Pensar sobre qual deve ser a orientação da UFSC no futuro

Não é possível procurar uma solução de nossa universidade sem observar o Brasil como um todo. Não é possível observar o Brasil como um todo sem observar a situação mundial. O todo explica as partes, como estas explicam o todo, numa rede de interconexões.

Para isto devemos fundamentar nossos argumentos em dados científicos. Num trabalho realizado pelo Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho do Instituto de Economia da Unicamp se demonstra que na procura de competitividade no comercio mundial  o atual governo orienta-se para a produção de alimentos, bebidas, têxteis, calçados e outros ou seja setores produtivos tecnologicamente mais precários, com competidores  como Paquistão, Indonésia, Bangladesh, e outro países asiáticos que tem salários baixíssimos.

Isto significa que o Brasil, um país quase continental e líder de Latino América abandona seu ideal de transformar-se numa potencia material e espiritual, aceitando ser uma colônia mais cumprindo seu rol na distribuição internacional do trabalho que realizarão EEUU, Alemanha e China que se orientam a “Industria 4.0” que é a indústria tradicional com robótica, inteligência artificial, big data, novas formas de comunicação etc.

Nosso Brasil, governado por uma classe politica preocupada unicamente com seu próprio beneficio pessoal, sem compromissos com o povo que o escolheu, sacrificando as verbas  destinadas ao bem comum com fraudes, coimas, venda de voto, etc. um poder judiciário que libera os criminosos favorecidos com a delação premiada enquanto não coloca na cadeia os políticos que gozam de foro privilegiado e podem assim votar leis em contra da vontade popular e nacional, não pode encontrar sua, ao menos, relativa soberania.

Neste panorama as verbas para pesquisa, para  as universidades, colocam em risco o enorme trabalho realizado para atingir formar recursos humanos que agora poderiam adequadamente orientados transformar a economia do país, para um desenvolvimento sustentável e fundamentado em tecnologias modernas que permitam salários dignos como toda pessoa humana merece.

Nesta situação as Universidades Federais Brasileiras que  tem perdido sua função de ser a “Consciência critica” do país, deve recuperar esta posição  escolhendo Reitores que tenham como objetivo fundamentais: 1° )  Priorizar a realização de pesquisas orientadas a conseguir resultados tecnológicos concretos, em todas as áreas de ponta que o país precisa desenvolver: agricultura, novo materiais, química fina, eletrônica, inteligência artificial, robótica etc. 2°) Exigir do Governo apoiar econômica e legalmente a formação do triangulo virtuoso governo-indústria –universidade que possibilite a concretização dos objetivos tecnológicos. 3°) Realizar um ensino menos enciclopédico, dos fundamentos reais de cada disciplina, num regímen mais humano de 24 horas na universidade, 24 horas para o aluno estudar, meditar, descansar, etc. e tomando a pesquisa como marco orientador da mesma. 4°) Orientar e internalizar nos estudantes o ideal de que todas as conquistas tecnológicas devem servir a todo o povo do Brasil e especialmente aos mais necessitados. Não podem existir grupos privilegiados, nem dentro nem fora da universidade.

O nosso Reitor deve ser eleito com toda transparência, reconhecendo o decreto federal que concede um 70% de peso ao voto dos professores. 

O próximo Reitor da UFSC deve ser um Professor disposto a iniciar um novo processo de restruturação de nossa universidade que possa ser um exemplo para todas as universidades Brasileiras na luta por uma nação onde o “ordem e progresso” sejam para todos sem exclusões de raça, ideologia o credo religioso e onde todos sem exceção possam participar dos benefícios e das riquezas materiais e espirituais geradas pelo trabalho comunitário.

A APUFSC  como sindicato que representa aos professores deve igualmente “lutar” pelos quatro princípios indicados para que nossa universidade e nossa nação não percam o trem da historia atual, para ficar como meras instituições esquecidas pelo tempo.


Rosendo  A. Yunes

Professor aposentado