“Digesto de Justiniano” foi a obra apresentada pelo professor José Isaac Pilati
O projeto Livro na Praça, da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), encerrou o ano com edição sobre textos jurídicos clássicos. O encontro, que aconteceu na última sexta-feira, dia 24, teve apresentação do professor José Isaac Pilati sobre obra “Digesto de Justiniano – Livro Segundo: Jurisdição”, 2ª edição bilíngue Latim-Português, traduzida por ele. Além do debate sobre o livro, teve apresentação de piano com Elizete Lanzoni Alves e, pela primeira vez no projeto, declamação de poemas, feita por Pilati.
O professor propôs a inovação nessa última edição do Livro na Praça. Entusiasta da poesia, contou que decora o primeiro poema de todo o livro do gênero que lê. Sobre a sugestão de trazer declamação para o evento sobre a tradução de livro jurídico, ele explicou: “O desafio da música, poesia e tradução de uma obra jurídica é o mesmo: caçar a alma.”
O livro apresentado no evento é uma organização do imperador bizantino Justiniano I, que reuniu textos jurídicos clássicos do Direito Romano de sua época — 528 d.C. O “Digesto” é uma das partes do consolidado histórico que ficou conhecido como “Corpus Iuris Civilis“. Pilati foi o primeiro a traduzir o Livro Segundo do Digesto do latim para português. “É a primeira tradução, e isso já mostra como o Direito está construído”, afirmou o professor.
Pilati, que deu aulas de Direito Romano na UFSC, contou que muito do que aprendeu sobre o tema foi com o Digesto. “É uma sabedoria atrás da outra”, disse. O professor também explicou que existe uma grande diferença entre a nossa jurisdição e a de uma Urbs (sinônimo de Roma, “a cidade por excelência”) onde os cidadãos são soberanos, não o Estado. Entre os trechos que mais o marcou do Digesto, citou: “A jurisdição não se pauta pela justa indignação, mas pela equidade.”
Foram três anos para traduzir a obra. Pilati optou por deixar também a versão original do texto no livro. “O leitor tem o direito de ter o latim, porque a tradução de um verbo muda tudo”, defendeu.
Livro na Praça acontece na Igrejinha da UFSC, em frente à Praça Santos Dumont (Fotos: Lais Godinho/Apufsc)
Evento será retomado em 2024
“Nós trabalhamos com as ideiais”, afirmou Waldir Rampinelli sobre o objetivo do Livro na Praça. O diretor da EdUFSC comemorou que, ao longo deste ano, o projeto conseguiu bater o número de 3 mil exemplares vendidos. “Não foi fácil, mas é uma marca muito importante para nós. Isso se deve a quem vem e compra, aos funcionários e aos bolsistas [da editora]”, agradeceu.
A EdUFSC usa o valor arrecadado com as vendas para publicar novos livros. Em 2023, 22 obras foram publicadas. “São livros que muitas vezes editoras grandes não fazem”, justificou Rampinelli sobre a importância do trabalho da editora na difusão de conhecimento, já que visa o conteúdo em vez de lucro.
No Livro na Praça, livros são vendidos por preços promocionais (Fotos: Lais Godinho/Apufsc)
O projeto Livro na Praça volta com o ano letivo da UFSC, em março de 2024. Rampinelli espera abrir o ano com palestra de Jazmín Barrios, juíza da Guatemala que condenou o ex-ditador Ríos Montt por genocídio em 2013. A sentença foi a primeira do tipo em toda a América Latina. A história é contada no livro “Genocídio na Guatemala – Primeiro general condenado na América Latina”, da antropóloga Victoria Sanford. O evento ainda aguarda confirmação de Jazmín Barrios.
Lais Godinho
Imprensa Apufsc