Estudo mostra que isolamento social foi eficaz para frear o contágio em Santa Catarina; parecer será apresentado ao governo do Estado
Um parecer elaborado por mais de 50 cientistas do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) conclui que “não parece existir do ponto de vista científico uma alternativa segura à quarentena total mantida até o controle da pandemia”. Os argumentos reunidos pelos pesquisadores (médicos, biólogos, biomédicos e farmacêuticos) que fizeram parte do grupo apontam, ainda, que em Santa Catarina, desde o início do isolamento social, já há resultados eficazes na contenção do contágio pelo novo Coronavírus.
O parecer, assinado pelo professor Oscar Bruña-Romero, foi solicitado pela Administração Central da UFSC, para atender a um pedido do promotor de Justiça Douglas Roberto Martins, coordenador do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e do Terceiro Setor do Ministério Público de Santa Catarina (CDH/MPSC). A intenção foi oferecer subsídios técnicos a respeito do Plano Estratégico de Retomada das Atividades Econômicas apresentado pelo Governo do Estado de Santa Catarina. os argumentos serão apresentados ao governador Carlos Moisés. A Universidade encaminhou Ofício junto ao parecer técnico na noite desta sexta-feira, 27 de março.
O parecer aponta que, “em consequência da diminuição das atividades no estado de Santa Catarina desde semana passada, podemos afirmar que começamos a observar desde o domingo dia 22/03/2020 diferenças entre a expectativa de evolução da infecção (se usássemos as constantes internacionais de disseminação) e os dados reais observados até a data de hoje, mostrando a eficácia da medida tomada no nosso território (quarentena)”.
O documento conclui que o controle da pandemia será atingido “mediante teste exaustivo de todas as possíveis pessoas infectadas, podendo assim determinar de forma clara o pico (ou plateau) da epidemia, e somente
permitindo uma posterior liberação gradual e controlada de indivíduos”. A liberação, segundo os cientistas, “deverá incluir inicialmente indivíduos que já tenham passado pela infecção ou que pelas suas características demográficas e/ou de saúde venham a representar riscos muito baixos ao sistema de saúde, de modo a continuar mantendo sob estrito controle o número estimado de possíveis pacientes graves que possam precisar de ajuda do sistema de saúde”.
“Se não respeitadas essas medidas conforme os critérios acima expostos correremos um risco inaceitável do ponto de vista científico, e estaremos colocando o bem maior do ser humano, qual é a sua vida, na frente de bens materiais de menor importância, não conseguindo achar justificativa alguma na Ciência para este fato”.
Leia o documento na íntegra aqui.