Igor Z. Carneiro Leão Prof. De Economia da UFPR escreve ” Aqui queremos destacar que a economia brasileira apresenta um efetivo potencial tecnológico desenvolvido no país, ou seja, tecnologia que se conhece e domina em poucas ilhas importantes, como a Petrobrás e a Embraer. São honrosas exceções, mas são apenas exceções. A historia da industrialização brasileira do ponto de vista da tecnologia, do crescimento, do emprego e da igualdade social está por ser escrita” (Economia e Tecnologia 2007, vol. 08, 109)
Vamos observar alguns dados para poder pensar e avaliar os problemas.
O percentual da indÚstria no PIB brasileiro em 1980 era de 35%, caiu para 12% em 2014. O recuo da indÚstria continua. Segundo estimativas o preço promédio das exportações brasileiras seria de 800 US$ enquanto o das importações de 2000 US$ (valores aproximados)
No ranking Global de Inovação 2013, elaborado conjuntamente pela ONU e pela escola de negócios Insead (França), que considerou 84 indicadores para avaliar as atividades de inovação das economias nacionais que favoreceram as atividades de inovação aparecem: Espanha 26º lugar, Portugal 34º,Chile 46º,Uruguayt 52º, Argentina 56º,Mexico 63Eordfd+, Brasil 64º. Triste eh!
No ano 2013 o Brasil enviou 11 mil estudantes de graduação e pós-graduação a USA, menos que Turquia e Vietnam, países menores em população e economia, número que corresponde a um terço dos enviados pela China.
Nos últimos 20 anos, o maior investimento em pesquisas dos países ibero-americanos deu lugar a um aumento no numero de publicações, mas não acompanhada de um aumento de qualidade.
No entanto o investimento do Brasil é o Único que supera o 1%, e ainda assim, muito longe dos países com renda similar que estão bastante acima de 2%.
Brasil aumento 5 vezes sua produção cientifica nos últimos 20 anos (medida pela base Scopus Elsevier 2013), entretanto em artigos per capita a taxa de Brasil és similar a Argentina, Chile e Uruguai.
Chile lidera os países de América do sul em numero de patentes, 2,5 vezes mais que o Brasil, mais ainda assim a participação da região no mundo é inexpressiva 2%.
A Fapesp investiu em 2013 512 milhões de US$ enquanto o CNPq dispunha em 2014 de 650 milhões de US$ para todo o pais. A concentração de verbas para S. Paulo chega assim a 80 ou 90%.(todos os dados tomados de Catanzaro M. et.al. South American Science. Big Players. NATURE 2014e, vol. 510). Assim S. Paulo é responsável por mais da metade das publicações do país. A Fapesp tem recursos garantidos na constituição do Estado que lhe atribui 1% da arrecadação do estado. A pergunta é: porque os outros estados não seguem esse exemplo?
Como se explica que em inovação Brasil esta ocupando a 64º posição atrás de Uruguai, Chile, Argentina que faliu no ano 2001 e México com todos seus problemas, enquanto investe muito mais em pesquisa e desenvolvimento?
Aqui aparece a incapacidade e o silencio.
A incapacidade dos dirigentes de evitar a concentração industrial e de financiamento de ciência e tecnologia especialmente em S. Paulo e em parte Rio de Janeiro. Devem-se distribuir recursos e condições em vários centros do país. A historia tem demonstrado nos casos de Alemanha, que no século XIX distribui os centro de qualidade universitária em varias regiões e assim conseguiu superar a França que concentrou tudo na universidade de Paris. No Brasil o MCT criou o Centro de referência de farmacologia pré-clínica em Florianópolis, mas não acompanhou com um Centro de produção de novas moléculas por síntese, biotecnologia e moléculas virtuais com modelos computacionais, nem com o incentivo a empresas em programas de compra governamental de fármacos desenvolvidos no país..
Não deveria o governo comprar para o sistema de saúde fármacos elaborado no Brasil, desafiando as vantagens comparativas?
Em um ranking integrado pelas 20 universidades de USA que apresentam o maior porcentual de recursos vindos de empresas Unicamp ficou um 11º lugar a Unesp 14º e USP 17º. Brito Cruz, Diretor Cientifico da Fapesp, falou que “Não é certo dizer que as universidades não interagem com empresas . Trata-se de vencer obstáculos para que façam ainda mais”. Mas, que obstáculos?
é a incapacidade dos dirigentes de identificar áreas de aplicação e aprendizagens cruzadas. Deve-se superar a visão lineal de que ciência gera inovação e a empresa gera demanda de tecnologia. Para isto deve existir uma proximidade institucional para lograr superar os problemas de assimetria de interesses no mercado, sem cair num campo limitado de tecnologias.
Incapacidade dos dirigentes que não observam que o desenvolvimento pela inversão estrangeira direta não é uma solução porque não centraliza no país a corrente de valor. Exemplo, os carros, que encantam a milhões de brasileiros, que se vendem no país com grande parte produzida aqui, produzem por outro lado, via diversos mecanismos, uma forte drenagem de divisas ( 8 a 10 bilhões de US$/ano). O desenvolvimento via multinacionais não permite a apropriação nacional de tecnologias complexas, elas ficam no poder de empresas estrangeiras que assim controlam absolutamente o processo produtivo.
é a incapacidade de dirigentes que não orientam aos institutos a desenvolver a engenharia reversa dos aparelhos importados para poder-se apropriar de sua tecnologia.
O estado corta 1 bilhão e 500 milhões do orçamento do MCT e perto de 11 bilhões ao MEC e aparece o silencio.
é o silencio de todos os Reitores, que se pronunciaram na politica, frente a um corte enorme nos programas do MCT e 1/3 do orçamento das Universidades Federais. Sem considerar, que na grave crise de Coreia do Sul de 1997-2003, aquele país, além de não diminuir aumentou expressivamente seus investimentos em ciência, tecnologia e educação. A APUFSC se pronunciara neste sentido? Poderia fazer uma greve por motivos não de salario exclusivamente? Lembraram-se da resposta de Gandhi “Meu país é demasiado miserável para prescindir da pesquisa”.
O SILENCIO de todos os meios de comunicação de que investigadores do FMI, nada menos, que manda a fazer cortes orçamentários, têm identificado não menos de 173 casos de austeridade fiscal em países avançados, durante o período de 1978-2009, “E o que constataram foi que as politicas de austeridade seguiram períodos de contração econômica e aumento do desemprego” ( Krugman P.(Nobel de economia) !Acabemos ya com esta Crisis! Paidos, Bs. AS. 2014)
O SILENCIO DOS ECONOMISTAS DE NOSSAS UNIVERSIDADES, frente a aqueles que foram deformados por escolas dedicadas a favorecer os países mais poderosos, de uma frase de um conhecido economista estrangeiro “As deficiências principais da sociedade econômica na qual moramos é a incapacidade de dar pleno emprego e a arbitraria e desigual distribuição da riqueza e dos ingressos” (John M. Keynes Teoria general de la ocupación, el interés y el dinero).
é a falta de pleno emprego e as desigualdades de distribuição, ignorando a justiça distributiva, e a falta de sentido do social, da pátria, e da verdadeira essência do homem o que aplana o caminho das drogas, roubos, violência, gerando uma juventude frustrada e uma sociedade com ceticismo total.
Nossa Universidade tem o dever de contribuir, ao menos, na toma de consciência destes graves problemas para sua solução e assim construir uma pátria diferente.
*Rosendo Augusto Yunes
Professor Voluntario