Reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, participou do encontro, que teve homenagem a Luiz Carlos Cancellier, ex-reitor da universidade
Na manhã desta quinta-feira, dia 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Educação, Camilo Santana, e a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, se reuniram com reitores de universidades e institutos federais do país. De acordo com o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, que esteve presente na reunião, Lula se comprometeu em repassar recursos para as universidades. O presidente aproveitou o momento para afirmar que o governo irá respeitar a escolha dos reitores eleitos pela comunidade acadêmica. No encontro, Lula também relembrou a morte do ex-reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo.
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De acordo com a assessoria de comunicação da UFSC, o reitor afirmou que o governo se comprometeu a repassar recursos para as universidades e reconheceu o papel destas instituições não só em relação ao ensino superior mas também com o ensino básico. Irineu avaliou que os discursos de Lula e de Camilo Santana estão em sintonia com o programa de gestão dos novos dirigentes da UFSC, pois enfatizam a aproximação com a sociedade, a inclusão e a permanência como eixos centrais na educação.
Irineu informou que o orçamento da UFSC em 2023 é menor do que o do ano passado. Porém existe expectativa de que possa haver alguma compensação pelos cortes realizados em 2022 – que fizeram a universidade fechar o ano com déficit de quase R$ 4 milhões –, pois a chamada PEC da Transição traz espaço para a recomposição.
O reitor disse ainda que o ministro da Educação manifestou o propósito de retomar obras paradas nas universidades. No caso da UFSC, são consideradas prioritárias a conclusão do prédio do Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), do prédio da Medicina em Araranguá, reforma das edificações do Departamento Artístico e Cultural (DAC), construção da Moradia Estudantil, Moradia Indígena e ampliação do Restaurante Universitário, entre outras.
Universidade e mercado alinhados
Na abertura da reunião, no Palácio do Planalto, o presidente disse que se tratava do “encontro da civilização”. “Estamos começando um novo momento, sei do obscurantismo que se viveu nos últimos quatro anos, e eu quero dizer que estamos saindo das trevas para voltar à luminosidade de um novo tempo”.
Segundo Lula, o governo buscará oferecer uma educação de qualidade, alinhada ao “novo mundo do trabalho” e às necessidades da sociedade. “As universidades têm que participar junto com empresários, sindicatos, governo, para gente desvendar o que vai fazer para colocar as pessoas no mercado de trabalho”, conclamou, citando a falta de qualificação de trabalhadores para ocupar funções que exigem conhecimento em tecnologia.
Para o presidente, a escolha dos cursos prioritários para o país também deve ser motivo de discussão. “O Brasil não pode ser o país do mundo que tenha mais universidades para formar advogado, precisamos formar outras pessoas. Precisamos investir mais em engenharia, em médicos. Na maioria das cidades desse país, temos carência de médicos. É preciso adotar a política de levar benefício para a pessoa que mora distante, se não ela vem para a cidade e vai ser mais uma pessoa pobre inflando a pobreza nas grandes metrópoles brasileiras, que custa muito mais caro que levar o benefício até ela”, argumentou.
O presidente Lula defendeu a ampliação de programas como o ProUni e o Fies para abrir as portas da universidade e criar oportunidades para a população mais pobre. “Deixa esse povo entrar para a gente ver como vai ter um país altamente melhor do que tem hoje”, disse.
Autonomia universitária e nomeação de reitores
Lula afirmou ainda que, durante todo seu mandato, a autonomia das universidades será garantida, com a nomeação dos reitores escolhidos pela comunidade acadêmica, e que fará reuniões anuais para alinhar os compromissos. “Vocês terão o direito de ser responsáveis, porque quem é eleito para ser reitor deve ter responsabilidade com o dinheiro, com a administração e com o zelo da universidade”, pontuou.
Tanto Lula quanto o Ministro da Educação afirmaram que os reitores eleitos pela comunidade acadêmica serão respeitados. Segundo a Folha, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quebrou, em sua gestão, uma tradição de nomear o primeiro colocado de uma lista tríplice produzida pelas universidades após consulta à comunidade. O ex-presidente desconsiderou o mais votado em ao menos 40% das nomeações para reitor, segundo balanço feito até 2021.
O jornal afirma ainda que a quantidade de vezes que Bolsonaro desconsiderou o mais votado e as motivações políticas e ideológicas por trás dessas escolhas levaram docentes a apontar um ataque ao princípio constitucional da autonomia universitária. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por exemplo, a escolha de Carlos Bulhões, o terceiro colocado, foi anunciada com antecedência pelo deputado bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RS), explicitando a interferência política.
Imprensa Apufsc
Com informações da Agência Brasil, Folha de S. Paulo e Reitoria UFSC