Do combate à corrupção ao auxílio a crianças autistas: pesquisas da UFSC mostram uso da inteligência artificial a serviço da sociedade

Em entrevista, professor Jônata Tyska, do Departamento de Informática e Estatística, explica os projetos, fala sobre o impacto da falta de recursos e analisa o Plano Nacional de IA e a necessidade de regulação do setor

No mesmo mês em que um decreto do governo do estado determinava o fechamento de estabelecimentos e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) interrompia as atividades em sala de aula por tempo indeterminado em decorrência da pandemia de covid-19, um grupo de professores da instituição se reuniu para desenvolver um aplicativo que tinha o objetivo de detectar e notificar pessoas que tiveram contato próximo com casos suspeitos ou confirmados da doença. O CovidApp nasceu antes mesmo de soluções elaboradas por big techs, mas sua aplicação esbarrou na falta de recursos. O desenvolvimento, porém, não foi tempo perdido, como avalia o professor Jônata Tyska, um dos coordenadores do projeto. 

Professor Jônata Tyska (Foto: MPSC/Divulgação)

De março de 2020 para cá, muita coisa aconteceu. Ainda na área da saúde, as pesquisas conduzidas pelo professor, com uso de inteligência artificial (IA), mapearam a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no estado. Uma parceria com o Ministério Público permite, ainda, o uso da tecnologia na análise de contratos públicos e, consequentemente, auxilia no combate à corrupção. Mais recentemente, Tyska atua em outro projeto inovador, que mostra como a IA pode ser usada para fazer a diferença no dia a dia das pessoas: uma ferramenta que ajuda no tratamento terapêutico de crianças autistas

“Durante a maior parte da minha carreira eu tenho pensado muito a respeito disso, de me engajar em projetos que tentam transpor diretamente para a vida das pessoas os desenvolvimentos tecnológicos. E aí, como a minha área é essencialmente a inteligência artificial, mais ainda se faz necessário esse esforço de transformar esses avanços que a gente acompanha no dia a dia, nos jornais, etc, para a vida das pessoas. Porque, no fim das contas, a pergunta de um cidadão, de uma pessoa comum, seja ela quem for, é: como é que isso pode ajudar a melhorar minha vida?”, reflete o professor.

“Meus esforços nos últimos anos de trabalho têm sido nessa direção por dois motivos: primeiro porque eu acredito muito fortemente que a tecnologia e a ciência precisam ter esse viés de melhorar a vida das pessoas, da sociedade, de uma forma geral, não só de um pequeno grupo de pessoas específicas. A gente tem muitos problemas difíceis a serem resolvidos, em todas as dimensões, e a ciência e a tecnologia podem sim ser aliadas para ajudar a resolver, a mitigar determinados problemas, para que a gente possa avançar. E a inteligência artificial, sobretudo nesse momento em que se fala muito, e muito dinheiro tem sido investido, ela definitivamente apresenta diversos riscos, sociais e práticos, mas ela também certamente apresenta muitas oportunidades para tratar de uma forma diferenciada problemas difíceis da vida”, complementa Tyska.

Nesta entrevista, ele explica como alguns projetos que conduz estão de acordo com seus objetivos: aproximar a ciência e a tecnologia e gerar soluções práticas para a vida das pessoas.

ENTREVISTA

Você atua em um projeto que busca auxiliar e aumentar a efetividade do processo terapêutico de crianças autistas por meio do uso de inteligência artificial (IA). Gostaria que o explicasse como essa ferramenta, que é um panda de pelúcia, foi desenvolvida, e de que maneira pode auxiliar essas crianças. 

Esse é um projeto que encanta, que cativa pelo tópico em si, né? Ele surgiu justamente quando eu estava fazendo doutorado no Instituto de Pesquisa aqui da Itália, onde casualmente estou fazendo pós-doutorado agora. Na época, meu doutorado era especificamente em robótica e inteligência artificial, e existia um grupo próximo que trabalhava já com essa temática do autismo, desenvolvendo esse dispositivo, que é um pandinha, de forma muito apaixonada. Aí quando eu voltei para o Brasil com meu doutorado e comecei a trabalhar na UFSC surgiu essa possibilidade de trabalhar com a inteligência artificial aplicada ao autismo, aproximando dos pesquisadores italianos com quem eu já tinha uma boa relação. E aí o projeto foi avançando, tem avançado, infelizmente não tanto quanto gostaríamos justamente pela falta de recurso, de financiamento. Tivemos alguns pequenos financiamentos do CNPq, para bolsas de alunos de graduação, e foi com essas bolsas que a gente conseguiu avançar até o momento. O que a gente tem feito é a aplicação dessas técnicas de inteligência artificial para fazer análises de dados, seja de sessões de terapia, para detectar eventos que possam ser interessantes do ponto de vista da evolução das crianças, sempre como uma ferramenta de suporte ao terapeuta, nunca para substituir ao terapeuta. Tem uma outra frente também que busca oferecer uma ferramenta para suporte a diagnóstico com base no rastreamento do olhar. A criança assiste a vídeos e, com base na câmera do computador, que fica filmando para onde ela está olhando, a ferramenta rastreia os pontos que a criança olha na tela e, a partir desses dados, a gente consegue estudar para verificar se existem padrões que possam ser relevantes e diferenciem crianças que estão no espectro autista de crianças que não estão. Aqui a gente está falando sempre no intuito de pesquisa, não tem nada pronto, desenvolvido, validado, pronto para ser aplicado. 

Tyska mostra o panda de pelúcia, dispositivo desenvolvido para tratamento de crianças com autismo (Foto: UFSC/Divulgação)

Em outros países, como a Itália, é mais fácil acessar recursos do que no Brasil?

É um pouco mais fácil, em geral, mas nesse tema específico é difícil porque é muito a sensível. Então é preciso trabalhar em grupos grandes, multidisciplinares, com médicos, psicólogos, psiquiatras, cientistas da computação e assim por diante, e existem legislações muito rígidas relacionadas a essas pesquisas, ou mesmo para lançar um dispositivo validado. Então tem sido uma dificuldade, mas a gente segue batalhando. E no Brasil a gente tem a parceria com o Instituto Farol, que é muito importante. Aos poucos a gente está evoluindo para que em algum momento eles consigam aplicar os testes, os experimentos com as ferramentas, com os brinquedos, com softwares que a gente vem desenvolvendo, mas ainda é tudo muito inicial.

Você também está envolvido com o projeto Céos – Inteligência de Dados para a Sociedade, numa parceria entre o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e a UFSC, firmada no ano passado. Em julho deste ano vocês já apresentaram o protótipo do Painel Inteligente Integrado Céos com dados de licitações. Você pode explicar essa parceria, como esse painel funciona, e de que maneira a ferramenta pode ser uma aliada do MP no combate à corrupção?

É até interessante fazer o paralelo do quanto a gente consegue avançar quando tem recurso. Esse é um projeto que surgiu por iniciativa do Ministério Público. Eles buscaram o nosso grupo de professores que envolve IA, ciência de dados, a análise de grandes volumes de dados com IA e estatística, e se mostraram abertos a usar a ciência e as tecnologias de inovação para resolver, ou para auxiliar, na verdade, nas atividades inerentes ao Ministério Público, que atua praticamente em todos os domínios sociais, e escolheram algumas áreas preferenciais, entre elas o combate à corrupção e a análise de dados de ocupação de leitos de UTI, tentando identificar padrões que pudessem ajudar a mitigar o problema da superlotação, da falta de leitos, e antecipar problemas ou fazer alterações, criações de políticas públicas para ajudar nisso. É um projeto bastante grande, de cinco anos, e já se passaram 15 meses. Temos uma equipe bastante grande trabalhando, com oito professores do Departamento de Informática e Estatística, e mais de 30 estudantes. A equipe total tem mais de 40 pessoas. A gente já teve o prazer de, nesse primeiro ano, apresentar resultados bem expressivos, como o protótipo de painel integrado inteligente para análise de dados de compras, de contratações públicas, para tentar mitigar esse problema tão importante do Brasil que é o combate à corrupção, aumentar a efetividade dos órgãos de fiscalização e controle sem criar mais trabalho, sem sobrecarregar ainda mais os órgãos que normalmente têm um quadro reduzido. É um projeto financiado por eles, então todos os recursos servem para pagar estudantes de todos os níveis de formação, também para a compra de equipamentos. A gente recentemente fez uma reforma pequena no laboratório para modernizar, tornar mais atrativo, para trazer mais interesse e dar uma condição adequada de espaço de trabalho para quem está desenvolvendo o projeto com a gente. Vai ficar padrão de empresa de tecnologia, que é como tem que ser. A gente está dentro de uma universidade, de um centro de inovação e tecnologia, e às vezes está caindo aos pedaços, infelizmente por falta de recursos, às vezes por má gestão, e a gente está trabalhando em todas essas frentes para fazer esse projeto ser um sucesso. A gente tem conversado também com vários outros órgãos, sempre muito abertos, isso é importante também destacar, de estabelecer parceria com outros órgãos de fiscalização, órgãos públicos, de uma forma geral, que normalmente trabalham com um quadro reduzido, tendo que desenvolver trabalhos de forma altamente manual, quando a gente tem toda uma tecnologia que, se aplicada de forma correta, pode tornar o trabalho muito mais efetivo, mais simples. E o importante é que, por meio da atuação desses órgãos, a gente consegue chegar numa quantidade gigantesca de pessoas na nossa sociedade. Então, quanto mais fortes forem as instituições, mais rápido a gente vai entregar esses resultados da ciência, tecnologia e inovação para as pessoas.

Apresentação do Painel Inteligente Integrado Céos (Foto: MPSC/Divulgação)

E são parcerias que se fortalecem mutuamente: a universidade apoia a instituição e a instituição apoia a universidade.

Sem dúvida. Mais do que a credibilidade da instituição, que claro que tem um peso, tudo que a gente está entregando passa pelo rigor científico. A gente não chega lá e oferece soluções mirabolantes, sem nenhum tipo de validação; estamos oferecendo conhecimento que foi desenvolvido usando o método científico, que vai estar publicado, como já está. Nesse caso, por exemplo, temos pelo menos cinco artigos publicados relacionados a métodos e metodologias desenvolvidos dentro do projeto. Está tudo detalhado, revisado por pares, por outros pesquisadores, pela comunidade científica, para ter uma garantia de que está correto. Vai estar sempre ancorado no conhecimento científico. 

Vou voltar um pouco no tempo. Logo no início da pandemia, em março de 2020, o senhor esteve à frente do desenvolvimento de um aplicativo que detectava a exposição de pessoas ao coronavírus. Foi um momento em que inclusive aqui, no sindicato, foi preciso fazer campanhas para mostrar que a universidade estava trabalhando, que os professores estavam trabalhando, mesmo com as aulas presenciais canceladas por causa da pandemia, porque se propagava muito a falsa informação de que os professores estavam recebendo sem trabalhar. E, por outro lado, pesquisas extremamente relevantes, como essa, eram desenvolvidas aqui. Você pode contar um pouco mais sobre esse aplicativo e aquele momento? 

É legal resgatar esse período. Ele é tão particular na história como um todo, e para nós, para os professores envolvidos nessa iniciativa, também foi muito particular. Inclusive essa questão de comprovar para a sociedade que a universidade estava trabalhando. Nessa época, a gente se engajou imediatamente. A universidade decretou que fecharia por tempo indeterminado e imediatamente eu fui até a alguns professores com quem tinha mais contato, como a professora Vania Bogorny, porque eu tinha recém-chegado, era novo aqui, não fazia nem um ano, uns seis meses, e fui até esses professores que estavam há mais tempo, e falei que vendo tudo que estava acontecendo, fazia todo sentido a gente tentar colocar o nosso conhecimento a serviço da sociedade. Sempre aquele mesmo papo que comecei no início: essa é uma das forças motrizes para mim. E aí todos eles foram fantásticos, embarcaram nessa, e a gente fez um chamamento um pouco mais geral. Então tínhamos esses quatro professores aqui que se mobilizaram, e por meio dos contatos que já tínhamos, nos unimos a outros pesquisadores e chegamos a um grupo de voluntários que já estava conduzindo uma ideia semelhante à nossa, que era desenvolver um aplicativo para rastreamento de contatos. Até então era algo que normalmente se fazia manualmente. Então, quando a pessoa pegava covid, que testava positivo, existiam entrevistadores para saber com quem ela esteve. Era um processo extremamente lento, inefetivo e difícil. E aí a nossa tecnologia buscava isso: por meio do celular, que é um dispositivo quase que onipresente, hoje fazer esse rastreamento de forma totalmente anônima, sem rastrear pessoas em si, mas saber onde elas andaram, se tiveram contato com pessoas infectadas. E era março, não tinha nada sendo desenvolvido nessa área ainda no Brasil. Google e Apple foram lançar algo semelhante dois meses depois. A gente avançou bastante, desenvolveu a solução, só que novamente esbarramos na falta de recurso. A gente tentou fazer contatos, acabou fazendo contato com o governo do estado, fez reunião com o Ministério da Saúde, naquela coisa de incerteza, todo mundo muito titubeante; chegou a submeter projeto para a Capes, para conseguir financiamento de pesquisa para desenvolver essa solução, e acabou não conseguindo. E então, sem recurso, a gente falou “olha, isso aí a gente consegue desenvolver, mas não no tempo que vai ser necessário”, e precisava se desenvolver muito rápido, porque no Brasil, em março, tinha pouquíssimos casos. Se a gente tivesse desenvolvido a solução rapidamente, talvez a história tivesse sido diferente. Mas aí, no tempo que se consegue desenvolver sem recurso, a gente acabou desenvolvendo acho que dois anos depois a solução para que fosse utilizada internamente na UFSC, para que a universidade pudesse voltar às aulas. Foi testada no CCS, funcionou super bem. Só que no fim das contas, com a falta de recursos que gera a demora no desenvolvimento, quando fico pronto, não era mais necessário. Não é tempo perdido, porque a solução está lá. Esperamos que não seja mais necessária, mas, caso seja, ela pode ser resgatada e pode ser desenvolvida, pode ser usada em outras situações. É importante destacar essa questão de que a sociedade imaginava que a universidade tivesse parado, não estivesse trabalhando, porque no imaginário de uma boa parte da população, só existe aula, né? E nesse período, eu nunca trabalhei tanto. Trabalhava das oito da manhã às 11 da noite, todos os dias, sem parar, de domingo a domingo. Tinha reunião o tempo todo, a gente fez reuniões com a IBM pra falar sobre a solução, com o pessoal da Itália. Teve um artigo com um professor da Universidade da Carolina do Sul, que a gente publicou também com dois pesquisadores do MIT, oriundos desse projeto, dessa parceria. Tinha que gerenciar muitos voluntários que participaram do projeto no início, para viabilizar esse desenvolvimento inicial. O trabalho era extremamente pesado, além de todas as incertezas do período. Esses primeiros meses de trabalho com aplicativo me deixaram esgotado em um nível sem precedentes. 

Você falou bastante sobre a dificuldade de financiamento, e agora, durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, no mês de julho, foi entregue ao governo federal o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, elaborado pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, que prevê R$ 23 bilhões em investimentos. Qual a sua opinião sobre esse plano? A apresentação pareceu um pouco vaga.

Eu tive a mesma sensação de que é um plano um pouco vago. Eu não tinha conhecimento da iniciativa, mas tive acesso aqui na Itália. A primeira coisa a dizer é que é ótimo que o Brasil tenha criado um plano, com recurso envolvido. Eu achei maravilhoso, está alinhado com a maior parte dos países desenvolvidos, que têm criado estratégias para investir em infraestrutura da informação. Para ter uma ideia, a Itália tem um programa nacional de formação em inteligência artificial a nível de doutorado, então investiram em bolsas, em recursos para a universidades e institutos de pesquisa, para formar profissionais. Quando eu fiquei sabendo dessa publicação, desse plano brasileiro, fui dar uma olhada nesse documento e tive a impressão de que algumas coisas estão claras, por exemplo, que vai ser construído um supercomputador, quais são as instituições envolvidas, de onde sai o recurso, etc. O que não fica muito claro para mim é se esses recursos que eles comentam estão divididos por faixas, se já existem projetos em andamento. Eles comentam que muitas coisas ainda vão ser detalhadas, mas ficou obscuro. Estou aguardando ainda para entender se eles liberam mais informações. A gente tem conversado entre os pares para saber. O que não está muito claro para mim é como eu, como pesquisador, posso tentar acessar esses recursos.

E paralelamente a isso, também se discute a necessidade de regulamentação da inteligência artificial. Você tem acompanhado as discussões sobre isso no Brasil e em outros países?

O que eu posso dizer é que definitivamente a regulação do uso da IA, em todo o mundo, é algo extremamente relevante, porque tem muitas dimensões associadas, a questão da privacidade, da segurança, da eficácia desse sistema. E isso não pode ficar assim sem nenhum tipo de regulação, é uma tecnologia que é muito poderosa, pode ser usada de muitas formas, e a gente precisa minimamente entender os riscos ou pelo menos o que a gente não quer. Ao mesmo tempo, é um problema extremamente difícil. Então você precisa de um esforço tremendo envolvendo equipes multidisciplinares. Não vai ser um um pesquisador da área da computação, ou alguém Direito, ou um político que vai definir o que precisa ser feito. Precisa ter um envolvimento da sociedade como um todo, da sociedade civil, de especialistas de múltiplas áreas, da sociologia, direito, da própria inteligência artificial. Precisa ser um processo lento e muito pensado. Por enquanto ninguém faz ideia de como fazer. Quem está mais adiantado é a União Europeia, que já estava para publicar uma regulação da inteligência artificial quando surgiram os grandes modelos de linguagem, como o Chat GPT. E aí, quando foi liberado para o uso público o Chat GPT, a União Europeia segurou a publicação porque viu que ali tinha um potencial para mudar tudo. Especificamente, eu não me debrucei sobre nenhuma das regulações, nem da proposta brasileira, nem da União Europeia. Pessoalmente, a minha sensação é de que no Brasil, especificamente, a sociedade científica, a gente tem a Sociedade Brasileira de Computação, por exemplo, que tem uma comissão especial em Inteligência Artificial, não está sendo incluída nesse processo. No Congresso Brasileiro de Inteligência Artificial e Sistemas Inteligentes, no ano passado, eu participei, teve uma mesa redonda e trouxeram algumas personalidades, um deputado, empresários, alguns professores de universidades brasileiras, se eu não me engano tinha alguém da computação, mas a surpresa é que pessoas dessas comissões especiais de inteligência artificial não tinham participação. Mas, claro, esse é um processo longo. Pode ser que as comissões tenham se aproximado um pouco mais. Mas é preciso, a regulação definitivamente é necessária. Agora, como vai ser feito, envolve muitos aspectos que, se não analisados, podem inclusive bloquear o desenvolvimento da tecnologia num determinado país. É preciso também levar em consideração que os países têm diferentes posições no cenário mundial. Certamente o que vai ser bom para um país talvez não vá ser bom para outro. Então tem essa batalha de interesses para entender melhor, e encontrar pontos que possam ser de concordância. E também entender o nosso papel e o que a gente efetivamente precisa, ao mesmo tempo em que a gente precisa proteger as pessoas e a sociedade dos riscos. Na verdade, o grande objetivo é mitigar os riscos e maximizar as oportunidades, os ganhos que a gente pode extrair da IA para melhoria da vida das pessoas.

Stefani Ceolla
Imprensa Apufsc