José Fletes *
Numa democracia, tanto maioria quanto minoria precisam respeitar-se e conviverem civilizadamente, bem como a minoria aprender a perder e a extrair lições da derrota.
A votação sobre filiação nacional produziu uma maioria, ainda que por pequena margem de votos: filiar a Apufsc a uma das duas entidades sindicais nacionaisd+ o que será decido brevemente em uma nova AGE a ser marcada pelo CR em 02 de maio.
Mas, o resultado produziu uma minoria, aquela que propôs que nosso sindicato não se filiasse e tampouco estabelecesse relações políticas com o Andes-SN e com o Proifes-Federação. O que assistimos agora é que um grupo de professores não aceita o resultado da votação, alegando que a cédula influenciou o resultado final.
O mais interessante desse grupo de pessoas é que não participaram (por diversos motivos pessoais, plenamente justificáveis) da AGE do dia 22 de abril para defender sua proposta e, obviamente, não participaram da discussão e votação sobre a cédula. A presença da proposta desse grupo na cédula de votação, aliás, só foi defendida pela diretoria, através do presidente do sindicato, que justificou que se a mesma havia sido apresentada em artigos do Boletim, deveria estar presente na cédula como uma opção.
Chama ainda atenção que esse é o grupo de pessoas que nos debates, via boletim, jamais disse uma vírgula sequer sobre a grave crise porque passa a universidade, a CET, a reforma da previdência, nossa carreira, salários, etc. Faz sentido, então, que queiram um sindicato amordaçado e sem elos políticos (de qualquer tipo) com o movimento docente nacional.
Agora, inconformados com o resultado, querem outra AGE para desfazer o que foi feito! Encontram aliados, que achincalham quem defender proposta contrária ao que consideram a única verdade, que encaminham mensagens diárias contra seus atuais aliados, numa verdadeira guerra verbal sanguinária contra o atual governo federal. Defende esse grupo, agora ampliado, a formulação de uma nova cédula de votação que deveria conter a expressão-opção “Apufsc autônoma e independente”. É no mínimo hilária, pois apresentada como neutra e justa, busca juntar numa mesma opção os que querem uma Apufsc sem filiação e amordaçada (sem relação política) com outros que querem que a mesma estabeleça relações políticas sem se filiar. O objetivo é evidente, jogar os que querem filiação uns contra os outros (Andes e Proifes).
Foram mais de 70% de votantes que disseram que querem mudanças, sendo, portanto, uma inequívoca manifestação. Os que querem manter como está puderam votar e perderam. A posição da diretoria também não foi vitoriosa, pois não indicou filiação. Portanto, respeitar o resultado é condição de quem joga o jogo e deve aprender a perder.Espero que não se comportem como o grupo do Andes em 2009, que ao não saber ser minoria e perder, saiu da Apufsc.Mas, o mais importante é que o resultado produzirá de agora em diante uma mudança significativa e transparente na atividade sindical, que é o de conectar-se vivamente com o movimento docente nacional, sem filiação e, portanto, autonomamente. As duas opções de filiação são abissalmente distintas, especialmente quanto ao modelo de organização sindical: um é formatado como federação de sindicatos autônomos, já o outro como único sindicato nacional onde gravitam seções sindicais. A categoria saberá definir qual é a melhor opção. Mudar a organização sindical é um fator importante e não artificial, é uma condição para as lutas comuns nacionais contra o desmonte da universidade pública, do sistema de financiamento da CET e das nossas condições de vida e trabalho, portanto, nosso presente e nosso futuro. São vários os agentes internos e externos que querem destruir e imobilizar a entidade sindical, Apufsc, impedindo que seja de lutas. Em minha humilde opinião, a maioria que participa ativamente, para manter viva a chama da entidade de lutas em defesa da universidade e dos interesses da categoria, dirá: Não passarão!
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* Professor representante titular no CR-Apufsc pelo Deptº de Informática e Estatística_INE-CTC