“Vamos tocar, mas de forma precária, devendo para muita gente”, diz reitor da UFSC

 

Universidade depende de liberação de recursos em agosto para pagar fornecedores 

Em maio, quando o governo anunciou o corte no orçamento das universidades, o reitor da UFSC, Ubaldo Balthazar, chegou a dizer que a instituição só tinha dinheiro para funcionar até agosto. Em entrevista para a Apufsc, nesta quinta-feira (01), ele disse que “vai dar para tocar, mas de forma precária, devendo para muita gente”. 

“Não me pergunta o que vai acontecer se o governo não liberar os recursos esse mês”  (foto: Manoela Bonaldo) 

Ao contrário de algumas instituições que já tiveram até a energia cortada, a UFSC ainda está com as contas em dia, e pagando seus fornecedores. Sem acesso aos recursos do mês, que ainda não foram liberados pelo governo, essa situação pode mudar. 

Balthazar espera que até o fim da semana que vem, pelo menos parte dos R$ 15 milhões necessários para bancar as despesas mensais de custeio da universidade seja autorizada pelo Ministério da Economia. “As aulas vão começar no dia 5 de agosto. Agora, não me pergunta o que vai acontecer se o governo não liberar os recursos”, afirma. 

Nos últimos meses, a reitoria diz ter feito um esforço para cortar custos com o objetivo de não afetar a assistência estudantil. Os quatro maiores contratos da universidade com empresas terceirizadas foram renegociados e seus valores mensais reduzidos em 11%, em média – o que vai gerar a partir deste mês uma economia de R$ 500 mil. 

Recebendo menos, as empresas que prestam serviços de limpeza, vigilância, portaria e cozinha para a universidade também vão enxugar seus quadros e reduzir a atuação. A previsão informada pela reitoria é de que 80 profissionais terceirizados sejam demitidos após esses ajustes. “Centros que tinham vigilante e porteiro vão ficar só com um dos dois. A própria reitoria já não tem mais vigilância durante o dia”, diz Alvaro Guillermo Rojas Lezana, diretor-geral do gabinete do reitor. “A limpeza dos banheiros, três vezes por dia, será mantida. Mas nas salas, vai diminuir.”

Até o cardápio do Restaurante Universitário foi reformulado, gerando uma economia de 15% na compra de alimentos para o preparo das refeições. “Na janta, vai ter quibe, que é carne moída: mais barato do que bife acebolado”, disse o reitor.  Uma comissão, que havia sido formada mesmo antes dos cortes federais, deve apresentar ao Conselho Universitário uma proposta para aumentar o valor das refeições no RU, hoje de R$ 1,50. 

O ministro da Educação Abraham Weintraub tem dito, em entrevistas, que as universidades fizeram barulho por causa do contingenciamento e seguem funcionando normalmente. “No começo os grandes veículos de comunicação disseram: Olha vai fechar, vai quebrar, vai falir e absolutamente não tem um único exemplo até agora de aula interrompida, fruto do contingenciamento, porque a verdade aparece”, disse no dia 17 de junho.  

Questionado se o esforço de cortar custos não passa para o MEC o recado de que é possível manter a universidade com menos recursos, Balthazar justificou que o objetivo é não prejudicar os estudantes. “Se o ministro acha que a Universidade Federal de Santa Catarina está conseguindo vencer o ano, cortando e economizando, isso é problema dele”, disse. “Para a sociedade, queremos deixar claro que não estamos fazendo o suficiente diante de tantos cortes.”


N.O.