Marcos Pontes defende Bolsonaro em polêmica sobre dados de desmatamento

Ministro de Ciência e Tecnologia informou em nota que revisará a série histórica do Inpe 

O ministro da Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, se posicionou oficialmente sobre os atritos entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, sobre os dados do desmatamento na Amazônia. Na última quinta-feira, em sua transmissão semanal nas redes sociais, o presidente Bolsonaro levantou dúvidas sobre a credibilidade dos dados do Inpe e acusou o diretor Galvão de estar “a serviço de alguma ONG”. O diretor, por sua vez, rebateu as acusações e saiu em defesa do trabalho do instituto, reconhecido mundialmente pelo trabalho de mapeamento da Amazônia.

Em nota divulgada ontem (22), o ministro Marcos Pontes afirma que Galvão se excedeu nas respostas ao presidente da República. “Discordo do meio e da forma utilizada pelo diretor, visto que não corresponderam ao tratamento esperado na relação profissional, especialmente com o Chefe do Executivo do País”, afirmou em nota oficial.

Pontes também disse entender a “estranheza” vista pelo presidente Bolsonaro nos dados de desmatamento do Inpe e tratou os questionamentos como “saudável discussão de hipóteses”. “Entendo e reconheço a estranheza expressa pelo nosso presidente Bolsonaro quanto à variação percentual dos últimos resultados na série histórica. A contestação de resultados, assim como a análise e discussão de hipóteses, são elementos normais e saudáveis do desenvolvimento da Ciência, suas teorias e metodologias.”

O impasse sobre o tema, no entanto, ainda não foi plenamente superado. O diretor do Inpe foi chamado a prestar esclarecimentos sobre a série histórica dos últimos 24 meses das análises do desmatamento na Amazônia. Segundo a nota, o material será analisado conjuntamente por técnicos do próprio Inpe, do MCTIC e também do Ministério do Meia Ambiente (MMA).

Veja abaixo a nota do ministro Marcos Pontes na íntegra:

Esclarecimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Com relação aos dados de desmatamento produzidos pelo INPE, organização pelo qual tenho grande apreço, entendo e reconheço a estranheza expressa pelo nosso presidente Bolsonaro quanto à variação percentual dos últimos resultados na série histórica.

A contestação de resultados, assim como a análise e discussão de hipóteses, são elementos normais e saudáveis do desenvolvimento da Ciência, suas teorias e metodologias.

O INPE tem feito essas análises por muito tempo. Tenho certeza que um relatório técnico esclarecerá rapidamente qualquer dúvida sobre os resultados.

Portanto, o MCTIC está solicitando ao INPE um relatório técnico completo contendo os resultados da série histórica dos últimos 24 meses, assim como informações detalhadas sobre os dados brutos, a metodologia aplicada e quaisquer alterações significativas desses fatores no período.

O relatório será analisado conjuntamente pelos técnicos do MCTIC, do INPE e do MMA, sempre visando a melhoria continuada do monitoramento e preservação ambiental, assim como o aperfeiçoamento das ferramentas e metodologias empregadas no sistema.

Sobre as declarações do diretor do INPE, organização vinculada ao MCTIC, que foram feitas à imprensa em resposta ao questionamento do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro em relação aos dados de desmatamento.

Embora entenda o contexto do fator emocional, discordo do meio e da forma utilizada pelo diretor, visto que não corresponderam ao tratamento esperado na relação profissional, especialmente com o Chefe do Executivo do País.

Em consequência, o Diretor do INPE foi convidado pelo MCTIC para esclarecimentos e orientações. A partir dessa reunião serão definidos novos passos.

Portanto, o tratamento das questões relativas aos dados de desmatamento e as declarações do diretor do INPE está em curso, não havendo no momento mais nada a acrescentar sobre o assunto. Havendo desdobramentos significativos em qualquer das questões, eles serão divulgados oportunamente.

Marcos Pontes

As informações são do Jornal da Ciência