Fungada no cangote é assédio moral?

*Por Nestor Roqueiro

O atual governo valoriza o funcionário público. Tem algo errado que não está certo. O ministro da casa civil, um dos cargos políticos mais importantes do governo, pensa e diz que com uma fungada no cangote dos funcionários públicos estes sairiam da inércia ficando mais ágeis. https://www.poder360.com.br/governo/funcionalismo-publico-precisa-ser-mais-agil-diz-rui-costa/

Se isto não é apologia ao assédio no local de trabalho, não imagino como qualificá-lo. E se é, não entendo como este senhor não é exonerado. Claro, a menos que o governo não valorize o funcionário público. O episódio é grave, não é um deslize. Estamos em um momento crítico da reivindicação salarial dos funcionários públicos e muitas centrais sindicais manifestaram repúdio às palavras proferidas pelo ministro https://www.publica.org.br/noticias/nota/nota-de-repudio-as-declaracoes-do-ministro-da-casa-civil-rui-costa-sobre-os-servidores-publicos/, mas CUT não se manifestou, por que será? E o PROIFES também não, POR QUE SERÁ? Deve ser que para estas entidades a fala do ministro não interfere em nada nas “negociações” salariais em curso. E observando a dinâmica da mesa nacional de enrolação permanente realmente podemos concluir que em nada interfere. O que poderia interferir seria a organização das bases em um plano de luta pelo salário e na mobilização massiva. No nosso caso o sindicato local  promove a ausência de debate e desencoraja a mobilização, e assim colabora com o silêncio dos coniventes.  

Quem se lembra da CUT antes do PT virar governo? Eram tempos de grandes mobilizações né? Quem se lembra do movimento sindical depois do PT sair do governo? Quase desapareceu, né? É que com o PT no governo o trabalhador seria valorizado, e foi. Tivemos bons salários em um país pujante. Mas o movimento sindical esqueceu das bases, as massas se desmobilizaram pois os dirigentes estavam sentados em mesas de “negociação” junto ao governo. Mas alguma hora o dia acaba e surge o reino das trevas. Se o fogo da tocha não foi alimentado e apagou, reacender toma mais tempo ou se a tocha molhou não pode mais ser acessa.

Nosso trabalho de acender a tocha de novo vai ser difícil, mas com a liderança de um Conselho de Representantes comprometido com a categoria temos alguma chance, não vamos desperdiçar esta oportunidade. Não demos ouvidos aos arautos do imobilismo. 

*Nestor Roqueiro é professor do DAS/CTC