Pesquisas indicam que 27% do oceano global atingiram temperaturas nunca registradas antes
Um grupo de cientistas do Programa Mundial de Pesquisa Climática (WCRP) da Organização Mundial de Meteorologia (WMO) liderado pela professora Regina Rodrigues, do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), redigiu uma declaração alertando para o recorde recente no aquecimento dos oceanos. Os pesquisadores consideram que esses casos podem aumentar em frequência, duração e intensidade se não ocorrerem esforços dramáticos de mitigação e adaptação.
O documento indica que as temperaturas médias globais dos oceanos estão atualmente em um nível nunca registrado anteriormente, com 27% do oceano global com extremos de temperatura. Segundo a professora, com a previsão do fenômeno El Niño para o final do ano essa situação pode se agravar, pois o El Niño é um dos principais mecanismos de geração de ondas de calor marinhas globalmente.
“Além dos ecossistemas, o calor dos oceanos é uma importante fonte de energia que alimenta ciclones tropicais. As ondas de calor marinhas no Oceano Índico tropical contribuem para a rápida intensificação dos ciclones e das flutuações nas chuvas das monções da Índia”, explica. O texto da declaração menciona, ainda, outros impactos causados pelo fenômeno. “Sabemos que as ondas de calor marinhas resultam em milhares de milhões de dólares em danos aos ecossistemas marinhos e a indústrias da pesca e do turismo”, destaca a pesquisadora, que no ano passado participou da conferência do clima da Organização das Nações Unidas.
Grupo de pesquisadores está focado no problema
O grupo que a professora da UFSC lidera foi estabelecido com o objetivo de estudar os extremos de temperatura nos oceanos, daí a necessidade de escrever a declaração para divulgar o que se sabe e o que não se sabe sobre as causas e impactos desses últimos acontecimentos. “A motivação não foi a publicação de um estudo específico, mas todo conhecimento que o grupo de especialistas tem sobre o assunto. Discutimos recentemente essa situação em uma reunião do grupo para estabelecer os pontos principais da declaração”, explica.
Regina é a única cientista brasileira a assinar a declaração, que menciona também outros impactos já identificados. “Os recifes de coral ao largo de Florida Keys já registaram um nível sem precedentes de branqueamento de corais este ano”. Este arquipélago está situado no estado da Flórida, nos Estados Unidos. O branqueamento dos corais causa problemas como a perda de habitat de animais marinhos, sendo um dos indicadores importantes para a análise do aquecimento.
O documento aponta, ainda, que o sistema de previsões de ondas de calor marinhas da NOAA nos EUA projeta uma probabilidade de 50-80% da área do Atlântico Tropical apresentar ondas de calor marinhas até o final do ano, o que pode intensificar os furacões na região. Na declaração, também é possível acessar links e relatórios que embasam o estudo. Para acessar sua versão original, clique aqui.
Leia na íntegra: Notícias UFSC