A efêmera ideologia de gênero carece de critérios e embasamentos experimentais minimamente confiáveis, assim, na falta desses critérios, não é exagero pensar que tal ideologia configura-se apenas como uma ideia pré-fabricada por simpatizantes e militantes do movimento LGBT para dar sentido a algo que se figura mais como um embuste, ou, se preferirem, uma pseudo-ciência. De fato, há um ponto bem visível que indica isso e que tem sido excessivamente explorado pelo movimento LGBT para justificar e introduzir de forma perversa a ideologia de gênero nas escolas. Refiro-me a sistemática exploração de casos de suicídio entre jovens que em determinado momento resolvem (ou consideram) assumir uma identidade sexual distinta daquela que biologicamente receberam. O embuste fica evidente pela ausência de qualquer argumentação que comprove aquilo que é reclamado pelo movimento LGBT, a saber, de que esses suicídios decorrem de uma não-aceitação da condição do indivíduo por parte de terceiros, o que eles chamam de pré-conceito. (Curiosamente, na cena LGBT, pré-conceito existe apenas em relação à causa deles, já que não se vê nenhuma condenação por parte deles quando feministas e simpatizantes profanam templos religiosos ou realizam performances obscenas com imagens sacras, como lamentavelmente vimos ocorrer durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.)
O movimento LGBT explora esses casos de suicídio alegando que são devidos a uma pressão da sociedade sobre o indivíduo, e que por isso é necessário ensinar nas escolas a inclusão e aceitação desses indivíduos bem como educar as pessoas sobre a identidade de gênero e a orientação sexual. Será mesmo? Fixemos nossa atenção em casos específicos que ganham mais notoriedade pela própria visibilidade da situação, por exemplo, aqueles envolvendo suicídio de transexuais. Ora, quais são as evidências que indicam que o suicídio de um jovem transexual foi determinado substancialmente por uma suposta não aceitação dos outros? Não poderia o suicídio ter sido determinado por algo mais forte, por exemplo, uma dÚvida do indivíduo acerca da sua própria condição como transexual, algo que em momento algum ficou bem resolvido e compreendido a ponto da decisão não ter sido fruto de uma reflexão madura e serena? A questão é pertinente, pois atualmente fala-se em “trocar de sexo” como se fosse algo tão simples e reversível como trocar de roupa. Infelizmente, não é. Afinal, não seria possível pensar que a causa do suicídio de muitos desses jovens esteja diretamente relacionada à própria complexidade inerente ao processo de mudança da natureza biológica do indivíduo, mudança esta que em muitos casos é irreversível? Isto afeta não só transexuais, mas qualquer um que esteja questionando sua identidade sexual biologicamente recebida. Esta questão nunca foi sequer colocada por militantes LGBT, pelo menos não pelos porta-vozes mais visíveis e agressivos que vemos na mídia.
Contrariando o movimento LGBT, admitamos então que a causa de suicídios entre jovens homossexuais seja variada, sendo em alguns casos determinada pela não-aceitação de terceiros, e em outros casos determinada fortemente por conflitos pessoais acerca da própria condição, sem uma aparente relação com uma não-aceitação de terceiros. Ora, neste Último caso, não poderia à ideologia de gênero ser a causa desses conflitos, persuadindo e estimulando o indivíduo a fazer algo sem a devida convicção? Se for, urge então que não se introduza nas escolas a ideologia de gênero, ou que pelo menos as escolas proporcionem aqueles que questionam sua identidade sexual uma orientação que mostre que também é possível superar dificuldades e viver bem na sua condição biologicamente recebida, sem necessariamente seguir os preceitos da ideologia de gênero. Dar ao movimento LGBT a primazia de introduzir a ideologia de gênero e a orientação sexual nas escolas causa uma assimetria que está longe de evitar o suicídio de jovens que questionam sua identidade sexual biologicamente recebida, a menos que sejam dadas evidências baseadas em dados concretos que mostrem o contrário, algo que não há É exatamente esta assimetria buscada pelo movimento LGBT para justificar a introdução da ideologia de gênero nas escolas, como a Única forma de se encarar a questão da sexualidade, que deve ser combatida, pois parte do problema do suicídio de jovens pode estar exatamente aí.
*Marcelo Carvalho
Professor do Departamento de Matemática da UFSC