Desilusão

*Por Nestor Roqueiro

Depois de seis anos dos funcionários públicos e a ciência serem aviltados diariamente com parca reação dos sindicatos, tinha a esperança de ver um pouco de céu azul e ar fresco. Parece que não vai ser assim. É verdade que houve alguma resistência, participamos de algumas passeatas, mas éramos poucos. Com a renovação do governo federal a partir do início deste ano, certamente podemos ver alguma luz no fim do túnel. Afinal, com a boa vontade do governo de implementar um reajuste de salários do funcionalismo público, podemos considerar que o respeito, ao menos, se recuperou. Também se recuperou uma certa capacidade de diálogo e a expectativa é de que se mantenha.

Mas o diálogo com o patrão é sempre do subordinado com quem efetivamente manda. Se o subordinado não conseguir se unir a outros subordinados até ter peso político suficiente, pode até ser escutado, mas não será ouvido.

Já tivemos a experiência do Proifes (filiado à CUT, que é o braço sindical do PT) “dialogar” com o governo do PT, no passado. Como não teve (e não tem) independência em relação governo, desestimou a necessidade de formar um movimento de base sólido (aquele necessário, imprescindível!, aos subordinados).

Quando o PT deixou o governo, e em algum momento ia deixar, claro, simplesmente ficaram sem ação. Não tinham mais o parceiro para tentar atender as necessidades da classe e não tinham capacidade de mobilização alguma. O que vemos agora é a repetição da história. E é triste ver que a Apufsc está se prestando a legitimar uma ação política que vai nos levar, no futuro, a 2017.

O plano de ação 2023 da Diretoria, apresentado no dia 6 de abril ao Conselho de Representantes (CR) e que ainda não foi publicado, não tem nenhuma referência à formação de um Grupo de Trabalho de Carreira e Salário no âmbito da UFSC e nenhuma chamada a uma assembleia para discutir a questão salarial. A Apufsc promove um monte de eventos, e nenhum deles relacionado com a questão salarial.

Desilusão, é isso que eu sinto. Talvez esperava demasiado. Talvez sonhava com um despertar mais enérgico depois da letargia dos últimos anos. Pensei que respirar democracia pudesse oxigenar cérebros e músculos. Parece que errei.

Fui.

*Nestor Roqueiro e professor do DAS/CTC