MÊS DA MULHER: Arte a partir de uma perspectiva queer

Já que o mês de março é o mês de luta das mulheres, é bom lembrar que

 

“A arte desperta vontades e impulsiona sujeitos a constituírem-se por si próprios, confrontando-se na profundidade dos espelhos e sentindo-se na troca dos afetos, marginais e eternamente insatisfeitos. A sede pelas/os outras/os é o que nos mantêm vivas/os. Urge trabalhar nessa produção de subjetividades para a confrontação de realidades contextuais, em um projeto de transformação sistêmica, buscando a concretização de mundos afetivos e utópicos mais justos econômica, política e culturalmente. A (re)produção de linguagens com suas respectivas (en)codificações culturais é apenas uma amostra das possibilidades dos atravessamentos genealógicos capazes de gerar outras visualidades no campo da pesquisa inter e transdisciplinar. Ambiguidade, fetichismo, manifesto e desafio estão aí, prontos para serem ativados e efetivados na busca dos prazeres que diminuam injustiças de gênero e sexuais no campo das subjetividades binárias, violentas e científicas, análogas a sistemas colonialistas, neoliberais e sexistas. Defendo a construção de visualidades que atravessem o poder epistemológico visual, impondo-se contextual e artisticamente em corpos que falem a multiplicidade das línguas de uma imagem encorpada tecnológica e subjetivamente. Não precisamos de projetos sujeitos estacionários e modernos. Nós somos a linguagem, nós temos o poder epistemológico e visual para nos constituirmos. Estamos com tudo. Temos a suficiente força orgásmica e afetiva para constituir-nos como modelos de nós mesmas, únicas e diversas entre as espécies, tanto ambíguas quanto afetivas, visuais e políticas.”

BLANCA, Rosa Maria, Arte a partir de uma perspectiva queer. Tese. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011, p. 181.