*Por Carlos Alberto Marques
Em artigo recente, o Prof. Alejandro Mendoza (FSC/CFM), ao criticar o acordo salarial e de mudanças na carreira firmado em maio com o governo federal, faz ilações irresponsáveis sobre minha pessoa, enquanto representante da Apufsc no Proifes-Federação. É imperativo, portanto, que afirmações falsas sejam desmentidas. Em primeiro lugar, é preciso registrar que eu, em momento algum, tive atuação direta ou indireta em Mesas de Negociação, ou com o governo nesse tema. Obviamente, defendi o acordo final, depois de uma análise política, assim como todos/as aqueles/as que votaram na proposta.
Recordo a todos/as, em especial o referido professor, que o acordo foi aprovado pelos filiados de nosso Sindicato (Apufsc) em AGE dia 24/05/2024. Também foi aprovado por todos os sindicatos do Proifes-Federação. Lembro ainda que a Andes-SN também aprovou e assinou o mesmo acordo exatamente um mês após o Proifes assinar. E, pasmem, três meses depois de assinado o acordo, a Andes – em manifestação do seu presidente – reconheceu que “muito pelo contrário, a greve foi reconhecida por legítima, socialmente e pelo próprio governo federal, chegou a um bom termo com a assinatura de acordo entre as entidades envolvidas”. Ora, se agora o acordo foi considerado satisfatório, o era também satisfatório quando foi assinado pelo Proifes. Então, das duas uma: ou é ignorância ou má fé na extensão da greve por mais um mês, prometendo o céu!
Enfim, mais uma vez o que se assiste é o comportamento antidemocrático daqueles/as que não respeitam a decisão da maioria, a exemplo da manutenção de um sindicato paralelo (contra a Apufsc) depois da decisão de 2009, seja agora liderando uma greve depois da decisão da AGE de 25 de maio. É sempre o mesmo grupo, que quer fazer prevalecer seus interesses de poder políticos e ideológicos.
Atacar a Chapa 1 e seu candidato à presidência com ilações descabidas é apelar para métodos inaceitáveis. O acusador é apoiador da Chapa 2, notadamente vinculada ao Andes, que seletivamente esquece desses “detalhes” da assinatura do acordo e da aceitação de seus termos pelas duas entidades.
Novamente, o teor do acordo foi aceito e aprovado pela categoria nacionalmente, representada pelas duas entidades sindicais em AGs por todo o país. Aproveito para novamente trazer um exemplo, com dados, de consulta das duas entidades para reforçar algo que se tenta negar: a maior representatividade nas decisões do Proifes federação, ao qual a Apufsc é filiada. Tal representatividade resulta do simples fato de que as entidades ligadas ao Proifes operam com sistema de votação on line, permitindo a participação efetiva de todos os docentes. Na Andes, por outro lado, esse expediente democrático é estatutariamente proibido.
Um exemplo foram as votações acerca do acordo firmado e do fim da greve. Somos cerca de 208 mil docentes, entre universidades (132 mil) e institutos federais (76 mil). A Andes conta com cerca de 65 mil filiados, que inclui os setores federal, estadual (as paulistas e outras), municipal e distrital. No ‘Setor das Federais’ (docentes de universidades e institutos), a Andes tem (cerca de) 46.500 docentes filiados (dados de cada ‘SS ou ADs’ das eleições de 2023). A representação sindical do Proifes tem cerca de 17,5 mil filiados em seus sindicatos de base, enquanto da Andes são 46,5 mil filiados. Para decretar a greve a Andes, no conjunto de suas AGs, ouviu pouco menos de 10 mil professores, e o Proies cerca de 7 mil (essas informações estão disponíveis em cerca de 90% das bases do Andes; o cálculo do restante foi feito pela média, considerando o tamanho da SS). Logo, o universo de docentes consultados no Proifes foi 41,2% e, na Andes, 21,5%.
É evidente que qualquer filiado tem o direito de considerar que o resultado alcançado não foi bom ou suficiente. Porém, não é aceitável que, por qualquer motivo, muito menos por objetivos eleitorais, tente-se sem provas responsabilizar a atuação política de uma pessoa e atacar sua dignidade política e pessoal, falseando a verdade dos fatos. A crítica será sempre bem-vinda, mas é deplorável fazer ilações sem provas e omitindo deliberadamente os fatos (afinal de contas, a Andes assinou o mesmo acordo!). Isso reproduz as práticas de espalhar notícias falsas (as famigeradas fake news).
*Carlos Alberto Marques é professor do MEN/CED, ex-presidente da Apufsc-Sindical e diretor de Políticas Educacionais do Proifes-Federação