Falta-me erudição e verborragia, assim, mesmo sem poder adornar o meu texto com citações de séculos passados, gostaria de trazer a tona alguns pontos que considero importantes.
A reforma do regimento da Apufsc não é um fim em si, mas um passo na direção da recriação de um órgão de defesa dos direitos dos seus associados, os professores. O aumento da representatividade do nosso sindicato está se dando na participação do conselho de representantes nas decisões importantes e na possibilidade dos associados terem um contato mais direto e mais freqüente com o ambiente onde são tomadas as decisões. Esta proximidade ficará evidente quando o Conselho de Representantes definir sua pauta de discussões com a colaboração e a partir das necessidades dos representados. É um pequeníssimo passo em um longo caminho.
Por outro lado, fazer análises pode ser interessante, desde que estas dêem suporte ou indiquem formas de superar a crise atual do movimento docente, senão serão tão somente belos ensaios. Considerar que as fundações são as vilãs da história é simplista demais, considerar que os partidos políticos “certos” não chegaram ao poder para implementar soluções “adequadas” ao problema é utópico demais. A realidade está posta para todos os que querem ver, o financiamento da Universidade dá-se por várias fontes: orçamento federal, recursos de órgãos de fomento e empresas públicas e privadas. Como viabilizar a Universidade somente com recursos federais? Quem deve reclamar por mais recursos em primeira instância, um sindicato ou os colegiados da UFSC?
É claro que estes problemas “contaminam” o trabalho dos professores, mas o nosso problema principal é como nos relacionarmos com o patrão, que não é um patrão privado, como reclamar por melhores salários, sem ter como premissa uma sociedade ideal, e como única saída greves intermináveis e vazias, ou ser amigo do patrão. Sindicato é para cuidar principalmente do salário dos professores. Se não fizer isto bem não tem nada mais o que fazer.
Culpar os professores que trazem recursos para a universidade, atacar o reitor, não se responsabilizar pela incompetência de ter deixado o movimento sindical chegar à quase extinção e usar o sindicato e seu boletim como palanque são atitudes que não ajudam a resolver problemas. Dizer que o novo sindicalismo “tem que controlar o empreendedorismo” é querer contaminar o novo sindicalismo com o velho jogo de poder político-partidário (palanquismo) disputado desde o sindicato, pouco se importando com as necessidades dos associados.
Estou trabalhando no Conselho de Representantes por um sindicato melhor, que ouça os seus associados, que se preocupe com as suas necessidades. Espero que todos participem, falem com os seus representantes, cobrem deles. Chega de iluminados, chega de modelos que somente funcionam numa sociedade inexistente, vamos ser realistas sem deixar de sonhar. Vamos arregaçar as mangas e trabalhar para construir.