Modelo chamado SIR, que divide população em suscetíveis, infectados e curados/mortos usa equação conhecidas por astrônomos para entender fenômenos da natureza
Dois cientistas brasileiros estão usando modelos físicos de sistemas dinâmicos, usados em astrofísica, para ajudar a prever o comportamento do coronavírus no Brasil. A ideia é contribuir com as autoridades e médicos a se prepararem para a epidemia de covid-19, assim como ocorreu em países que enfrentaram a doença antes do Brasil.
O modelo foi formulado pelos pesquisadores José Dias do Nascimento, físico do Departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte); e Wladimir Lyra, astrônomo da Universidade do Estado do Novo México, nos EUA.
O trabalho usa equações conhecidas por astrofísicos e astrônomos para a compreensão de fenômenos da natureza. Trazidas à realidade da pandemia, ela traça cenários diante de avanço da doença em perspectivas mais otimistas e pessimistas.
“A astrofísica lida bastante com processos não-lineares, e na pesquisa em dinâmica de fluidos já tinha até usado modelos originalmente desenvolvidos para a dinâmica de populações biológicas, como o modelo predador-presa —modelo que foi desenvolvido em biologia-matemática para estudar as populações de predadores e presas em um ambiente. Alguns processos astrofísicos seguem a mesma dinâmica”, diz Lyra.
Nascimento afirma que o modelo usado chama-se SIR, que divide a população em três partes: Suscetíveis [a contrair o vírus], Infectados e Removidos [curados ou mortos], daí a sigla.
“É um modelo simples e bem estabelecido na física desde os anos 1970. Ele entrou com muita força nos estudos de espalhamento de doenças por vírus. A física tem variações desse modelo, e o que tem de novo nesse nosso é a aquisição de dados em tempo real e recálculos dos parâmetros para previsão”, diz.
Os sistemas dinâmicos usados aqui são os mesmos das previsões meteorológicas e da análise de planetas e astros, com base em conceitos da física e matemática.
“Essa sistema dinâmico, com a posse de dados novos, pode evoluir e saber qual o próximo passo das variáveis do sistema. Ou seja, com ele podemos descrever cada uma das partículas nesse momento e saber onde ela vai estar num segundo momento”, completa.
Leia na íntegra: Uol Tecnologia