“Não podemos ficar ao sabor de governos que consideram o ensino superior como prioridade ou não”, diz pesquisadora

Análise é de Eliane Superti, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba

Educação, ciência e tecnologia são imprescindíveis para o enfrentamento dos grandes desafios contemporâneos da humanidade (crise climática, degradação ambiental, desenvolvimento sustentável, fome, miséria e água potável, entre outros), destaca a Revista Ciência e Cultura. Desta forma, pensar um sistema nacional que integre os três setores teria o potencial para promover e amplificar ações para enfrentamento dos desafios do desenvolvimento socioeconômico brasileiro.

Um Sistema Nacional de Educação Superior, Ciência e Tecnologia poderia promover, amplificar, articular os agentes e as ações e conferir sustentabilidade às práticas sociais fundamentais da sociedade moderna. Isso é o que defende Eliane Superti, professora do Departamento de Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais (PPGPCRI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Para ela, quando aliado às demandas das camadas populares, esse desafio ganha significativa amplitude. “A ação política de construção desse sistema pode potencializar nossas capacidades de formar, de construir esse desenvolvimento socialmente justo, de colocá-lo a favor do desenvolvimento sustentável”, afirma. A ex-reitora da Universidade Federal do Amapá (Unifap, 2014-2018) e avaliadora de cursos de graduação e instituições do banco BASIS/MEC afirma que a qualidade do ensino de graduação está associada à construção do conhecimento e isso envolve a pesquisa: “precisamos garantir que a investigação científica faça parte das instituições de ensino superior, que estejam presentes na formação dos estudantes e como base de construção dos conhecimentos”.

Desta forma, a expansão universitária ocorrida no início dos anos 2000, assim como as ações afirmativas que contribuíram para que camadas antes excluídas desse meio (negros, indígenas, estudantes do ensino público, etc.) pudessem começar a fazer parte dele, foram fundamentais para elevar o patamar das universidades públicas e da produção de conhecimento. Esse novo patamar colocou pesquisa, inovação e tecnologia como estratégia importante para o aumento da produtividade e desenvolvimento socioeconômico. “A universidade não pode ser uma ilha: a universidade tem que estar integrada, e ela precisa fazer essa integração permitindo que a construção do conhecimento dentro dela dialogue com a sociedade”.

Leia a entrevista na íntegra: Revista Ciência e Cultura