Apufsc é uma das signatárias do documento que pede a revogação da medida e alerta para aumento dos casos no Estado
Entidades científicas e da área da saúde de Santa Catarina publicaram um manifesto nesta segunda-feira (6) contra a nova portaria 223 do governo do Estado que flexibiliza o isolamento social. “A portaria repete o erro do plano anterior, afronta a ciência, as evidências epidemiológicas e tem potencial para agravar a epidemia,” diz o texto, que tem a Apufsc como uma das 66 entidades signatárias.
As entidades cobram mais transparência do governo estadual e questionam: “com base em que dados científicos o governo elaborou a nova portaria?, qual o número de casos suspeitos? qual o número de internados, em leitos comuns ou de UTI? Qual o número de testados e de testes disponíveis? Quantos internados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) foram testados? Quantas mortes por SRAG aguardam resultados?”
Uma avaliação publicada no dia 3 de abril aponta que SC é o terceiro pior estado do país em termos de transparência de dados sobre a epidemia e que o nível de informação prestada é insuficiente para o monitoramento da doença. Segundo as entidades, a carência de dados epidemiológicos, somada a algumas políticas adotadas, provoca uma falsa sensação de segurança na população, que passa a acreditar que a doença atinge apenas grupos específicos e pequenos.
No manifesto, as entidades alertam que a curva de crescimento de casos em Santa Catarina não é suave nem decrescente e que a epidemia está em plena expansão. “De acordo com os dados do Ministério da Saúde, dentre os pacientes que foram testados no país, 7% eram positivos para o Covid-19. Num cálculo simples, se temos 379 casos confirmados hoje no estado, estima-se que haja 4055 infectados. Desses, cerca de 2850 podem transmitir a doença.”
Além de pedirem o adiamento da portaria 223, as entidades recomendam que o governo regulamente o uso obrigatório de máscaras e a adoção de medidas de higiene por todos os profissionais que tenham interação com o público. Sugerem também a produção de máscaras, em quantidade e qualidade adequadas, pelas indústrias têxteis catarinenses.
No dia 31 de março, a SBPC-SC anunciou a criação de uma força-tarefa de cientistas que se colocou à disposição do governo estadual e dos municípios para ajudar no enfrentamento à pandemia, com o apoio de instituições reconhecidas como a Fiocruz, do Rio. Até o momento, no entanto, a SBPC não obteve retorno do governo e tomou conhecimento de que o Estado criou seu próprio cadastro de pesquisadores voluntários.