Um grupo de professores, autodenominados de esquerda, perdeu as eleições para a Apufsc. E perdeu por ampla maioria. O grupo que derrotou aqueles primeiros tinha, entre outras coisas, uma atitude crítica em relação à Andes e, após hesitar muito, resolveu seguir os apelos da maioria dos professores da UFSC: convocou uma Assembléia Geral para decidir a relação entre nossa Associação e a Andes. Todos puderam se manifestar e esta questão foi amplamente debatida. A Assembléia em questão, que durou dois dias, foi a maior, em número de presenças, que já aconteceu na UFSC. Deduz-se, portanto, que ela tenha sido extremamente representativa. Pois esta Assembléia decidiu, por uma maioria acachapante, que a Apufsc deveria se desfiliar da Andes.
Enquanto isto, pelos corredores e desvões, a conversa corria solta: “O pessoal que está na Apufsc é da direita! Eles querem destruir a Apufsc e o Movimento Docente”, etc, etc. Alguns, até, chegaram a perguntar para mim se eu não tinha vergonha por apoiar este grupo (o que está na Apufsc).: “Finco, você endireitou?”. Pois é, não endireitei nem entortei. Tenho apenas uma crítica ferozmente lúcida sobre a Andes e sobre como ela funciona – entidade, aliás, irmã gêmea da Proifes. São farinhas do mesmo saco. E a lógica deles, simplificadamente, é a seguinte: uma vanguarda consciente e preparada, além de muito bem informada e experta em táticas e estratégias, deve conduzir os outros professores. Esta vanguarda constituiria um “núcleo” e “os outros” professores estariam divididos em categorias, que iriam dos mais próximos a este núcleo até aos mais distantes, numa disposição semelhante a anéis concêntricos. Os últimos destes anéis seriam os professores que estariam, digamos, à direita, se configurando como elementos disruptivos e que constantemente estariam ameaçando as legítimas reivindicações da “massa” do professorado. Este tipo de organização tem um nome, historicamente determinado, que é “centralismo democrático”. Na verdade, é um modelo extremamente conservador, que não foi inventado pelos bolcheviques, como gostam de acreditar alguns. A Igreja, por exemplo, se utiliza dele há milênios. O fascismo, que teve sua expressão maior no hitlerismo – o iluminado por definição – também se utilizou alegremente deste tipo de organização. Honrando a cuspida que minha avó deu no Mussolini, ato do qual, de certa forma sou conseqüência, tenho a convicção de que é exatamente este tipo de organização que deve ser denunciado e combatido.
Mas eles continuam acreditando na veleidade de que representam os professores da UFSC e, desrespeitando a maioria de nós, criaram uma entidade com o mesmo nome (!) da entidade da qual foram varridos pelo voto direto e democrático…! Um punhado de professores os apoiou nesta empreitada, muitos eu conheço de longa data – e que nas últimas greves ignoraram solenemente todas as indicações da Andes, permanecendo com suas aulas na pós-graduação (alguns, até na graduação), com suas viagens a eventos, gerenciando verbas, etc, etc,. De muitos destes não vi sequer o rastro nas esvaziadas Assembléias que aconteciam durante as “greves”. Mas, como a pecha de “direita” pegou no grupo adversário, embora dele façam parte comunistas, socialistas, etc, etc, este punhado de professores, por ato reflexo acredito eu, deu abrigo aos que se audenominam de esquerda, embora ajam como a mais clássica direita. Não é por acaso e nem à toa, por exemplo, que o garoto de recados da AGU utiliza um documento produzido por um deles como peça no processo que move contra mim e contra o Professor Fábio.
Aliás, uma pergunta: porque não concorrem às próximas eleições para a Apufsc, ao invés de tentar criar uma entidade espúria?