Estrutura do anatômico do CCB da UFSC desaba e atividades no local estão suspensas

Sem manutenção, laboratórios atendem diversos cursos de graduação e cerca de 1,5 mil alunos

O forro do laboratório anatômico do Departamento de Ciências Morfológicas do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), campus Florianópolis, desabou nesta terça-feira, dia 9. Segundo o departamento, a situação do local, que já era complicada, vem se deteriorando nos últimos dias e, com as chuvas dessa semana, aliada à falta de manutenção, a estrutura desabou.

Situação do anatômico do CCB registrada nesta quarta-feira (Fotos: Divulgação)

Conforme Kieiv Resende Sousa de Moura, subchefe do Departamento de Ciências Morfológicas, as atividades práticas no anatômico estão suspensas até que a situação seja resolvida. Ela informou que a chefia do departamento e a direção do centro estão reunidas na manhã desta quarta-feira, dia 10, para avaliar a situação e o que pode ser feito.

Apesar da afirmação de que as atividades estão suspensas, nenhuma informação sobre o assunto foi publicada nas páginas oficiais da UFSC até a manhã desta segunda. No final da manhã, a Agecom enviou a seguinte nota:

“Em virtude da chuva e vento persistentes do início desta semana, o forro de dois laboratórios de Anatomia do Departamento de Ciências Morfológicas, vinculado ao Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina, cedeu entre a noite de segunda e a manhã de terça-feira, 9 de julho. A Administração Central da UFSC informa que o conserto dos locais está sendo providenciado pela prefeitura do campus.”

Problema recorrente

O Dossiê sobre as condições de trabalho docente e funcionamento geral da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), lançado pela Apufsc-Sindical no ano passado e entregue à Reitoria, já apresentava a preocupação com o anatômico. Na ocasião, o diretor do CCB, Alexandre Verzani Nogueira, explicou que o espaço onde ficam os laboratórios de Anatomia, localizado no bairro Carvoeira, é o local mais crítico do centro.

Em anexo às salas já desativadas do CCB e com acesso pelos blocos modulados, os laboratórios atendem diversos cursos de graduação e cerca de 1,5 mil alunos. “Seguramente é a parte estrutural mais complicada, a gente só vive fazendo reparo, pintura, etc.”, destacou o diretor no dossiê.

Em março deste ano, uma reportagem da Apufsc-Sindical mostrou que, no CCB, professores estão pagando pelo conserto de aparelhos de ar-condicionado com recursos próprios para viabilizar atividades, especialmente nos laboratórios.

Falta de manutenção e de perspectiva

A falta de manutenção em prédios da universidade foi o problema mais citado no dossiê elaborado pela Apufsc-Sindical. No fim do ano passado, uma reunião do Conselho Universitário (CUn), com a participação da Apufsc, foi realizada para tratar especificamente da situação estrutural e de manutenção da universidade. Na ocasião, uma série de demandas foi apresentada.

O reitor Irineu Manoel de Souza fez algumas explicações sobre dificuldades enfrentadas pela gestão, como a extinção de cargos e ausência de contratos de manutenção quando assumiu. O reitor falou ainda sobre os recorrentes cortes de recursos financeiros que a UFSC sofreu nos últimos anos, e como impactaram na situação estrutural da instituição. No entanto, nenhuma solução foi apresentada.

Em março de 2024, o presidente da Apufsc-Sindical, José Guadalupe Fletes, participou da reunião realizada no gabinete da Reitoria para discutir com diretores de centros de ensino as condições da instituição para a retomada das aulas na graduação. O reitor afirmou, no encontro, que este seria um ano muito difícil para as universidades, principalmente devido a questões orçamentárias. Ele relatou as iniciativas da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) em contato com parlamentares e integrantes do governo federal em busca de sensibilizá-los para a questão. Novamente, não foram apontadas soluções práticas para a questão da manutenção.

No mesmo mês, com o retorno das aulas da graduaçãoa Administração Central divulgou uma mensagem em que desejava boas-vindas à comunidade universitária e informava sobre as questões de manutenção da UFSC. No texto, a Reitoria reforçou que “apesar de todos os esforços realizados, diversos ambientes da universidade iniciarão o semestre sem as condições adequadas para tal“. A gestão também informou que um amplo levantamento dos problemas de infraestrura já foi realizado e afirmou que devido ao grande volume de solicitações de manutenção “será necessário um tempo razoável para realização dessas atividades”.

Nesta semana, a gestão Universidade Presente divulgou um balanço dos dois anos à frente da administração da UFSC. O texto cita uma série de ações, mas sequer menciona a palavra “manutenção”. Sobre o assunto, o balanço diz apenas que a gestão herdou um “legado de deterioração das infraestruturas da universidade”.

Manutenção deixada de lado no PAC das Universidades

Em junho, com o lançamento do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das universidades, havia a expectativa de que a UFSC recebesse recursos financeiros para reparar os problemas estruturais. No entanto, eles não foram solicitados para este fim. Para SC, estão previstas quatro obras – três delas na UFSC e uma na Universidade da Fronteira Sul (UFFS).

Na federal de SC, as obras contempladas no PAC preveem infraestrutura para assistência estudantil do campus Florianópolis; aquisição de prédio para atividades acadêmicas do campus Florianópolis; e obras para o Hospital Universitário da UFSC em Florianópolis. Os valores e prazos de cada uma delas ainda não foram informados.

No balanço de dois anos de gestão, a Reitoria reconheceu que “de fato, o RU e moradias foram prioridades elencadas pela Administração Central da UFSC para receber recursos do novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal”.

A colunista da NSC Comunicação, Dagmara Spautz, informou que “SC está na lanterna” dos investimentos previsto pelo PAC das universidades“. Segundo ela, só o Distrito Federal teve menos projetos incluídos – foram dois, na UnB.

Imprensa Apufsc