Nesse momento, cabe a nós, como docentes, refletirmos sobre qual é nosso papel nesse assunto
Os quatro anos de governo Bolsonaro foram, como se sabe, lastimáveis em diversos sentidos. Mas chama particularmente atenção o desprezo à educação e à ciência, que se reflete em números. Em dezembro de 2022, no apagar das luzes desse governo que desde sempre se mostrou insensível ao que há de mais importante para a população, um novo golpe se revela: no dia 1°, R$ 344 milhões que haviam sido liberados para uso das universidades e institutos federais pelo Ministério da Educação (MEC) foram novamente bloqueados em poucas horas, antes que os recursos pudessem ser utilizados.
Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o novo bloqueio orçamentário atingiu R$ 7,9 milhões e o mais grave aconteceu. Se antes a gestão tentava negociar contas, economizar em serviços e manutenção, agora o corte impacta diretamente no pagamento de bolsas e no funcionamento do Restaurante Universitário, fundamentais para toda a comunidade acadêmica, mas especialmente para aquelas pessoas mais vulneráveis.
Em nota, a Reitoria da UFSC resumiu: o orçamento foi bloqueado e o recurso financeiro está indisponível. “Até o presente momento, a UFSC está impossibilitada de efetuar qualquer pagamento de seus compromissos já assumidos (empenhados)”. Em seu golpe final, Jair Bolsonaro (PL) inviabiliza o funcionamento de universidades e institutos federais em todo o Brasil.
O Brasil está parando porque foram priorizados interesses individuais em detrimento dos nacionais, redirecionando os recursos das áreas prioritárias como educação, saúde, segurança, Auxílio Brasil, para medidas eleitoreiras como o chamado “orçamento secreto”, que se confrontam diretamente com o tão propalado controle de gastos. Agora os cofres estão vazios, e aqueles que esvaziam suas gavetas deixam para trás a terra arrasada: nas universidades e institutos federais, nas residências de Medicina, nas bolsas da Capes e CNPq, na emissão de passaportes pela Polícia Federal, na aquisição de medicamentos, na manutenção de viaturas da Polícia Rodoviária Federal, podendo comprometer, inclusive, o pagamento de aposentadorias.
Nesse momento, cabe a nós, como docentes, refletirmos sobre qual é nosso papel nesse assunto.
O Proifes-Federação, entidade nacional à qual nosso sindicato é filiado, está orientando que os sindicatos federados ajuízem ações no Ministério Público Federal (MPF) contra os bloqueios de verbas. Reiteramos nosso compromisso com a classe docente e em defesa da universidade pública, e informamos que estamos analisando as medidas jurídicas possíveis.
Não são apenas os estudantes os mais prejudicados, somos também nós, trabalhadores dessas instituições. Os cortes demonstram o desprezo pela educação, pela ciência, pela pesquisa e também a nós como categoria.
Diretoria da Apufsc-Sindical