Em primeiro lugar gostaria de solicitar a todos uma maior serenidade nas discussões sobre a renovação de nosso plano de saúde. Sei que não é fácil, mas façamos um esforço coletivo em busca daquilo que queremos. O momento exige de nós uma análise criteriosa das propostas que estão postas à mesa, análise esta que deve ser, tanto quanto possível, isenta de paixões e de arroubos político-ideológicos.
Temos um problema urgente e necessitamos refletir e decidir com base nos dados de que dispomos neste momento.
Guardo bem nítida em minha mente a impressão de uma reunião sobre a Unimed que houve em 2005, por ocasião da ruptura de contrato, unilateralmente feita pela operadora, que durou cinco dias. Dela participaram um grande número de professores aposentados e mais velhos, donde imagino que com maiores necessidades de assistência à saúde. Pois bem, lá vi o medo e a insegurança estampada nos rostos daquelas pessoas, diante da possibilidade real de ficarem sem cobertura do seu plano de saúde. Isto é grave e espero sinceramente que não se repita.
Devemos, já expressei várias vezes isto, fazer um profundo e criterioso estudo sobre as possíveis alternativas que se nos apresentam, mas isto exige tempo e dedicação. Não é algo que se possa fazer em um mês. Precisamos definir uma comissão de estudos para tal, envolvendo pessoas qualificadas nesta área, com um cronograma bem definido e bem planejado, para que tenhamos dentro de um prazo razoável (digamos seis meses) um relatório conclusivo e sobre o qual poderemos tomar uma decisão madura e sustentada por sólidos argumentos. Este trabalho já foi iniciado. Demos continuidade a ele e aperfeiçoemos o que se mostrar necessário.
Neste estudo temos que fazer análises comparativas entre todas as opções ofertadas pela operadora, bem como entre diferentes operadoras. Além disso, necessitamos também comparar diferentes contratos de uma mesma operadora com entidades diferentes. Por exemplo, por que as mensalidades para associados do Crea-SC são menores que as nossas? Que outras entidades com grande número de associados são atendidas pela Unimed? E em que condições?
MAS, VOLTEMOS AO PRESENTE. O QUE TEMOS HOJE?
A atual diretoria já vem negociando há bastante tempo a renovação do contrato com a Unimed e chegou a um acordo onde está previsto um reajuste de 19% nas mensalidades. Não podemos desconsiderar este fato. Este valor certamente exigiu um trabalho muito árduo de negociação e não podemos, de forma alguma, simplesmente desprezá-lo.
Este reajuste será aplicado para o plano que já existe, o Uniplan.
Por outro lado, a operadora propõe, a quem o desejar, a migração para um novo plano, o chamado Uniflex.
O que precisamos de imediato saber:
1) O plano antigo não é um plano regulado pela Agência Nacional de Saúde (ANS). O que isto significa? Simplesmente que os procedimentos médicos cobertos pelo plano são aqueles estabelecidos no contrato firmado entre Apufsc e Unimed, onde constam também os procedimentos excluídos.
Isto não nos assegura nenhuma proteção? Sim, estamos protegidos pelo contrato e também pelo Código de Defesa do Consumidor. Ocorre, porém, que para fazer valer nossos direitos talvez tenhamos que recorrer ao Procon ou à justiça, o que pode nos trazer alguns problemas, como: falta de agilidade (a justiça nem sempre é ágil o suficiente e estamos tratando com saúde) ou represálias por parte da operadora (em 2005, salvo engano, a Unimed ameaçou romper o contrato caso se entrasse com recurso judicial). Em ambos os casos se gera insegurança, sob meu ponto de vista.
2) O plano novo é um plano regulado pela ANS. Isto significa que o rol de procedimentos mínimos é o estabelecido pela agência reguladora. A proteção é, a meu ver, mais eficaz, uma vez que a ANS tem o poder legal de fiscalizar e intervir, por meio de notificação ou de auto de infração (multa), fazendo com que a operadora respeite mais o que está estabelecido.
Por outro lado, como o novo plano cobre mais procedimentos que o Uniplan, é lógico que seu custo seja mais elevado, refletindo-se em mensalidades de maior valor. Ao mesmo tempo, este plano novo oferece a opção da co-participação (para consultas, exames, fisioterapias e acupuntura). É uma espécie de franquia, que implica redução nas mensalidades. Cada um deve fazer uma análise de sua situação pessoal e verificar o que é mais conveniente.
Dentro deste plano existem várias alternativas, que cada associado deve analisar com cuidado.
Não estou, que fique bem claro, defendendo a migração para o Uniflex. Eu mesmo não penso fazê-lo antes de um estudo mais aprofundado.
Em resumo, o que está posto é que podemos todos ficar com o plano que já temos, podemos todos migrar para o novo plano ou podemos ainda optar alguns por uma outros por outra das alternativas. Qualquer que seja a opção pessoal, pelas informações de que disponho, os reajustes anuais de mensalidades serão de mesmo percentual para todos, permanecendo a característica do mutualismo.
Além destes comentários, existem alguns outros esclarecimentos que julgo necessários que tenhamos, Eis alguns que me ocorrem:
1) Qual o rol de procedimentos mínimos estabelecidos pela ANS?
2) Como se dá a co-participação? Trata-se de um percentual (20%, 30%, 50%) a ser pago pelo usuário, nos caso já citados, até um limite de R$ 80,00 por procedimento. É tomada como referência a tabela de preços da Unimed (confira no site da Apufsc – www.apufsc.ufsc.br)d+
3) Segundo a Unimed, na migração do plano antigo para o novo, todos os procedimentos nos quais as carências já foram cumpridas no plano anterior não sofrerão carência para os novos planos. Fica a dúvida: E para os procedimentos que não estavam contemplados no plano antigo, quais as carências?
4) Quanto à ampliação da cobertura, com o novo plano, há que melhor explicar os termos médicos que existem nos folhetos da operadora, bem como alguns estabelecidos no documento da ANS. Aqui precisamos da contribuição de alguém da área médica, para nos explicar, por exemplo, o que é uma “radiologia intervencionista”, entre outras terminologias.
Cabe salientar, também, que em paralelo com as opções da Unimed, surgiu mais recentemente a opção por uma outra operadora, chamada Agemed.
Numa primeira análise, sem muita profundidade, parece ser uma boa alternativa. Mas, mais uma vez, prefiro fazer uma análise profunda. Trata-se de uma operadora com sede em Joinville, com 10 anos de vida, que já tem estrutura também em Florianópolis, embora com menor penetração que a Unimed (quadro médico menor). Ela deseja entrar no mercado local. Para tanto oferece uma proposta nitidamente mais vantajosa em termos de valores de mensalidades, o que é óbvio em se tratando de conquista de mercados.
Mas, segundo minha análise, esta operadora tem tido sucesso em seu nicho de atuação, o setor empresarial. Será que ela terá o mesmo sucesso em nosso meio. É bom lembrar que as características de nossos usuários são bastante distintas das apresentadas por profissionais de uma empresa privada, com demandas bastante diferentes. Me fica a dúvida, por enquanto, se daqui um ano, quando teremos que renovar o contrato, não chegará a operadora com uma série de dados nos mostrando que o plano por eles fornecido foi deficitário e que, por esta razão, termos que nos submeter a um reajuste mais expressivo ou, pior que isso, buscar outra operadora.
Apenas como exemplo desta possibilidade, lembro aos colegas que é muito comum algumas empresas, sobretudo de telefonia celular, de TV a cabo, provedores de Internet e operadoras de cartão de crédito, nos ofertarem promoções enganosas, com baixos custos iniciais e, transcorrido algum tempo, com o cliente já conquistado, nos infligirem mudanças significativas. Aí só nos resta pagar a conta ou pular fora da armadilha. Com saúde não podemos correr este risco.
Reitero, nesta minha tentativa de contribuir, que o principal neste momento é agir com sensatez, com calma e com uma boa dose de tolerância.