “Existem poucos estrangeiros no nosso País e poucos brasileiros no exterior. As ações que foram feitas no passado, como o Ciências sem Fronteiras, não foram bem sucedidas porque focaram no CPF das pessoas. Nós queremos focar no CNPJ das instituições”, disse.
Lima Júnior não explicou qual modelo vai ser adotado no lugar do IsF, apenas disse que sua ideia é promover a internacionalização a partir da vocação de cada instituição. “Vamos descobrir a vocação que cada universidade tem e a partir daí como potencializar essas pesquisas. A Universidade Federal de Viçosa, por exemplo, se destaca na área de agronomia. Podemos fazer uma parceria entre ela e a Universidade de Iowa. Quando fizer a parceria, aí você vê se o idioma é um problema para a publicação ou pesquisa. Aí vai para o [curso de] Francês, Alemão, qualquer um que seja”, disse.
Questionado sobre se há uma nova proposta para ensino de idiomas no ensino superior e qual deve ser o novo formato, o MEC informou que as “necessidades serão avaliadas com a implementação do programa Future-se”.
Atualmente o programa tem 5.950 alunos matriculados nos cursos e, no ano passado, o MEC comprou 43 mil testes TOEFL ao custo de R$ 4,5 milhões para aplicar em 2018 e 2019. Segundo a pasta, quem está em matriculado ou já inscrito nas para as provas não será afetado pela alteração.
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