Livro na Praça desta sexta-feira apresenta obras sobre Cruz e Sousa

A convidada é a professora Zilma Gesser Nunes, que vai falar sobre a negritude no trabalho literário do autor

O projeto Livro na Praça, da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) desta sexta-feira, dia 12, tem como tema a obra do poeta catarinense Cruz e Sousa. A convidada é a professora Zilma Gesser Nunes, que vai falar sobre a negritude no trabalho literário do autor. O evento começa às 18h, na Igrejinha da UFSC, e terá apresentação de JB Costa e música de La Guitarra Encantada.

Professora e pesquisadora do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas (DLLV/UFSC), Zilma foi organizadora da obra “Negro – Cruz e Sousa”, lançada em 2019, um conjunto de textos nos quais o poeta simbolista exprime sua condição de negro e a consciência da negritude.

Nas palavras de Zilma, o livro “configura uma mostra da forma como o poeta tratou o negro em sua produção, seja em sua condição de escravo, em cenas de dor e humilhação, seja na condição de poeta emparedado por uma sociedade preconceituosa, seja em textos que evocam a sensualidade africana, a beleza e a volúpia dos prazeres carnais”.

Sobre Cruz e Sousa

Filho de escravizados, Cruz e Sousa pôde receber educação de qualidade graças à proteção que teve do casal Clarinda Fagundes e Guilherme Xavier de Sousa, militar herói da Guerra do Paraguai. Em reconhecimento, João da Cruz adotou o nome pelo qual é mundialmente conhecido.

Ele nasceu em 1961 na Ilha de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. Ainda jovem, iniciou sua atividade literária e jornalística, engajando-se também na campanha abolicionista. Na Província, integrou um grupo chamado de Ideia Nova, que defendia a estética realista.

Em 1889, transferiu-se definitivamente para o Rio de Janeiro. Nesta cidade conheceu Gavita Rosa Gonçalves, imortalizada em um de seus poemas como “Rosa Negra”. No Rio de Janeiro, com apoio do editor Domingos de Magalhães, lançou os livros “Missal”, em prosa, e “Broquéis”, de poesia, ambos em 1893. A crítica literária aponta “Broquéis” como o livro que inaugura o Simbolismo no Brasil.

A obra mais importante de Cruz e Sousa, no entanto, somente veio a público após a sua morte, através dos amigos Saturnino de Meireles e Nestor Victor. Destacam-se os livros “Evocações” (1898), “Faróis” (1900) e “Últimos sonetos” (1905).

Em 1924, por iniciativa de Nestor Victor, surgiu a primeira “Obra Completa” do autor. No centenário de nascimento, veio a público a segunda “Obra completa”, organizada por Andrade Murici. Anos mais tarde, a mesma foi atualizada por Alexei Bueno. Enfim, a reunião mais completa da obra de Cruz e Sousa foi publicada em 2008 por Lauro Junkes. A par disso, livros de crítica literária e de história aclamam o poeta negro como expressão máxima do Simbolismo no Brasil, fazendo páreo com mestres universais como Mallarmé e Baudelaire.

No Rio de Janeiro, Cruz e Sousa lutou para sobreviver, trabalhando como arquivista da Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 1898, com 36 anos, despediu-se de Gavita, grávida do quarto filho, para tratar-se de uma tuberculose em Barbacena, Minas Gerais, mas não resistiu à doença. Seu corpo retornou ao Rio num vagão de trem destinado ao transporte de animais.

Programação do Livro na Praça

Maio
12/5: Professora Zilma Guesser – Cruz e Sousa: a negritude na obra do poeta negro
26/5: Professores Raphael Grazziano e Lino Peres – A arquitetura e a cidade

Junho
16/6: Jornalistas Elaine Tavares e Miriam Santini de Abreu – Jornalismo independente e a crítica do cotidiano
23/6: Professor Waldomiro da Silva Códices – Os primeiros livros da história da América Latina, de Miguel León-Portilla
30/6: Professores Paulo Capela e Edgard Matiello – Esporte e lazer na cultura dos trabalhadores

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