Por partes

*Por Nestor Roqueiro

Vamos por partes. Me falta erudição e conhecimento da língua portuguesa para me aproximar da escrita do professor Fabio Lopes, mas sei me expressar, ou assim creio.

Disciplina, compromisso, iniciativas individuais, desordem, confusão ideológica, dispersão, desmobilização, laissez-faire, desarticulação na UFSC? Sim, e não é de agora. Haverá quem diga que as universidades mundo afora são como a UFSC, já ouvi isso mais de uma vez. Mas entra Reitoria, sai Reitoria, e o papel da UFSC para o desenvolvimento do Brasil, para o melhoramento da qualidade de vida dos cidadãos/as nunca é definido institucionalmente. Quando se precisa chamam-se os líderes dos laboratórios mais proeminentes, aos quais reconheço o mérito, para mostrar o que a UFSC é e para onde ela vai. De institucional…nada.

Podemos acrescentar termos aos mencionados no início do parágrafo, aos montes, pois não temos um projeto de Universidade. Portanto, tentar resolver cada um destes tópicos por separado não é mais do que remendar uma velha calça furada. É necessário pensar a UFSC. Ah, sim, e não vamos encomendar esta tarefa aos tais líderes de laboratórios de referência, né?

O segundo ponto é autoridade. Autoridade para mim não se impõe, se conquista. Líderes fracos impõem, grandes líderes não precisam impor. É claro que vivemos em tempos de ódio incentivado por arruaceiros com sede de poder, mas mesmo em tempos difíceis devemos continuar a luta para que a autoridade seja reconhecida sem imposição. Como professores não precisamos nos impor, precisamos conquistar autoridade por reconhecimento. Estamos fazendo isto? Suspeito que não.

Em terceiro, vamos tomar cuidado com misturar (des)organização para reivindicar salário, com questões de reconhecimento interno com vistas a reestabelecer autoridade. É bem verdade que se perdemos reconhecimento como professores isso vai impactar nas negociações pelo salário. Mas vamos colocar o boi na frente da carroça, não atrás.

Para finalizar, se nunca fizemos o trabalho de construir uma coletividade sólida, respeitando e valorizando as diferenças, com objetivos institucionais claros e firmes, por quê tanta surpresa com o resultado nos tempos atuais? Catarse não resolve. Crítica pura também não. Precisamos de propostas e de debates.

*Nestor Roqueiro é professor do DAS/CTC