Discurso pronunciado pelo professor Armando Lisboa na posse da Diretoria da Apufsc, 2008-2010, no Auditório do CSE em 31/10/08
“O pugilato das idéias é
muito pior que o das ruas”
(Machado de Assis)
É nossa missão fortalecer a Apufsc numa época de profundas mudanças, num tempo crucial.
A Apufsc, nosso espaço comum, corre risco de se debilitar frente à implantação do Plano de Saúde/UFSC, para onde centenas de colegas, coerentemente, estão migrandod+ pode se deteriorar diante da conjuntura de macro-crise econômico-financeira que já atinge diretamente a universidade pública.
O compromisso de colocar em vigência o novo Regimento e consolidar uma prática sindical nova fica mais difícil diante de um cenário de conflituosas e tensas disputas no sindicalismo docente (Proifes x Andes).
Tudo isto já está tendo – e terá ainda mais – um grande impacto sobre a Apufsc. Não tenhamos ilusão. A Apufsc, no final do mandato que ora se inicia, não será mais a mesma, independente do que faça a nova Diretoria!
Nestes tempos difíceis, também de corte da URP, intervenção na Feesc e eleições para reitor, vivenciei, como Presidente, um bombardeio sistemático, inédito. Escancara Oscar Wilde que “antigamente os homens tinham a roda de tortura. Hoje têm a imprensa”. Assim como eu sobrevivi, sobreviveu também a última Diretoria, porém muitas foram as perdas que todos sofremos.
Mas, não vimos aqui chorar pelo que passou, nem para fazer balanços e revelar que, após muitas e muitas diretorias, tivemos uma que não conduziu greve alguma, mas para afirmar a esperança num futuro melhor. per atra ad astra (“Por caminhos ásperos chegamos aos astros”).
Ou seja: dentro do turbilhão que recentemente vivemos, muitas glórias foram geradas, como o reavivamento do Conselho de Representantes após décadas inativo, ou assembléias com centenas de colegas que não foram convocados para discutir greve.
1.085 professores votaram nas últimas eleições. Um patamar histórico. Mas a Apufsc é ainda maior que este resultado, é maior que nós. É mais que um palco político. Neste mundo das redes interativas, da informação compartilhada, há que ver o sindicato de professores de outra forma. A universidade é um ambiente propício para inteligência de nível superior, ainda que, alerta Mário Schenberg, falta muito para a universidade brasileira ter uma autêntica mentalidade científica.
Se rompermos com o fluxo de informação de mão única, se não tratarmos os membros do CR como meros garotos de recado, emergirá a inteligência coletiva da multidão, a qual impedirá que sejamos condôminos que meramente disputam entre si, burra e fraticidamente.
Temos um mandato político nas mãos, e com um tempo curto de validade. Os colegas esperam mudanças, mudanças que não sejam precipitadas e tempestivas, mudanças que reflitam a vontade de todos.
Nossa proposta como Diretoria é ouvir a opinião dos professores, é escutar atentamente a voz dos colegas. Buscamos apenas o poder obediencial, fundado na escuta obediente (ob-audire), pois o poder não é nosso: é vosso, colegas. Sempre!!! Corrupção política é buscar interesses de clãs e pequenos grupos. O ritual de posse é um voto de obediência. Prometemos vos ouvir e obedecer.
A voz da multidão docente da UFSC já se materializou de forma firme e cristalina no Regimento novo. O novo Regimento é fruto da mobilização de centenas de professores, foi produzido através dum grande processo de participação e consulta as bases. Certamente não é perfeito, mas merece todo nosso respeito. Não podemos descumpri-lo. Jamais.
Inspirado em Ulysses Guimarães, proclamo: a Apufsc deve mudar. A UFSC quer mudar. A Apufsc vai mudar. Nosso Regimento é a voz, a letra, a vontade política dos professores rumo à mudança. Que ele seja o nosso grito: Mudar para vencer! Muda Apufsc!
Professores Armando Lisboa, Rogério Portanova, Paulo César Philippi, Alai Diniz, Carlos Mussi, Ricardo Tramonte, José Fletes, Nilton Branco e Gerônimo Machado