Mais uma greve! Agora eis a dos professores da Universidade Federal de Santa Catarina, através da APUFSC–Sindical, integrando a greve nacional das Instituições Federais de Ensino Superior. O que querem? Buscam apenas interesses pessoais? O que esta greve tem a haver com você catarinense, afinal elas não trazem apenas transtornos?
Os professores não estão em greve por vontade deles. Greve é uma situação indesejada. É o último recurso quando a negociação, o diálogo em busca de uma solução se esgota. Os professores estão em greve porque querem trabalhar e cumprir suas obrigações, querem continuar sendo honestos com a sociedade, oferecendo preparação profissional, ciência e tecnologia aos brasileiros. Eles não estão mais conseguindo cumprir sua missão. Entraram em greve para defender a Universidade, para corresponder à confiança que os pais dos alunos lhe dedicam, para atender as expectativas de seus alunos, e honrar os seus compromissos de educadores.
Os professores estão em greve porque a Universidade está sendo golpeada por um descaso do poder público que está lhe negando o oxigênio para viver, as energias para crescer e até o próprio sustento para se manter. É este o cenário das Instituições Federais de Ensino Superior. Este golpe, porém, é desferido contra o nosso País. Contra cada um de nós, brasileiros. Contra cada cidadão. Sufocar a Universidade Pública é privar a sociedade de sua mais importante oportunidade de desenvolvimento intelectual, tecnológico, científico e cultural.
A Universidade agoniza. Os professores não podem assistir a este falecimento. Os professores em greve são a vigília, a resistência pela garantia do cumprimento da missão da Universidade. A greve nas Universidades, portanto, não é a busca de interesses pessoais de seus professores. Esta greve é a luta pelas condições que a Universidade Pública precisa para cumprir o que a sociedade dela espera e exige: contribuir para o desenvolvimento pleno de nossa Pátria através da preparação dos cidadãos para o exercício de suas aptidões.
Antonio Pedro Schlindwein
Professor Aposentado da UFSC