Programa de Ativação dos Aposentados da Apufsc discute as formas de violência contra a pessoa idosa

Evento intitulado “Do Desrespeito à Violência contra a Pessoa Idosa: Ações e Omissões” fez parte do Ciclo de Palestras em parceria com a ANG

Nesta segunda-feira, dia 7, o Programa de Ativação dos Aposentados (PAA) da Apufsc-Sindical realizou o segundo encontro do Ciclo de Palestras em parceria com a Associação Nacional de Gerontologia de Santa Catarina (ANG/SC) com o debate “Do Desrespeito à Violência contra a Pessoa Idosa: Ações e Omissões”. O tema foi apresentado por Heloísa Dallanhol, jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ex-presidente da ANG/SC e da Comissão de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa do governo estadual.

Durante a conversa, ela apresentou casos de diferentes formas de violência contra a população idosa, falou sobre como lidar com cada questão e dos canais de denúncia existentes. O presidente da Apufsc, José Guadalupe Fletes, participou da atividade, que aconteceu na sede do campus da UFSC em Florianópolis e pela plataforma Zoom

O professor Raul Valentim, coordenador do PAA, também esteve presente, e abriu o encontro apresentando a mediadora. Heloísa começou a apresentação falando sobre sua relação com o ativismo pela defesa da pessoa idosa, relembrando os primeiros casos que ouviu performando como tecladista em abrigos para idosos, atividade que realiza há 18 anos. Reforçando a importância de falar sobre a questão, especialmente considerando a invisibilidade dessa parcela da população, ela deu destaque especial a formas de violência que não costumam ser tão comentadas quanto a agressão física. “Formas mais sutis, mas igualmente destrutivas“, afirmou, abordando especialmente a violência patrimonial, emocional, institucional e medicamentosa.

A ex-presidente da ANG apresentou dados para complementar seus pontos. Conforme o Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), no ano de 2023, 87,6% das denúncias de violência contra a pessoa idosa foram por abandono ou negligência. Segundo Heloísa, muitas dessas pessoas são deixadas nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) sem receber visitas de familiares, ou esquecidas pelos responsáveis sobre seus cuidados. “A pessoa institucionalizada precisa ser ouvida”, defendeu, complementando que “é necessário sentar do lado, ouvir a pessoa e perguntar.”

Heloísa falou, ainda, sobre a violência psicológica – que, ainda de acordo com o ObservaDH, compõe 84,8% das denúncias – cometida contra esses indivíduos. Nestes casos, ela destacou, principalmente, a infantilização da pessoa idosa, às vezes até mesmo dentro das instituições, e a privação de sua liberdade. “Mexem com a dignidade”, explicou.

“Como sociedade, temos que evoluir para preservar a liberdade do idoso”, destacou a debatedora, falando sobre a exclusão das pessoas idosas da sociedade a partir do momento em que são esquecidas nas ILPIs, e quando perdem o direito à voz para falar sobre si.

A palestra também destacou a violência patrimonial como um dos maiores perigos para a população idosa. Os dados do ObservaDH apresentados mostram que 76,7% das denúncias são relacionadas a essa questão. Heloísa falou que a ANG percebeu a relevância desse ponto durante um curso promovido com o objetivo de auxiliar os idosos no uso de celulares. Segundo ela, a maior parte dos participantes pedia ajuda com o uso dos aplicativos de banco, e a organização reconheceu a importância de ensiná-los a lidar com internet banking em um ambiente controlado e seguro, para que não dependessem tanto de outras pessoas e ficassem sujeitos a golpes. Ela ainda destacou que, em muitos dos casos de violência patrimonial e física, os agressores são membros da própria família dos idosos. “Violência dentro de casa, pelas pessoas que a gente menos esperaria essa quebra de confiança”, reforçou.

Como denunciar

Partindo desse ponto, Heloísa reafirmou que os idosos têm direito a medidas protetivas. Segundo ela, a forma mais rápida de conseguir apoio e acolhimento é fazer a denúncia direto na Delegacia da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso. Em Florianópolis, a unidade fica na Rua Delminda da Silveira, 811, no bairro da Agronômica. Para conseguir a medida protetiva através da denúncia online, o idoso em questão deve gravar um vídeo comprovando sua condição e relatando o caso.

Outras formas de denúncia elencadas por Heloísa foram o Disque 100, a Ouvidoria de Direitos Humanos, que oferece a possibilidade de denúncia anônima, de forma gratuita e 24h, incluindo atendimento via WhatsApp. O canal, apesar da intensa subnotificação, ainda registra os casos para geração de estatísticas. Em casos de perigo iminente, ela recomendou o contato direito com a polícia, através do 190. Também reforçou a importância dos conselhos municipais e estaduais do idoso que, apesar de não receberem denúncias, oferecem orientações para a população sobre formas de proceder.

Ao final da palestra, Heloísa falou sobre o papel da ANG no apoio à pessoa idosa. Ela reforçou que a associação oferece instrumentos, como o auxílio jurídico, através de pessoas capacitadas que defendem os direitos e mantêm o poder decisório dos idosos.

::: Leia mais informações no Informativo sobre Violências contra a Pessoa Idosa produzido pelo Conselho Estadual do Idoso

Confira as fotos:

Laura Miranda
Imprensa Apufsc