A declaração foi feita aos deputados que questionaram o ministro ontem na Câmara em audiência sobre o programa Future-se
Sob pressão dos parlamentares, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse ontem (4) na Câmara que espera a liberação, nos próximos dois meses, de “um terço do que foi contingenciado” na pasta, informa o G1. A expectativa, segundo o ministro, é que mais de R$ 500 milhões sejam liberados para as universidades.
“Vai depender de quanto for liberado para a economia, mas eu acho que o volume será mais ou menos de um terço do que foi contingenciado. Vai sair nos próximos dois meses”, disse o ministro ao G1 quando participava de evento em Brasília para homenagear alunos com as melhores notas no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Para a Gazeta do Povo, o ministro afirmou que o contingenciamento do orçamento das universidades será revertido “ainda neste mês”, destaca o jornal.
“O contingenciamento vai voltar agora, a partir de setembro. Isso vai gerar um alívio, e vai ser a prova de que houve contingenciamento e não corte. E, aí, quem falou que teve corte vai ter que se explicar”, disse o ministro. “Diversas universidades afirmaram que suas atividades seriam paralisadas ainda no fim do primeiro semestre deste ano, por conta do contingenciamento.”
No dia 20 de setembro, o governo federal deve divulgar o relatório de receitas e despesas do 4º bimestre de 2019 – neste momento, o Ministério da Economia pode apontar a necessidade de reduzir ainda mais ou devolver recursos para as diferentes áreas.
Capes e CNPq
Sobre as bolsas de pesquisa anuladas pelo MEC, Weintraub afirmou que a ação não será revertida. “A gente cortou, não contingenciou, bolsas que estavam vazias, de cursos que estavam mal avaliados há mais de 10 anos. Cortamos, também, bolsas que estavam disponíveis para reitores, alguns ganhavam até 100, as quais eles podiam dar, por livre arbítrio, para quem quisessem”, disse. “A vida é feita de escolhas e, às vezes, a gente tem que falar não, para poder falar sim”.
Na segunda-feira (2) a Capes anunciou o corte de mais 5.613 bolsas de mestrado e doutorado no país, o que totaliza cerca de 11 mil bolsas cortadas desde o começo do ano. Além disso, o MEC também anunciou nesta semana que o orçamento da Capes para 2020 será reduzido pela metade. O CNPq também suspendeu a concessão de novas bolsas e os atuais bolsistas ainda correm risco de não receber a partir de setembro.
Na avaliação de Weintraub, a anulação dessas bolsas permitiu que a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento Profissional de Nível Superior) estivesse em uma situação “muito mais confortável atualmente do que a do CNPq”.
“Estou administrando uma situação de crise. Temos tempo para buscar solução para ampliar os recursos e evitar cortes em bolsas. Meu interesse não é acabar com a pesquisa no Brasil, é acabar com desperdício que, infelizmente, existe”, disse Weintraub. “É mentira que a gente pode ter tudo o tempo inteiro para todo mundo. Temos que fazer escolhas e alocar para quem mais precisa.”
Leia mais: G1/Gazeta do Povo