José Guadalupe Fletes participou da sessão solene em comemoração aos 63 anos da universidade
“Quando somos conquistados por um ambiente de trabalho, nós tomamos para si o exercício acadêmico e principalmente o que nos envolve no dia a dia”, afirmou José Guadalupe Fletes durante a sessão solene do Conselho Universitário (CUn) em comemoração ao aniversário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), nesta terça-feira, dia 5, em Florianópolis. Tomado pela emoção, o presidente da Apufsc-Sindical ressaltou em seu discursou conquistas e desafios da universidade e o papel do sindicato na trajetória da instituição. Fletes também homenageou os cinco docentes que receberam os títulos de Professor Emérito e Mérito Universitário.
O presidente da Apufsc defendeu que esse é um momento ímpar na atual conjuntura do país, ocasião que pede que a comunidade interna e externa trabalhem juntas na união e reconstrução da universidade. “Dos 63 anos de vida da UFSC, 48 anos é de convívio do nosso sindicato com as gestões universitárias. Sempre com um caráter colaborativo, mas com espírito crítico. Nós contribuímos aqui com a crítica, no sentido de defesa da nossa universidade, mas, ao mesmo tempo no de avançar.”
Fletes lembrou que a Apufsc surgiu como associação de 137 professores, dos quase mil docentes da época. Conforme relatado por Luiz Fernando Scheibe a ele, o princípio da reunião do grupo em 1975 foi “no sentido de uma associação plural e diversa, com o objetivo principal de reunir os professores da universidade para a troca de ideias e confraternizações, porque muitos professores que vem para a universidade são de outros estados ou país”.
Segundo Fletes, a mesma motivação segue até hoje e foi a responsável por auxiliar nos movimentos que resultaram em uma série de conquistas dos servidores públicos federais e da categoria docente. “A Apufsc-Sindical participou ativamente no primeiro processo paritário de escolha do reitor. Também participou de todas as lutas por melhores condições de trabalho e plano de carreira”, pontuou.
Por fim, o presidente elencou dificuldades latentes que a Universidade enfrenta, como o esvaziamento do campus e o desafio da permanência discente e docente. Ele também sugeriu que se verifique o impacto do trabalho remoto em áreas estratégicas administrativas. “Precisamos repensar nossas ações, nos unir em defesa da universidade pública, laica e de qualidade acadêmica. Principalmente porque visamos o cumprimento da missão em benefício da sociedade.”
Assista o discurso completo aqui:
Relação dos homenageados com a Apufsc
Ainda durante seu discurso, Fletes pediu licença para acrescentar no extenso currículo dos Professores Eméritos homenageados César Zucco e Ubaldo Cesar Balthazar a contribuição deles para o sindicato. Balthazar, docente aposentado do Centro de Ciências Jurídicas e ex-reitor da UFSC, participou como tesoureiro geral da Apufsc na gestão de 1980–82 e como membro do Conselho Fiscal em 1992–94. Na primeira função, Fletes lembrou que foi Ubaldo quem o acompanhou para prestar depoimento quando ele sofreu um processo de expulsão do país. “Por isso eu digo que fui tomado de emoção, porque tem momentos na vida que a gente tem que a agradecer.”
Na gestão de 1987–89 foi a vez de César Zucco ser tesoureiro da Apufsc. Na ocasião, Fletes e o professor do departamento de Química foram colegas de Diretoria, quando o então presidente atuava como secretário-geral. “Notem que temos uma vida acadêmica e uma vida sociopolítica, para qual nós exercemos como voluntários.”
Fotos: Imprensa/Apufsc
À reportagem, Zucco lembrou da dificuldade que os docentes enfrentaram nos primeiros anos da Apufsc. “Foi uma experiência bastante interessante, mas muito difícil. Acho que trabalhar na Diretoria da Apufsc não é fácil. Naquele momento, no final da ditadura, era muito difícil. Não só como entidade de relacionamento de professores, mas pelo caráter trabalhista”, destacou. Para Ubaldo, as passagens pelas funções administrativas do sindicato também foram desafiadoras, mas, ao mesmo tempo, “foi uma relação boa, um aprendizado e um quebra-pau”.
Karol Bernardi
Imprensa Apufsc