O que se esconde na campanha que pretende desfiliar a Apufsc-Sindical do Proifes-Federação

*Por Adriano Luiz Duarte e Suzi Barletto Cavalli

Na última campanha salarial, os embates Proifes-Federação x Andes-SN voltaram a ocupar o proscênio. Entretanto, a maioria dos professores que entraram na universidade depois de 2009 não conhecem as razões pelas quais chegamos a ter um sindicato estadual e, muito menos, porque hoje somos ligados ao Proifes-Federação.

Mas o passado tem sempre algo a nos ensinar.

Revoltados com a mudança histórica promovida pela Apufsc em 2009, que decidiu soberanamente e por maioria esmagadora desfiliar-se do Andes-nacional e ter um sindicato autônomo, esse pequeno, mas ruidoso grupo de apoiadores da Andes-SN, desvinculou-se da Apufsc-Sindical e passou a atuar com um sindicato paralelo (Andes-UFSC), que foi declarado ilegal e finalmente extinto pela justiça em 2011. O processo, que essa atividade ilegal já transitou em julgado, e a Andes-SN, a criadora do sindicato ilegal, deve hoje à Apufsc-Sindical aproximadamente R$ 2.800,00,00 (dois milhões e oitocentos mil reais). A aventura do sindicato paralelo “Andes-UFSC” gerou prejuízos, confusão política, roubou tempo e energia dos filiados, enfraqueceu o sindicato e dificulta até hoje novas filiações. Não é exagero dizer que tentaram destruir a Apufsc-Sindical.

Mas eles mudaram o nome e hoje se apresentam como “docentes em luta”. Mas o objetivo continua sendo o mesmo: extinguir a Apufsc-Sindical como sindicato autônomo, para que ela possa, como simples sessão sindical, voltar à Andes-SN. A estratégia agora é simples, mas nacionalmente articulada: atacar todas os sindicatos filiados ao Proifes-Federação, enfraquecer suas diretorias, reconquistar os sindicatos,
desfilá-los do Proifes-Federação e trazê-los de volta para a Andes-SN. Esse é um dos principais objetivos expressos na atual greve nacional.

Circula pelos campi um panfleto assinado pelo comando local de greve que pede uma assembleia pela desfiliação da Apufsc ao Proifes-Federação, como se a federação fosse causa das dificuldades que a categoria vive hoje. Mas contra fatos não há argumentos: O jornal O Globo identificou dezesseis ações judiciais espalhadas pelo país contra o Proifes-Federação. Entretanto, em Santa Catarina, por decisão judicial, eles não podem aparecer com seu nome verdadeiro, então se escondem por trás do comando
local de greve. Será que todo o comando local de greve composto por mais de oitenta
pessoas compreende e compactua com essa estratégia?

Não é difícil inferir que a continuidade artificial da greve tenha como objetivo
central essa estratégia determinada nacionalmente contra o Proifes-Federação. Mas o
que significa exatamente sair da federação?

1) Não se trata apenas de sair da federação, mas de sair do Proifes para retornar à
Andes-SN. Eles não dizem mas é esse o objetivo;

2) Para que isso aconteça a Apufsc-Sindical precisa abrir mão da sua carta
sindical, perdendo seu Registro Sindical. Só então ela poderia passar a ser seção
sindical;

3) Com isso, a Apufsc-Sindical perde sua independência e autonomia, passando
a ter que cumprir a determinações da direção da Andes-SN;

4) Perda do Estatuto: A Apufsc-Sindical teria que construir um novo regimento,
subordinado ao Estatuto da Andes;

5) Perda de identidade política: Visto que o sindicato não mais teria representação
na direção nacional, esta representação passaria ser feita pelos indivíduos que
compusessem a chapa que porventura viesse a ganhar as eleições da Andes;

6) Aumento dos repasses mensais: Hoje a Apufsc-Sindcal repassa ao Proifes
mensalmente 9% da sua arrecadação bruta (R$ 27.675,75). Se fôssemos filiados à Andes-
SN esse repasse seria de R$ 61.501,67, mensais, mais 1% para o fundo de greve (R$
3.075,09), num total de R$ 67.651,85. A questão aqui é bem simples: para uma
federação, o que importa são sindicatos fortes; para a andes, o que importa é o sindicato
nacional forte às custas das seções sindicais;

7) O estatuto da Apufsc-sindical teria que abandonar as assembleias híbridas,
transmitidas pelo YouTube, divididas em duas etapas, uma de discussão e outra de
votação, por apenas uma assembleia presencial, onde tudo se decide. No exato momento
em que há um movimento nacional, organizado pela UFRJ, a maior sessão sindical da
Andes-SN, para que todas as decisões sobre entrada e saída de greve sejam sempre
tomadas como fazemos há mais de quinze anos na UFSC: com votação eletrônica de
todos os associados. Se você é a favor assine o documento aqui.

Um pensador já disse uma vez que a história se repete duas vezes: na primeira
vez como tragédia, na segunda como farsa. A pergunta é: queremos mesmo fazer parte
dessa farsa e regredir 15 anos?

*Adriano Luiz Duarte é vice-presidente da Apufsc-Sindical e professor do CFH da UFSC; Suzi Barletto Cavalli é professora aposentada do departamento de Nutrição da UFSC e membro da Diretoria da Apufsc-Sindical