A última sessão do CUN (01/11) deu uma amostra de como ainda estamos longe de uma solução para a atual crise da UFSC e também uma amostra da real compreensão de suas origens, responsabilidades e consequências. Será essa, então, a pauta nas eleições em abril de 2018?
A quase unanimidade em torno ao parecer do relator é, para mim, uma expressão de que o mais importante para as correntes políticas era discutir novas eleições. Nem parece que tivemos um reitor morto há cerca de um mês (disso nem se falou), uma vice-reitora adoentada pelo estresse da crise intra corpore em sua equipe, uma investigação na PF e MP sobre EaD, um dossiê contra um Corregedor que é para lá de polêmico e uma máquina administrativa quase paralisada por falta de pró-reitores e secretários.
A situação atual é o cargo de reitor vago, uma vice-reitora em licença médica e um decano respondendo apenas questões formais da reitoria e nosso futuro jogado nas mãos do MEC. Mas é claro, “todos” contentes, pois teremos eleições daqui a 6 meses.
A situação é tão caótica na administração da UFSC que nessa última sessão ficamos sabendo que a decisão unânime do CUN do dia 06/10, de que a vice-reitora assumisse pró-tempore a reitoria, não foi encaminhada ao MEC como deveria. Logo, agora no CUn decidiu-se o que havia sido decido antes: indicar ao MEC a nomeação da vice-reitora como Reitor Pró-tempore. De que se ocupava nossa vice-reitora? Da crise de poder, gerada pela emissão de uma Portaria e depois pela demissão de seus pró-reitores.
Enfim, o que tomou conta da sessão foi a Consulta Pública (informal e paritária) para eleição apenas do cargo de reitor, em abril/2018. Pouco ou nada se discutiu sobre termos mandatos de reitor e vice com tempos distintos: reitor (4 anos) e vice (2,5 anos). Sem contar com uma eventual diferença política e programática entre a vice-reitora – já eleita – e o reitor(a) a ser eleito. Ou isso já está resolvido em outros fóruns!?
Senti falta nessa sessão do CUn de uma manifestação (uma carta, por exemplo) da Profa Alacoque sobre as suas intenções futuras. O que pretende fazer? Tirar férias e depois voltar? Aceita a ideia de ter um(a) colega reitor(a) não eleito consigo? Poderia ter dito ao CUn se quer continuar com o seu atual mandado, mas como reitora, pelo qual poderia ter solicitado ao CUn que aceitasse sua renúncia e que o mesmo fizesse imediatamente uma eleição com lista tríplice com seu nome para reitora. Ou se desejasse um novo mandato, agora de quatro anos, então que renunciasse e concorresse em consulta pública como sempre se fez. Mas, infelizmente, não se manifestou e agora estamos dependemos da benevolente interpretação do MEC. Enquanto isso, temos uma UFSC sem comando pleno e sem Pró-reitores.
Também me causou espécie que até quem queria que a Profa Alacoque renunciasse, agora possa vir a concorrer ao cargo de reitor e ter a mesma como vice-reitora, dado que a mesma ainda tem mandato até 2020. Aliás, dentro do CUn parecem não se preocuparam com isso. Será ela até cortejada, penso. A situação surreal é que todos os prováveis candidatos a reitor já têm a mesma vice.
Todos contentes! Lógico, prevaleceu a razão pragmática (dos interesses) da política, enquanto os problemas da vida institucional…. Bom, fica para depois, pois tudo se resolverá com eleições. Será?
Sou totalmente favorável que a comunidade universitária seja consultada, em especial numa crise dessa dimensão. Mas não naturalizo essa esquizofrenia de apenas eleição para reitor e não de uma chapa (reitor e vice). Essa crise tem responsáveis e esses estão devendo uma explicação muito clara do porque não conseguiram resolver as coisas e ainda jogaram a UFSC nesse caos. Só isso pode ajudar que ainda se possa depositar confiança na continuidade do mandato da senhora vice-reitora.
Mas, se tivermos eleições, espero que elas tragam para o centro do debate os verdadeiros problemas da UFSC: soluções aos cortes de financiamento, melhoria da qualidade acadêmica, garantias da autonomia, assistência estudantil, reorganização administrativa para uma UFSC multicampi e de uma valorização ao profissionalismo dos TAEs, entre outros tantos temas. Mas é totalmente insuficiente que o processo se resuma a apenas uma troca de comando na reitoria.
Enfim, a universidade continua, na prática, acéfala. Tudo isso passou desapercebido à comunidade universitária representada no CUn? Será que ao MEC isso passará desapercebido?
Carlos Alberto Marques (Bebeto)
Professor no Departamento de Metodologia de Ensino
PS: no momento que postava essa minha opinião, soube, extra-oficalmente que os Pró-reitores e Secretários foram reconduzidos aos seus cargos. Lamentável.