Ao menos 21 federais têm atividades prejudicadas por contingenciamento do MEC

Levantamento feito pelo G1 aponta que aulas, pesquisas e ações de extensão já foram comprometidas a partir deste mês

O segundo semestre começou com suspensão em atividades em pelo menos 21 universidades federais por causa do bloqueio no orçamento feito pelo MEC. Caso não seja revertido, as aulas poderão ser suspensas a partir deste mês em dez universidades. As informações são do site G1, que entrou em contato com 68 instituições de ensino superior e recebeu respostas de 37.

Sem recursos, as instituições estão planejando restringir ainda mais suas ações, como o atendimento médico à comunidade em hospitais e clínicas de psicologia e nutrição, ou ainda suspender bolsas de extensão. Outros planos são cortar cursos voltados à comunidade, como os preparatórios para o vestibular e Enem, e a capacitação de profissionais da educação básica, bandeira que está entre as prioridades do próprio MEC, de acordo com o documento Compromisso pela Educação Básica, lançado em julho.

Ensino prejudicado

A falta de recursos poderá afetar o andamento das aulas no segundo semestre em dez das 36 universidades que enviaram respostas ao G1. Outras sete não apontaram data, mas confirmaram que o dia a dia dos estudantes está ameaçado. 

As aulas poderão ser suspensas nas seguintes universidades a partir de: 

  • Agosto: UFCSPA (já ocorre) e UFPR (fim de agosto)

  • Setembro: UFACd+ UFPEd+ UFFRJd+ UFRRJd+ Unipampad+ e UFPel

  • Outubro: UFG (Jataí) e UFRJ

Pesquisa e extensão afetadas

Segundo o levantamento, 21 universidades disseram que terão as pesquisas afetadas: UFACd+ UFSBd+ UFG (Jataí e Catalão)d+ Unifal d+ UFJFd+ UFTMd+ Unifeid+ UFVd+ UFSJd+ Unifesspad+ Univasfd+ UTFPRd+ Unilad+ UFRNd+ UFRGSd+ UFCSPAd+ UFPeld+ UFABCd+ UFT e Unifesp. 

A maior parte cita a falta de insumos para laboratórios. Na Unifei, por exemplo, irão faltar recursos para pesquisas que usam o liquefator de nitrogênio, o qual não pôde ter sua manutenção realizada devido à falta de recursos. Pesquisas em áreas importantes, como eficiência energética e propriedades de materiais, também foram afetadas. 

Além disso, 20 universidades disseram que as atividades de extensão serão atingidas: UFABCd+ UFACd+ UFCSPAd+ UFG (Catalão e Jataí)d+ Ufopd+ UFPeld+ UFPRd+ UFRGSd+ UFRJd+ UFRNd+ UFSBd+ UFSCd+ UFTMd+ UFVd+ Unifald+ Unifespd+ Unifesspad+ Unipampa e Univasf. 

Eles citam: 

  • Os cursos de preparação para vestibulares e Enem (UFAC, UFPel e UFT)d+ 

  • A assistência à saúde da comunidade (Unipampa, UFPel e UFG – Jataí)d+ 

  • A suspensão de bolsas de extensão (UFG – Jataí e UFT)d+ 

  • A reconstrução do restaurante universitário em Marabá e do hospital veterinário em Xinguara (Unifesspa)d+ 

  • O desenvolvimento de startups (Unipampa)d+ 

  • A capacitação para profissionais da educação básica (Unipampa)d+ 

  • A orientação de vítimas de violência (UFCSPA)d+

  • Na UFSC, todos os serviços serão suspensos.

Para reverter a falta de recursos, as universidades apontam medidas que vêm sendo tomadas para evitar entrar no vermelho, como o corte de terceirizados, a economia de água e energia, suspensão de obras, alimentação (restaurante universitário), transporte e viagens. 

Dívidas

Ao menos cinco universidades já entraram em 2019 com o saldo devedor. A Univasf afirma que fechou 2018 com R$ 4 milhões de dívidas, seguida por UFV (R$ 6 milhões)d+ UFSC (R$ 11 milhões)d+ Unirio (R$ 36,1 milhões) e UFRJ (R$ 283 milhões).

Para 2019, dez universidades estão prevendo que poderão ficar no vermelho se os recursos não forem liberados pelo MEC. A situação é mais crítica na UFRJ, que estima fechar o ano com R$ 307 milhões em dívidas, seguida pela UFF (R$ 55 milhões), UFV (R$ 16 milhões), Univasf (R$ 10 milhões), Ufop (R$ 9 milhões), UFSB (R$ 6,2 milhões), UFG – Jataí (R$ 4 milhões), Unila (R$ 2,7 milhões), UFG – Catalão (R$ 2 milhões) e UFT (R$ 15 milhões). 

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