Relato sobre as atividades sindicais e eleições da Apufsc

*Por Raphael Falcão da Hora

Gostaria de compartilhar um breve relato do que observei nos últimos meses como filiado da Apufsc, representante do Departamento de Matemática no Conselho de Representantes, e participante ativo em diversas atividades sindicais, especialmente no período de março a 24 de maio deste ano. As ações ocorridas nesse período estão intimamente relacionadas com as eleições para a diretoria da Apufsc, e recomendo fortemente a leitura dos recentes artigos dos professores Julian Borba e Luís Felipe G. da Graça. Em especial, destaco o artigo do Prof. Luís Felipe G. da Graça que apresenta com precisão o que ocorreu nas assembleias durante o período de greve, assim como o processo de negação do resultado da votação de 24 de maio.

A Chapa 1, Somos Apufsc, liderada pelo Professor Bebeto Marques, que já presidiu a Apufsc por dois mandatos, tem uma forte defesa do Proifes. Por outro lado, a Chapa 2, Mobiliza Apufsc, liderada pela Professora Adriana D’Agostini, que foi presidente de uma seção sindical irregular chamada Andes/SN – UFSC, é uma firme defensora do Andes. Vale lembrar que o Andes e o Proifes são entidades sindicais nacionais e que, atualmente, a Apufsc está vinculada ao Proifes.

Não pretendo revisitar toda a complexa história da relação da Apufsc com essas entidades sindicais, mas recomendo o texto do Professor Julian Borba, que traz referências valiosas para quem deseja se aprofundar no tema. Tenho boas relações com membros de ambas as chapas, mas acredito firmemente que a Chapa Mobiliza Apufsc é a pior escolha.

Apesar de várias críticas à atual diretoria da Apufsc e ao Proifes — especialmente pela ausência de ações sindicais relevantes nos últimos anos, notadamente durante a greve —, vejo a Chapa Somos Apufsc como a melhor opção. Durante as negociações, o Proifes foi ineficiente ao insistir que não havia espaço para o governo melhorar a proposta feita em abril. No entanto, a proposta apresentada em 15 de maio provou o contrário, sendo substancialmente melhor para o nível de entrada, apesar de ligeiramente pior para o nível associado 1 (D1) e muito parecida para os outros níveis. A diretoria da Apufsc pouco se mobilizou, promovendo eventos de pouca relevância sindical, como discussões sobre a situação palestina, além de erros como o cancelamento de assembleias de última hora. Além disso, eventos como a comemoração da carta sindical da Apufsc ocorreram sem a presença de um dos principais responsáveis por essa conquista, o Professor Armando Lisboa.

A comunicação do Proifes também foi insuficiente, frequentemente minimizando a gravidade da nossa situação e focando nos salários dos professores titulares, ao invés de nos salários de entrada. Por outro lado, outras categorias conseguiram negociações muito mais favoráveis com o governo. 

Mas por que, então, a Chapa 2 não seria uma escolha melhor, corrigindo esses erros e promovendo ações sindicais mais eficazes? A resposta está na questão fundamental da unicidade sindical. Essa unicidade foi quebrada quando professores criaram a seção sindical irregular Andes/SN – UFSC e, mais grave ainda, quando membros desse grupo não aceitaram o resultado da votação de 24 de maio, ignorando a decisão da maioria dos filiados. Ao invés de convocar uma nova assembleia, conforme permitido pelo estatuto, o comando de greve optou por continuar com a paralisação, desrespeitando a vontade expressa da categoria docente.

Essas ações estão ligadas ao movimento encabeçado pelos líderes dos comandos de greve docente, técnico e discente, com apoio da reitoria, que tentaram forçar a paralisação das atividades da universidade, incluindo a tentativa de suspensão do calendário acadêmico, o que felizmente não se concretizou. As reuniões do CUn foram marcadas por confrontos, com insultos e ameaças a quem discordasse. Infelizmente, as assembleias da Apufsc e as reuniões do Conselho de Representantes seguiram o mesmo padrão, com atitudes antissindicais, vaias e desrespeito a qualquer voz dissidente, mesmo quando essa dissidência vinha de membros historicamente ligados ao Andes.

Peço que analisem cuidadosamente as propostas de cada chapa antes de votar. As divergências são naturais, mas precisamos garantir que a Apufsc siga representando os interesses de todos os seus filiados com ética, respeito e união.

*Raphael Falcão da Hora é professor e chefe do Departamento de Matemática da UFSC