Não faz muito tempo, eram três as candidaturas à reitoria da UFSC. Uma delas, contudo, fez água antes mesmo que a campanha ganhasse o campus. O desistente, como se sabe, é ninguém menos que o atual reitor.
Pois bem: subtraído o candidato oficial, restariam, à primeira vista, apenas candidatos de oposição, o que, convenhamos, configura uma circunstância um tanto bizarra, suspeitíssima. Ou alguém admitiria sem resistência que o poder constituído renuncie tão abruptamente à tentativa de se perpetuar?
Não sejamos ingênuos: a verdade é que o professor Lúcio foi vítima de um golpe palaciano. Se deixou a cena, foi somente porque as suas bases foram minadas por dentro. E os seus inimigos internos, aliás, são bem conhecidos. Público e notório é o fato de que, ao longo da gestão, ele e seu vice, o professor Ariovaldo Bolzan, jamais se entenderam. Público e notório é, também, o embate que manteve com o professor Rodolfo Pinto da Luz, seu antecessor e antigo apoiador. Ora, não é difícil concluir que foram essas eminentes figuras os grandes artífices da débâcle do atual reitor. Mas é claro que os dois cardeais não fizeram o que fizeram por picuinha ou ressentimento. A rigor, inviabilizaram as pretensões do professor Lúcio sabendo muito bem que tinham uma carta na manga. Basta ver, hoje, ao lado de que candidato estão, em campanha aberta, todos os pró-reitores e demais altos funcionários da atual gestão. Fica finalmente evidente que a candidatura do professor Prata não foi lançada senão para cumprir o papel de estorvar o professor Lúcio e de, no limite, substituí-lo como representante da situação. Fato bem conhecido, o professor Prata foi Pró-Reitor do professor Rodolfo por indicação do professor Ariovaldo. Não há, pois, o que estranhar na aliança que os reúne novamente.
Há quem se prenda ao currículo, à elegância e à discrição do novo (?) candidato oficial. De fato, ele tem certas qualidades pessoais. Mas é preciso que seus apoiadores mais bem intencionados percebam que entre eles e o candidato que escolheram há um inexpugnável bloco conservador, esse mesmo que ocupa os cargos fundamentais há anosd+ esse mesmo que ameaça severamente o futuro da UFSC, seja porque se recusa a reconhecer que o modelo que o norteia se exauriu, seja porque – nos casos mais graves e perigosos – tem levado as fundações e outras importantes instâncias universitárias aos relatórios do Ministério Público, onde fazem companhia, por exemplo, a mensaleiros e seus financiadores.
Alguém realmente acredita que, na hipótese—cada vez mais remota, é verdade – de sair vitorioso, esse bloco conservador cederá lugar a novas lideranças? O exemplo do professor Lúcio – em quem tantos depositavam esperanças de que fosse realizar uma gestão politicamente diversa das anteriores – já não é suficiente para mostrar que a renovação da UFSC é impossível nos termos propostos pela candidatura oficial?