Projeto de instituições “digitais” ganha prioridade do governo em cenário de cortes na educação
O plano do governo de Jair Bolsonaro (PSL) pretende apostar na expansão do ensino a distância no sistema federal de ensino superior. Segundo o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o governo prepara um modelo de universidade federal e institutos federais digitais.
O projeto, ainda em desenvolvimento, é apontado pelo MEC como prioridade em meio ao bloqueio de verbas que preocupa reitores e pesquisadores de todo país. Segundo avaliações do próprio governo federal, cursos a distância têm menor qualidade na comparação com os presenciais.
“Estamos estudando, está incipiente ainda, a Universidade Federal Digital e Instituto Técnico Digital através de plataforma para o Brasil todo. É pra lá que a gente vai caminhar”, disse Weintraub na sexta-feria (23).
O ministro falou sobre o assunto durante entrevista em Brasília para anunciar o repasse de R$ 60 milhões para instalação de internet em escolas rurais de educação básica. Os valores, transferidos para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações para que as ações sejam executadas, fazem parte dos R$ 120 milhões já prometidos pelo MEC para essa ação, chamada Educação Conectada.
Na última avaliação federal com alunos concluintes do ensino superior, o Enade de 2017, 6,1% dos cursos presenciais tiveram conceito máximod+ no ensino a distância, o percentual foi de 2,4%.
Cursos não presenciais têm sido aposta das instituições privadas para expansão das matrículas — além de poder facilitar o acesso do aluno, representam ainda custos menores de operação. A modalidade já representa 25% dos alunos em instituições privadas.
As universidades federais já adotam o ensino a distância, mas em menor extensão. Em 2017, registrou-se 101.395 alunos na modalidade, o que representa 8% do total de matrículas. Os dados são da Sinopse Estatística da Educação Superior de 2017, do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
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