Seis dias após ter refutado questionamentos sobre as verbas para a aquisição do prédio do Campus de Araranguá, eis que a UFSC noticia o recebimento dos R$ 8 milhões do MEC e agora, como numa mágica ilusionista, tudo parece resolvido, graças ao reitor e sua “boa” relação com o governo interino. Tudo isso é o que se pode depreender da matéria jornalística das Notícias da UFSC de 21/07/2016 às 17:31h (até porque, insisto, não temos mais o Jornal Universitário).
Segundo meu artigo de 12 de julho (Site da Apufsc), a reitoria anterior havia informado publicamente ter encaminhado junto ao MPOG e MEC um pedido formal – e havia obtido resposta positiva – para a aquisição do prédio da Unisul, onde hoje funciona parte do Campus da UFSC em Araranguá. Em final de mandato e coincidindo com a mudança de governo no plano federal, a reitora obteve aceno positivo para o envio de R$ 8 milhões (primeira parcela de um total de R$ 17,9 milhões), desde que houvesse mudanças no limite de empenho, para posterior liberação do crédito financeiro. Questionávamos, então, quais razões houve para que o novo reitor rescindisse o contrato amigavelmente com a Unisul?
Em artigo no Site da Apufsc (15/07/16), o reitor “pedagogicamente” tenta desfazer os pontos de nosso questionamento, principalmente o de que não havia limite de empenho e os recursos não estavam na UFSC (unidade acadêmica). E, por tal motivo, considerava que “A crítica com base em suposições ou interpretações equivocadas perde sua força e, em geral, deprecia o próprio crítico” […] “Com essas informações, entendo que a verdade sobre a compra do prédio da Unisul em Araranguá esteja restabelecida, definitivamente”.
Ora, o limite de empenho de R$ 8 milhões havia, o que ainda não havia era a rubrica inversão – como havíamos afirmado -, aspecto determinante e que não permitia terminar a operação de transferência financeira. Portanto, o reestabelecimento da verdade só ocorre agora, com a conclusão da etapa iniciada na gestão anterior.
Mas, o que mais preocupa são duas coisas: o contrato rescindido e o método adotado pela atual administração.
Quanto ao contrato, porque rescindi-lo se seis dias depois das verdades decretadas pelo reitor as verbas chegaram? Ou o reitor atual não estava gestionando sua liberação junto ao MEC? Como explicar que o Ministro da Educação tenha vindo à UFSC liberar cerca de R$ 14 milhões e uma semana depois o ministério libere mais R$ 8 milhões? Todos desavisados ou não se queria reconhecer a etapa anterior, efetuada pela gestão antecedente? No mínimo uma informação mal exposta! Mesmo a consulta ao Conselho de Curadores, tanto enfatizada no artigo do site da Apufsc, parece não estar na preocupação do reitor.
Quanto ao método, o que transparece é uma postura de demonizar o passado e o adversário para “ganhar os louros”, coisa de política miúda!
Quem sofre, a meu ver? A imagem da universidade, o campus de Araranguá e a comunidade que assiste ao espetáculo deprimente da propaganda politiqueira.
Esperamos que toda essa confusão não comprometa os interesses maiores da UFSC e principalmente do Campus de Araranguá!
José Fletes
Professor do Departamento de Informática e Estatística